Capítulo 2

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  Não demora muito para chegar no porto, descemos da carruagem, os trabalhadores do porto pega nossas bagagens e coloca em um quarto com duas camas no convés do navio.

Nosso quarto não é muito grande, mas é confortável, duas camas, uma mesinha, um móvel de madeira com três gavetas, alguns vasos de flores e um banheiro com água para banho.

_ Ana que lugar lindinho, vou separar algumas roupas para usarmos durante a viagem, você quer algo específico?
_ Não, qualquer coisa serve,não sei se terei ânimo para participar do jantar.
_ E posso saber o porquê?
_ Talvez porque estou preste a casar com alguém que não conheço e nem mesmo estou apaixonada?

Minha amiga segura minhas mãos tentando me confortar e fala :

_ Ana você tem que entender que nós não casamos por amor, mas sim por conveniência.

Infelizmente suas palavras são verdadeiras , no contexto em que vivemos encontrar o amor é algo raro , normalmente casamentos são contratos entre famílias nada mais que isso .

_ Pode não ama-lo assim que lhe ver , mas com a convivência talvez aprenda a pelo menos gostar dele , é assim que funciona os casamentos.
_ Você está certa! Mas ainda assim não tenho vontade de sentar a mesa com ninguém.
_ Está bem não irei insistir , durante o horário do almoço Irei descansar  porque a noite quero conhecer muitas pessoas .
_ Pode ficar a vontade, não se preocupe comigo
_ Olha Ana eu realmente não irei lhe pressionar, sei que precisa passar um tempo só, então vou dá uma volta pelo navio.
_ E eu vou deitar um pouco.
_ Está bem , mas não pense besteiras.

Joana sai e me deito em minha cama , alguns minutos e me pego pensando sobre o sonho que tive, na verdade não fora exatamente um sonho, mas fragmentos de lembranças, lembranças essas que viraram feridas que insistem em não cicatrizar .

As lembranças de Alfonso são como um sonho distante mas ao mesmo tempo perto.
Não sei se serei capaz de esquecê-lo , o mesmo está gravado na minha alma e eu o amo tanto que chega a doer , foram tantos anos sem lhe ver , mas ele continua aqui em meu coração e sua lembrança me manteve viva e forte esperando o momento em que sairia do convento e correria para seus braços.
Infelizmente isso não será possível, cheguei em um momento em que já não tenho força para me manter firme, já não sou determinada como antes , talvez meu amor por ele seja impossível , infelizmente só me resta as recomendações e o bracelete que o mesmo me presenteou em meu aniversário.

Levanto-me vasculho minha mala a procura do bracelete, mas encontro os bolinhos de cacaú , coloco o mesmo em cima da cama e volto a procurar o bracelete, sacudo um vestido quando meu bracelete cai perto da porta , pego ele e o coloco .

Já de volta a cama com a caixa de bolinho e usando o bracelete começo a compara-los .

Amor ou conveniência?
Carinhoso ou rabugento?

Indago a mim mesma .

Posso até colocar em uma balança, mas a verdade é que não faço a mínima idéia de como será minha vida daqui para frente.
Cansada de me martirizar decido para de pensar tanto no passado como no futuro, simples levanto-me e caminho em direção a proa para deixar que o vento leve meus anseios, medos , inseguranças e preocupações.

O vento forte sopra em meus cabelos soltando a fita que estava prendendo os mesmos e eles voam junto com a brisa do mar, os mesmos são longos e avermelhados , confesso que quando criança me envergonhava por ter os cabelos diferente e até mesmo das sardas em meu rosto , todos me olhavam com olhares de curiosidade e isso sempre me causava insegurança , eu me sentia feia e muitas vezes uma aberração.
Muitas vezes meus pais foram questionados sobre o porquê eu ser tão diferente deles , minha mãe e irmã sempre tiveram os cabelos negros como a noite, pele clara mas sem sardas , olhos castanhos enquanto os meus eram verde esmeralda e essa era a única coisa que  eu tinha em comum com meu pai.

Ana Júlia de Aragón( com erros ortográficos e sem revisão )Where stories live. Discover now