Capítulo 13

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- Por favor, Remus. – Insistia Peter. Aqueles grandes olhos carentes, franzindo os lábios em tristeza. Em vão.

- É loucura. – Desviando da intimidação dos outros dois, mexia nos pequenos frascos de ingredientes sobre a quadrada mesa. O caldeirão ainda vazio, apesar de faltar poucos minutos para o término da atividade avaliativa. Ao contrário dos demais alunos concentrados, os amigos aparentavam ter assuntos mais urgentes. – Não posso. Desculpa.

- Eu tenho um livro muito interessante. – Sugeriu James, empurrando o "presente" recoberto por um negro papel para o amigo, o qual apenas maleou a cabeça em negativo, agradecendo educadamente. – Poxa, Moony.... Tudo que tem que fazer é jogar estas unhas de dragão dentro da poção do Ranhoso.

- James, - Estreitando os olhos, mantinha erguida a barreira da obstinação. – Eu não vou. – Apontando para o único em silêncio, o qual conspirava de esguelha contra o adversário. – Olha para o cabelo do Sirius. O Snape acabou com ele.

- Remus!

- Desculpe, Sirius. É a verdade.

- Eu sei que você adorou este cabelo. – Passando a mão na franja e jogando-a para trás, embora o ressecamento o mantivesse imóvel, vangloriou-se. – Combina mais com minha personalidade rebelde e teimosa.

- É diferente! – Continuou Peter, esvaía-se as últimas cartas da manga acerca qualquer chantagem emocional. – Ele confia, um pouco, em você.

- Ninguém sabe o que aqueles olhos obscuros estão pensando...

- Eu sei. – O sarcástico sorriso delineava o bonito rosto quase afogado entre os fios desgrenhados. Piscando para James, Sirius não dispensou a oportunidade. – E a recíproca é verdadeira, senhor Potter.

- Então, vá lá, senhor esperto. – Protestou James, quase furioso.

- Por que você não vai? – Deslizando uma barra de chocolate recoberta por um chamativo papel dourado sobre a madeira para o lincantropo, continuou. – Você só está irritado porque tem semanas que ele não te dar um oi, James. Sempre desaparecendo do mapa após o entardecer ou com os novos amiguinhos.... Suponho que alguém roubou seu afetuoso brinquedo...

James quase levantou pronto para arrancar o sorriso estúpido enfeitando o rosto do melhor amigo, quando Remus comentou maravilhado:

- Que chocolate incrível! Onde conseguiu, Sirius?

- Tenho muito mais em meu quarto...– Disse, erguendo a sobrancelha esquerda, pretensioso.

- Não vejo a hora de voltar para o dormitório.

- Todavia.... Meu caro, Lupin... – Virando-se de costas, espreitou o inimigo: Concentrado, meticulosamente cauteloso. Voltando para os demais, empurrou um lenço vermelho enrolado com o ingrediente para a contraparte, subornando-o. – Você precisa colocar estas unhas de dragão na poção do Ranhoso. Apenas isto e uma quantidade considerável deste "maravilhoso" chocolate será apenas sua... Além de outras coisas...

- Você está me chantageando?

- Eu jamais faria isto, Moony.... – Diante o olhar incrédulo, prosseguiu. - Você acha que alguém como eu, o magnífico Sirius Orion Black, faria algo como chantagem...? Todavia, em tempos de guerra, precisamos destruir - Fechando o punho para enfatizar o desafio, continuava convicto. - A onipotência do ranhoso. Isto é o início da ascensão do mal. Como o bem, não podemos deixar que ele ganhe todas... como vem ocorrendo nas últimas duas semanas.

- Sim. – Ressaltava James bastante entusiasmado. – O Snape está conspirando junto aquele professor de poções. Você não percebe?

- Oh, claro. – Afirmou, revirando os olhos em ironia.

- Eu tenho suspeita que eles estejam envolvidos com... – Peter arriscava receoso pela escolha das próximas palavras.

- "Asqueroso". "Imprestável". "Aberração do mundo bruxo.". "Seboso". "Comensal da morte Junior". – Enumerando aos dedos, os olhos dourados não compreendiam a estranha obsessão, uma vez que James sempre comentava como era insuportável dividir o mesmo ar. Deste modo, não deveria estar aliviado pela existência do Ranhoso limitada a algumas aulas? - Prongs, se eu não te conhecesse, diria que está com saudades...

- Não é isto! – Franzindo o cenho, indignado, não compreendia como alguém poderia retroceder diante a gravidade daquele problema. – Não está vendo? Pessoas desaparecendo, o Profeta noticiando o avançar do mal... Tudo que amamos logo estará destruído. Remus, não está conosco?

- Por isto, não podemos deixar que ele obtenha a nota máxima nesta atividade, Moony. – Insistia Sirius, diante o pensativo silêncio. Segredando o mantra, repetiu. – Lembre-se: O bem deve vencer.

- Mas ainda nem começamos.

- Foco, Remus. - Disse, retirando outra barra dourada da parte interna da capa, balançando-o de leve diante os olhos desejosos.

- Achei que não estivesse do lado deles, Sirius... – Embora resistisse, a forma como a luz amarela refletia na embalagem hipnotizava os olhos dourados.

- Ele vai jogar tudo na lareira se você não for. – Replicou o jovem de óculos, percebendo uma rachadura naquela indestrutível muralha. – E o cheiro daquilo que você perdeu vai impregnar o dormitório e não te deixar dormir por, no mínimo, três dias.

- É mentir...

- Eu vou. – Pegando as unhas, fechou no punho, determinado. Após arrancar o doce da mão do amigo e colocar no bolso, caminhou até onde o sonserino misturava concentrado a poção para nota. Piscando para os demais, assegurou quase convencido. – Aprendam com o profissional.

Solitária realeza. Travessuras marotasOnde histórias criam vida. Descubra agora