Estrelas Perdidas

Supernova

"Cada pessoa traz um universo dentro de si. Um universo com galáxias, planetas, estrelas, infinito em possibilidades e repleto de recantos desconhecidos... A cada dia podemos encontrar um novo mundo em nós mesmos." - Tathiana FSA.

Sabe quando tudo está dando certo demais? Tão certo que bate até um medinho? Pois é...

Os dias daquela semana foram quase um sonho. Muito melhores do que se eu fosse uma estrela cadente e estivesse voando por aí como cheguei a imaginar. Certo, fiquei bem desesperada com o Kaio querendo mostrar minha música para o Benjamin, mas nunca ia adivinhar que acabaria do modo como acabou.

Você pode estar se perguntando: "e qual era o problema dele ler?". Bem, não sei se você, amigo leitor já escreveu algum tipo de verso, mas os meus, geralmente, vêm carregados de tanto sentimento que são quase uma parte íntima de mim. E ler é diferente de ouvir algum canto solto ao acaso; na leitura você consegue analisar a mensagem com mais calma. Por mais que já estivesse desenvolvendo uma espécie de... crush em Benjamin, realmente não esperava que ao descobrir esse meu lado, ele reagisse daquela forma.

Mas ainda bem que reagiu. Não vou entrar em detalhes sobre as diferentes maneiras com que nos beijamos naquela semana; eu só sei que estava sendo muito bom. Inclusive descobri que já tínhamos vários shippers. Até Alex, que tinha motivos de sobra para estar mal-humorado, ficou um pouco mais contente ao ver a aura de ânimo que se apossou do irmão. E nossa, para quem chegou naquele dia sobrecarregado de problemas familiares, que ânimo!

— Acoooorda, povo, que hoje é dia de mostrar para o chefe quem que manda naquele mercado! Bora, Rita, os fregueses amaram te ver cantando e eu mais ainda. A gente pode ver até de tentar convencer meu gerente de novo a te contratar. Anda, Alex, vem também, seu professor não vai te assassinar se você faltar um dia! Podemos nos alegrar assim e ainda mandar um vídeo para o vovô até! Vejam que ideia genial eu tive! Vamos logo! Olhem só quem já está lá na janela nos chamando: Ô SOL, vê se não me esquece! E me iluminaaaa...

Não foi preciso conversar de novo com o chefe dele porque o gerente daquele restaurante da praça no centro me ligou um pouco antes de sairmos, dizendo que tinha perdido a balconista antiga e me ofereceu o emprego. Pedia que eu passasse lá à tarde, então, para aceitar os termos da contratação. Era bom demais para ser verdade! Desliguei o telefone eufórica, e assim que contei para os meninos, fui erguida no ar, ouvindo " Ype, ype... UHAA!" Daí, os dois idiotas me jogaram para cima. Brincadeira besta do caramba, eu sei, mas no momento eu só ria. Para alguém até então extremamente dependente, aquele era um grande passo. Não tinha vontade de ser rica, sabe? Só estar ali, com quem eu amava já era suficiente.

Dei um selinho em Benjamin de resposta, enquanto bagunçava os cabelos de Alex. Acabamos decidindo por seguir com o "programão" do mercado, de qualquer forma. Depois eu emendava no restaurante, já que não tinha consulta no hospital, aquele dia.

Confesso que apesar de ainda ter vergonha de cantar a música inteira, e bem, não ter nenhum instrumento apropriado, era bem legal ver as pessoas me ouvindo cantarolar e gostando. Quer dizer, eu ficava no meu canto, cumprimentando e falando quando dava com quem eu conhecia. O Benjamin que puxava pelo microfone:

— Ooolha o pão francês em promoção! Só noventa e nove centavos por quilo! O patrão enlouqueceu! Bora cantar para comemorar, meu povo!

E tacava o microfone em minha direção. Eu poderia recusar, mas sua empolgação era tão contagiante que quando via, já estava cantarolando. Também não sentia muita dificuldade em usar minha voz. Tinha a sensação de que fazia isso há décadas. Acabei não mandando somente os trechinhos explanados da minha música, como também alguns covers que alguns dos fregueses que passavam, começaram a me pedir: Ed Sheeran, Emma Stone, Zendaya, Luan Santana, Vitor Kley e até Miley Cyrus entraram na lista. Sorte que eu ouvia muito o radinho do apartamento e conhecia todas.