Capítulo 18

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Gwendolyn estava diante dos aposentos de sua mãe, com o braço levantado diante da porta grande de carvalho, ela agarrou a aldrava de ferro, hesitante. Lembrou-se da última vez que tinha visto sua mãe, de como tudo tinha sido tão ruim, lembrou-se das ameaças de ambos os lados. Ela lembrou-se que sua mãe tinha proibido que ela visse Thor novamente e lembrou-se de seu próprio voto de nunca mais ver a mãe outra vez. Ambas sempre tinham desejado fazer suas vontades a qualquer custo. Era assim que tinha sido sempre entre elas. Gwen sempre era a menina dos olhos de seu pai e isso tinha provocado a ira e o ciúmes de sua mãe.

Quando ela saiu do quarto de sua mãe naquele dia, Gwen tinha certeza de que ela nunca mais iria vê-la novamente. Gwen se considerava uma pessoa perdoadora, tolerante, mas ela também tinha seu orgulho. De certa forma, ela era como o seu pai. Uma vez que alguém ferisse seu orgulho, Gwen jamais falaria com essa pessoa de novo, em nenhuma circunstância.

E, no entanto, ali estava ela, segurando a fria aldrava de ferro, preparando-se para bater à porta e pedir permissão para falar com sua mãe e implorar por sua ajuda para libertar Kendrick da prisão. Encontrar-se naquela posição, vendo-se forçada a humilhar-se; a abordar a mãe; a falar com ela de novo; pior ainda, forçada a pedir-lhe ajuda, lhe causava muita vergonha. Era como se Gwen tivesse de admitir para sua mãe que ela havia vencido. Gwen sentia que estava rasgando-se em pedaços, e desejava que ela estivesse em qualquer lugar, menos ali. Se não fosse por Kendrick, ela nunca dedicaria um momento de seu tempo à mãe novamente.

Sem importar o que sua mãe dissesse, Gwen jamais mudaria de ideia com respeito a Thor. Porém, ela sabia que sua mãe nunca iria deixar passar isso em branco.

No entanto, desde a morte de seu pai, sua mãe tinha sido uma pessoa verdadeiramente diferente. Algo tinha acontecido dentro dela. Talvez tivesse sido um acidente vascular cerebral ou talvez fosse algo psicológico. Ela não tinha dirigido uma palavra a ninguém desde aquele dia fatídico e estava em um estado quase catatônico. Gwen não sabia o que esperar. Talvez sua mãe não fosse sequer capaz de falar com ela. Talvez tudo isso fosse uma perda de tempo.

Gwen sabia que deveria compadecer-se de sua mãe, mas apesar de si mesma, ela era incapaz de fazê-lo. A nova situação de sua mãe tinha sido conveniente para ela, finalmente agora Gwen estava fora de seu jugo. Finalmente, já não teria de viver com medo de toda a sua vingança. Antes que tudo isso acontecesse, Gwen tinha certeza de que começaria a sentir a pressão de todos os lados para nunca mais ver Thor outra vez e que seria obrigada a casar-se com algum cretino. Ela se perguntava se a morte de seu pai tinha realmente mudado sua mãe. Talvez a tivesse tornado mais humilde, também.

Gwen respirou fundo, levantou a aldrava e bateu à porta. Ela tentou pensar apenas em Kendrick, seu irmão, a quem ela tanto amava, apodrecendo lá longe, no calabouço.

Ela bateu a aldrava de ferro uma e outra vez e ela ecoou bem alto nos corredores vazios. Ela esperou por um tempo que pareceu uma eternidade, até que finalmente uma serva abriu a porta e a olhou com cautela. Era Hafold, a antiga enfermeira que tinha sido assistido sua mãe desde que Gwen conseguia se lembrar. Ela era mais velha do que o próprio Anel e olhava para Gwen com desaprovação. Ela era a pessoa mais leal a sua mãe que alguém pudesse conhecer e as duas eram como unha e carne.

"O que deseja?" Ela perguntou, com voz cortante.

"Eu estou aqui para ver minha mãe." Gwen respondeu.

Hafold olhou para ela com desaprovação.

"E por que iria querer fazer isso? Vossa Alteza sabe que sua mãe não deseja vê-la. Vossa Alteza deixou bem claro que não deseja vê-la, também."

Gwen olhou de volta para Hafold e era a sua vez de dar um olhar de desaprovação. Gwen estava sentindo a força de seu pai brotando dentro dela mais uma vez. Sentia cada vez menos tolerância para com toda aquela gente autoritária e arrogante que usava sua desaprovação sobre a geração mais jovem, como se fosse uma arma. O que lhes dava o direito de sentirem-se tão superiores, de reprovar tudo e todos?

Um Destino de DragõesDove le storie prendono vita. Scoprilo ora