Capítulo 29

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Antes do tão esperado ( e demorado, confesso eu kkk), capítulo, queria desejar um feliz ano novo a todos 🎇🎆🎉

Que esse ano que está apenas começando, venha repleto de paz, amor, saúde e muita felicidade!

Que Deus nos abençoe poderosamente, hoje e sempre!!

FELIZ 2019 💝😍

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Pedro

Permaneci ali sentado naquele corredor, pelo que pareceu horas, tendo a minha cabeça escondida pelos braços, que enlaçavam também minhas pernas e assim eu me mantinha encolhido, contendo dentro de mim as milhões perguntas que tinha e por mais que me esforçasse não conseguia entender o motivo da minha família ser alvo certeiro de tantas desgraças. Mal havíamos tempo de nos recuperar de uma e logo vinha outra, sempre abalando nossas estruturas e frustrando completamente nossos planos de enfim, sermos felizes.
Ouvi alguém pigarrear próximo a mim e me mantive imóvel, talvez assim a pessoa entenderia que tudo que eu não queria agora era conversar e menos ainda queria companhia. Porém, com a ausência do som de passos se afastando, supus que a pessoa, irritantemente insistente, ainda permanecia ali. Portanto, ergui a cabeça e suspirei incrédulo, ao notar que se tratava de uma criança que me olhava séria e como eu, não parecia estar nem um pouco disposta a ter aquela conversa, o que me fazia pensar o que ela poderia querer.

Notei também, que em seu pequeno pulso havia uma pulseira hospitalar, pouco parecida com a que eu ainda tinha no meu

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Notei também, que em seu pequeno pulso havia uma pulseira hospitalar, pouco parecida com a que eu ainda tinha no meu.
- Hã... - Comecei a dizer, voltando a encará-la - O que você quer?
E como se não tivesse me ouvido, ou tivesse escolhido ignorar minha pergunta, a menina continuou me olhando, as vezes me analisando da cabeça aos pés e eu estava facilitando seu trabalho, estando aqui sentado tão encolhido.
Decidi então, me por de pé e olhá-la de cima, lhe passando superioridade, ao menos foi o que eu pensei. Entretanto a anã zangada da Branca de Neve, continuava me encarando, com a postura ainda mais reta e o queixo agora erguido.
- Vai procurar sua mãe vai! - Gesticulei com as mãos e me virei para voltar até minha mãe que estava dopada no quarto que algumas horas atrás era meu, mas a menina suspirou e segurou-me pela mão, me fazendo parar e me virar, olhando-a com atenção - O que que foi agora?? - Me aproximei dela - Olha garota, se quer algo você precisa abrir a boca e falar... Você...sabe....falar? - Pela sua altura, posso deduzir que ela tinha por volta de 8 a 9 anos e é meio óbvio que sabia falar, mas não pude perder a oportunidade de lhe provocar.
- Você é amigo da Joana, certo? - Ela finalmente decidiu abrir a boca, porém o que me deixou irritado foi que ela estava com a expressão neutra, totalmente indiferente a minha provocação. Como é que essa baixinha, pode ser tão madura?
Ou melhor, como você pode ser tão infantil? Meu subconsciente me julgou e eu me contive para não revirar os olhos.
- Olha só quem perdeu a fala agora! - A menina agora me soltara e cruzava os braços diante do peito.
Ponto para ela! Minha mente hoje, estava definitivamente sobre mim.
- Por que quer saber? - Foi a minha vez de cruzar os braços e comecei a pensar que assim parecia ainda mais criança, discutindo no corredor com uma. Mas tão rápido quanto esse pensamento surgiu, eu o dispensei.
- Só acho que ela deve te ouvir... - Nesse momento vi a baixinha, mudar a expressão, para algo que passava perto de medo e tristeza.
- Como assim? - Impensavelmente me peguei baixando a guarda.
Então a menina, me olhou e depois lançou o olhar por cima dos ombros a umas cadeiras, que estavam ali próximas e assim seguiu para lá, me deixando sem escolha, a não ser ir atrás da mesma.
Nos colocamos sentados, lado a lado e ela olhava ao redor, e conforme as demais pessoas passavam perto de nós, ela abaixava a cabeça. Estranhei esse seu comportamento, mas relevei ao decidir que eu não mais tentaria decifrar esse enigma, que era essa menina.
- E então...? - Falei ao ver que ela não se pronunciaria e eu realmente precisava ver como minha mãe estava.
- Todas as quintas ela vem... - Sua voz se transformou num sussurro que somente eu poderia ouvir - Ela trata as outras crianças com muito amor e doçura, lê e brinca com todas elas... - Ela puxou o ar e mesmo um pouco afastado, eu jurava poder ouvir seu coração acelerado - Menos eu! Eu não sei o que é amor... Nunca recebi isso dos meus pais e nem de nenhuma enfermeira aqui, então por isso sou como eu sou! - Antes de prosseguir, me lançou um olhar, como se para se certificar de que eu estava ouvindo e compreendendo onde ela queria chegar e quando me viu assentir com a cabeça e com o olhar, ela continuou - Ela me mantém excluída das demais crianças e fala para elas que eu sou agressiva, aliás todos aqui falam essas coisas de mim... - A vi baixando a cabeça e um lágrima dolorosa escorreu de seus olhos - Dessa forma, quem vai querer ser meu amigo? - E num rompante de tristeza, ela se lançou nos meus braços e num abraço envolvendo minha cintura, chorou desconsolada.
Fui pego de surpresa com essa atitude, de uma criança que minutos atrás, me tratava como um tapado cabeça oca e tentava me intimidar como uma mulher adulta. Agora aqui estava, a mesma criança, enlaçada em minha cintura e chorando. Minha única atitude foi acariciar seus cabelos e o que houve a seguir me deixou ainda mais desconcertado. Ao menor toque meu, a menina se endireitou na cadeira e parecia pálida, com os olhos arregalados e o rosto banhado em lágrimas.
Ao notar meu espanto, ela secou sua face com as costas das mãos.
- Desculpe - pediu me olhando - Depois de alguns maus tratos, eu me tornei fechada para receber carinho! - Ela brincava com os dedos e baixou os olhos para eles - Talvez, todos tenham razão, eu mereço ficar isolada! - E então se levantou para ir embora, mais foi minha vez de segurá-la.
- Espera! - Ela me olhou amedrontada e talvez meio impaciente, não pude entender direito suas feições - Você disse maus tratos??
A menina então, respirou fundo e voltou a se aproximar de mim e olhando para os lados, ergueu a manga de seu vestido vermelho listrado e vi em seus braços diversas marcas, mais uma me chamou a atenção. Uma marca parecendo recente, de uma mão, em torno de seu pulso.
- Essa... - Apontei e a olhei nos olhos - Como aconteceu?
Ela então novamente se afastou e baixou a manga da blusa, percebi então que eu precisaria mostrar que ela poderia confiar em mim.
- Tudo bem! Olha - Me aproximei dela e segurei suas pequenas mãos, de modo firme que ela não pudesse recuar - Eu quero ser seu amigo, tá! Eu quero te ajudar, mais para isso você precisa me dizer tudo que sabe...
Ela pensou por breves segundos e então respirou fundo e soltou das minhas mãos.
- Foi ela! - Foi tudo que ela falou.
- Joana? Joana fez isso? - Perguntei, mas não obtive resposta, pois ela se virou e correu - Ei! - Chamei e a vi se virando para me olhar - Como você se chama?
A menininha que somente carecia de amor, revirou os olhos de maneira quase imperceptível, mas que não me passou despercebido, entretanto novamente relevei.
- Evellyne! - respondeu rapidamente e sumiu do meu campo de visão.
Esse nome ecoou em minha mente, dançando de alguma forma familiar, eu reconhecia aquele nome, mais infelizmente não me recordava de onde.
Caminhei de volta ao meu quarto, e vi minha mãe ali deitada, inconsciente. Me aproximei dela e tomei o lugar na cadeira ao lado, segurei firme em sua mão e senti aquele calor materno que me fazia pensar que tudo ficaria bem no final, aquela presença dela sempre me acalmava e me transmitia segurança. Levei sua mão até meus lábios e depositei um beijo demorado, e não pude conter as lágrimas.
- Mãe... Mãe, eu preciso da senhora! Somente a senhora sabe por em ordem a bagunça que se encontra dentro de mim, só a senhora me conhece tão bem a ponto de me dar os melhores conselhos!! Eu preciso ouvir sua voz, preciso do seu abraço de mãe! - Chorei ali diante dela, não sabendo mais o que fazer.
Me coloquei de pé e beijei o alto de sua cabeça, ajeitei a coberta sobre ela e notei que os médicos já haviam feito a ficha dela, pois uma pulseira como a minha estava pendendo em seu pulso e aquilo me dominou. A raiva começou a voltar a tona e eu caminhei até o banheiro do quarto, precisava urgente de um banho gelado.

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Depois de um banho demorado e enfim notar que meus ânimos já estavam mais acalmados, enrolei a toalha na cintura e fiquei parado diante do espelho e meu reflexo estava refletindo exatamente como eu me sentia por dentro. Confuso, destruído.
Me permiti fechar os olhos por alguns segundos e a presença da mulher dos meus sonhos invadiu meu subconsciente e mesmo ela não estando mesmo aqui, eu sentia toda a pureza e felicidade que emanava dela e me atingia em cheio. A mulher dos meus sonhos, a... Joana!
Abri os olhos num rompante e tudo que Evellyne me contou e me mostrou, me veio a tona e eu me peguei imaginando como alguém que se mostra tão doce comigo, pode ser tão fria e cruel a uma criança. Abri a torneira e toquei a água gélida, tentando de algum jeito, me deixar com os pés no chão, me deixar de alguma forma fixado na realidade enquanto minha mente percorria lugares e outros mundos atrás de uma explicação.

 Abri a torneira e toquei a água gélida, tentando de algum jeito, me deixar com os pés no chão, me deixar de alguma forma fixado na realidade enquanto minha mente percorria lugares e outros mundos atrás de uma explicação

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