Capítulo 4

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Mallu

Saio do banho e visto uma calça legging e uma blusinha branca larga, que escondia minhas gordurinhas. Coloco uma sapatilha, pego celular e dinheiro, e saio de casa.

Vou andando até a lanchonete, já que era perto e assim que chego, encontro as meninas sentadas em uma mesa, do lado de fora do local.

-Até que enfim! Pensei que não iria vir mais! -Julie diz.

-Liam, essa é a Mallu... Mallu, esse é o Liam. -Isabella nos apresenta.

-Lembra de mim? -Ele pergunta.

-Claro, minha dupla na aula de química... impossível esquecer. -Ele sorri. Liam mudou demais. Seus músculos estavam mais definidos, seu maxilar também. Seus cabelos continuaram o mesmo, loiro escuro. E pelo que parece, já não usava mais óculos. Ele estava bonito.

-Vão querer o que? -A garçonete pergunta. Eles fazem seu pedido e eu fico por último.
A verdade é que eu não estou com a mínima vontade de comer... eu sei que vou colocar tudo para fora mais tarde mesmo.

-O mesmo para ela, milkshake de chocolate e um hambúrguer com batatas. -Julie pede por mim. -E então? Como vai seu pai? -Ela pergunta a Liam, após a garçonete se afastar.

-Bem... anda bastante ocupado. Parece que as grávidas daqui aumentaram. -Ele diz e eu rio.

-Esse povo anda com muito fogo! -Digo rindo.

-Cuidado para não ficar grávida também! -Lia diz rindo junto comigo.

-Deus me livre! Ainda não! -Digo.

Logo nossos lanches chegam. E Eu não estava conseguindo comer, nada descia. E isso me irritava. Por que eu não podia ter um momento normal como todo mundo? Que inferno!

-Está tudo bem, Mallu? -Liam pergunta.

-Sim... só estou sem fome. -Minto.

-Como consegue? Eu sou magra de ruim, porque vivo comendo. É comida? Estou comendo! -Isabella diz bebendo seu milkshake.

-Estão vendo aquele cara? -Lia aponta para um garoto de costas. -O maior galinha, ficou comigo e no outro dia, saiu espalhando que fez sexo comigo.

Olho bem para o rapaz e tenho a sensação que já o conhecia... essa jaqueta... por que eu não me lembro?
Todas as minhas dúvidas vão embora quando ele se vira e olha na nossa direção.

-Mallu, fica tranquila. -Julie tenta me tranquilizar.

-Olha ela aí... só comendo né? Por isso está gorda desse jeito. -Pieter diz se aproximando.

-Como ainda tem coragem de vir aqui? Desgraçado! -Isabella eleva a voz.

-Tudo umas vadias mesmo! -Ele diz dando um sorriso de lado.

-O que você falou? -Liam se levanta, o pega pela gola da camisa.

-O nerd 'tá' corajoso agora... quem diria! -Debocha. -Aposto que a Mallu já deu 'pra' você né.

-Respeita a menina, caralho! -Liam da um soco no rosto de Pieter, que cai no chão.

-A gente se encontra por aí. -Ele sai com um sorriso sinico no rosto.

-Eu... vou para casa, não estou me sentindo bem. -Digo me levantando.

-Eu te levo... -Liam diz mas o interrompo.

-Não precisa, eu moro bem perto daqui.

-Por favor, me deixe te acompanhar... além do mais, está tarde. -Insiste.

Concordo. Me despeço das meninas e saio da lanchonete, acompanhada de Liam.

-Por que aquele cara, mexeu tanto com você? -Pergunta.

-Eu... não quero falar sobre isso. -Desvio do assunto e ele assente. -Onde está estudando agora?

-Em uma escola próximo ao Military Park. -Responde.

-Você namorou a Isabella... por que terminaram? -Pergunto.

-Você é muito curiosa sabia. -Rimos. -Não estava mais dando certo... não tinhamos mais química, nos damos melhor como amigos do que como namorados. Ainda a amo, só que como uma irmã... acho que chegamos.

-Sim... Obrigada pela companhia. -Agradeço.

-Seu sorriso já recompensa. -Ele diz com sorriso no rosto, e eu olho para o chão envergonhada. -Você fica linda com vergonha.

-Para com isso vai. -Empurro seu braço de leve. -Até logo.

-Até, loira.

-Quem era aquele ali fora com você? -Minha mãe pergunta assim que entro em casa, me assustando, já que ela estava sentada no escuro.

-Que susto mãe! -Coloco a mão no peito, tentando regularizar minha respiração.

-Quem era aquele ali fora com você? -Repete a pergunta.

-Era um amigo, mãe. Ele fez a gentileza de me trazer em casa. -Digo.

-Deixa de ser tola, menina! Se nem seu namorado te trazia, por que ele iria trazer? -Ela diz. -Estava parecendo uma vadia! Cheia de gracinhas para cima do garoto... se enxerga Mallu! Você não é nada! Escutou? Nada!

Vadia... era isso que ela pensava que eu era? A minha própria mãe, pesava que eu era uma vadia...

Subo para meu quarto e vou direto para o banheiro. Me olho no espelho e o único sentimento que sinto é pena. Pena por ser tão desprezível assim.
Lágrimas escorriam pelo meu rosto, por saber que minha mãe estava certa. Eu devia estar parecendo uma vadia mesmo... que menina que acabou de terminar, aceitaria a companhia de outro garoto?

Pego uma lâmina em cima da pia e começo a fazer cortes em meu pulso, afim de aliviar pelo menos um pouco da dor que eu sentia naquele momento.
Quando me dou conta do que estava fazendo, largo a lâmina, que cai no chão.

Não. Não. Não.

Como o Pieter me aceitaria de volta nesse estado? Ele me chamaria de maluca, certamente.

Me olho no espelho e percebo que o método que estava praticando já estava fazendo efeito no meu corpo.
Me abaixo na altura do vaso sanitário e coloco a mão na boca, até meus dedos chegarem ao ponto que eu queria. Me fazendo colocar para fora, o pouco que eu havia comido na lanchonete. Repito a ação mais duas vezes, até vomitar todas as minha refeições durante o dia.

A Cor dos Teus Olhos Where stories live. Discover now