Sinto orgulho de quem você é

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Pandora del Monaco:

Eu tinha seis anos quando coloquei um shoulder pad pela primeira vez. Lembro de como era desconfortável, pesava muito mais do que parecia nos jogadores da televisão. Meu pai não sorriu enquanto questionava ao dono da loja se aquilo iria mesmo me proteger do impacto em campo; não lembro dessa parte mas ele sempre diz que o vendedor riu um pouco naquele dia, dizendo que não era como se eu fosse receber alguma pancada, já que nunca entraria num campo pra apanhar. Talvez eu deva ser grata por aquele cara, já que por causa daquele comentário Joel, mesmo odiando tanto football comprou meu primeiro equipamento e me matriculou na escolinha que até eu, era restrita para garotos querendo ser futuros campeões na NFL.

Aos dez eu era a melhor na escolinha. O recorde de touchdowns no campeonato local era meu e ninguém arremessava como eu com tanta precisão. O treinador disse um dia pro meu pai que eu era uma estrela em ascensão, e mesmo eu não sabendo o que isso significava na época, quis acreditar que queria dizer que eu teria chance de ser eu na TV aos domingos, erguendo uma taça um dia. Meu pai nunca me desmotivou, mas isso não levaria muito tempo para ser desfeito por outras pessoas.

Aos doze alguém me falou que era impossível uma garota disputar entre os homens. Que o impacto de verdade me partiria ao meio e por mais velozes que fossem minhas pernas isso nunca seria o suficiente. Naquela vez, em meio ao meu primeiro teste pro time do fundamental, eu não tinha Joel pra me defender. Mas eu me sentia forte por detrás daquela proteção toda, e eu sabia que poderia ultrapassá-los e provar que suas palavras eram uma mentira.

Aos quatorze eu descobri que podia armar jogadas, ser estrela no time ao lado do meu melhor amigo e fazer os Dayton disputarem partidas incríveis apesar de todas as dúvidas. Tive um time que me apoiasse, pela primeira vez e mesmo cometendo erros repetidamente, fui incentivada a continuar até o fim.

Entretanto, agora, não era assim que as coisas deveriam acabar. Não com a proteção novamente, como aos seis, pesando mais do que eu posso suportar, já que então:

Aos dezesseis eu sou quarterback numa final do campeonato do ensino médio e me sinto sozinha.

– Espero que saiba o que está fazendo – Maxon me diz, mais baixo, terminando de me ajudar a puxar a camisa para baixo, quebrando as regras, tem um 89 bem desenhado nela. Somos os últimos no vestiário, O treinador parece estar tendo uma conversa no meio do campo com o restante do time, e sei bem que tipo de conversa deve ser. Nunca fui vista pra essa posição, nem mesmo por mim. Ontem a noite, sozinha, também tive essa conversa comigo mesma. E agora espero que meus colegas sejam tão confiantes quanto eu fui em me aceitar na liderança. – Porque eu sei, e estou apoiando.

– Fala sério? – Não posso evitar o sorriso quando me viro. Max dá de ombros, sem expressar tanta empolgação quanto eu.

– Não é como se eu nunca tivesse pensado nisso – Ele olha para além da porta, esperando eu juntar minhas coisas – Só que antes... Não sei se nem mesmo você aceitaria.

– Eu não aceitaria. – Digo ligeiro.

– Meu avô costumava me falar, quando eu era bem mais novo, que nós não poderíamos escolher ser o quarterback, que a posição era responsável por nos escolher. Pra alguns acontecia cedo, pra outros um pouco mais tarde. E pra uns, Pan, acontecia numa necessidade – Ele me alcança a bola que está perto dele. Eu seguro por um momento, sentindo-a espessa nos meus dedos. Pela primeira vez, não vou ter ela por muito tempo em campo; mas serei responsável por onde ela irá terminar e por isso, parece que magicamente ela ganhou quilos a mais.

– Acha que eles vão entender isso?

– Se essa sua cabeça dura entendeu, qualquer pessoa entende. – Faz graça e eu empurro seu ombro, sem muito impacto pelo meu tamanho quando passo em sua frente e volto para o gramado. Sinto quando ele me acompanha. Eu deveria ter uma postura diferente? Se preciso, não faço. Caminho devagar, sem ter certeza se posso atrapalhar o que Hayes está fazendo. Max me puxa antes de chegarmos mais perto. – Ele disse que chama quando terminar.

Como Não Se Apaixonar Por Um QuarterbackWhere stories live. Discover now