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19 de março, 2019.

Bem, alguns dias atrás eu disse pra vocês que eu nunca tinha sofrido assédio de alguém e nem nada relacionado... Sinto informar, eu menti. Não foi abuso sexual não, mas foi assédio. E se não quiserem, pulem esse capítulo, porque vou dizer como foi essa experiência que tem a audácia de me lembrar que aconteceu.

Eu não sabia exatamente, mas acho que isso teve início na vez em que fui passar um final de semana na casa da minha tia, como normalmente eu fazia com meu irmão, mas dessa vez eu fui sozinha. Meus primos não estavam em casa, estavam na casa da minha outra tia ou no pai, não me lembro.

Minha tia me chamou pra ir com ela pra uma festa junina que aconteceria no mesmo dia, ela me mandou ir ao salão para fazer uma escova no cabelo, quando eu voltei ela já tinha saído pra ir no mesmo salão fazer o cabelo. O marido dela me viu chegar e me elogiou, achei aquilo normal, que mal há em um elogio? Ele disse que tinha ficado bom e que eu estava linda, tudo bem, certo? Eu não estranhei nada. Minha tia se arrumou e nós fomos, ele me acompanhou sempre com as mãos nas minhas costas. E fomos buscar meus primos, um era filho dele e o outro ia com a mãe, o pai e a irmã no carro deles. 

Enquanto minha tia foi na casa do meu primo esperar a mãe dele, eu fiquei com o marido dela, e o filho no carro dele, ele não falou muito, mas eu estava entretida com o filho dele, eu tinha 13 anos.

Aí o marido dela puxou assunto comigo, me pediu pra ter mais postura e disse que como eu já tinha peitos, eu deveria cuidar mais da postura ou eu ficaria corcunda, ele mencionou uma prima dele e me mostrou a foto dela e realmente, ela era corcunda. Ele simplesmente colocou as mãos acima do meu peito e nas minhas costas para me endireitar, fiquei incomodada, mas não disse nada. Tentei me distrair com o filho dele de novo. 

A segunda vez foi mais demonstrativa.Eu percebi mais.Eu consegui entender.
Foi ano passado, entre setembro e outubro, na época do dia das crianças que teve um feriadão.

Era um dia desse feriadão, de tarde. Minha tia tinha ido na casa da minha bisavó pra fazer empadinha com minha outra tia. Os filhos dela tinham saído também. Eu estava com uma calça um pouco justa de dormir e um blusão. 

Ele tava no quarto dele e meu irmão estava brincando no quintal, eu estava lendo na sala no colchão que dormimos, ele foi pra sala e puxou assunto comigo. 

Eu me endireitei e conversei, aí ele me puxou pra um abraço e eu fui. Errei em fazer isso.

Meu coração disparou, eu sabia que havia algo errado, mas não sabia o que.

Ele me abraçou e seu pênis, que estava numa cirola, provavelmente sem cueca, roçou na minha barriga. Eu sei que ele sentiu. Beijou minha cabeça, eu me soltei tentando me afastar e voltar a ler. 

Ele falou mais duas ou três frases e me abraçou de novo, a mesma coisa, o pênis dele roçou no meu peito dessa vez. Tive vontade de cortar fora, de chorar e gritar. Me beijou duas vezes e eu consegui me soltar. 

Ele foi no quarto. Aproveitei pra subir em cima da casa, nunca segurei o choro com tanta vontade. Mas ele subiu, então eu desci de novo. E tomei um banho, eu estava me sentindo uma imunda. Eu estava com a cabeça longe, e esqueci minha calcinha lavada no registro do chuveiro, ele entrou logo depois e me entregou a calcinha dizendo que eu esqueci. Eu joguei fora, porque me lembrava do que ele tinha feito.

Teve outra vez que ele me chamou pra assistir filme no quarto, eu fui, de boa, meus primos estavam na sala e eu nem pensei na possibilidade de acontecer algo.

Eu tava sentada na cadeira e ele na cama, ele estava falando comigo sobre como as meninas eram muito assediadas e estupradas, e no meio de todo esse assunto, ele encostou na minha intimidade. Eu estava de short e disse que eu deveria usar um cinto de castidade. Eu disse que precisava ir ao banheiro e saí.

E foi isso, o que aconteceu. Essa parte da minha vida que quero esquecer. 

Até a próxima, ou não, quem decide é você.




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