human or machines

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— Esse lugar é insano... — Kihyun estava maravilhado com o que via em sua volta, todas aquelas luzes coloridas perto dos seus olhos e música para todos os lados — Eu não sabia que haviam lugares como esse em Synthwave.

Changkyun estava segurando o pulso de Kihyun enquanto o guiava pelos becos desconhecidos do subúrbio futurista da cidade luz mais famosa do país. Os dois haviam saído da festa depois da subjetiva conversa que tiveram debruçados nas grades de proteção do terraço, e agora estavam se perdendo na imensidão de cores, sons e telas digitais de uma área não muito famosa mas bem apreciada por quem a conhecia.

Todos os tipos de pessoas circulando por ali, sozinhas ou acompanhadas, com seus olhares e bizarrices que estavam mostrando um mundo novo fora do perímetro da Offworld para Yoo Kihyun. Seu telefone super fino já apitava em seu bolso, exibindo notificações que detectavam que seus batimentos cardíacos estavam acelerados — é claro, estava assustado e maravilhado ao mesmo tempo com a experiência. Ignorou completamente os avisos querendo aproveitar e analisar o máximo de como era a sensação de se fazer algo novo e tão desconhecido.

Já Changkyun era acostumado com a região e o jeito das pessoas e Androides dali. Há muito tempo que era um classe C beirando o C+, convivendo com as mais variadas falhas e sensações que os classe B ou A jamais conheceriam. As pessoas tinham medo daquela região, mas Chang sabia que eles acolhiam quem realmente precisava e aceitavam os fatores que o tornavam ele mesmo, sejam membros robóticos ou sonhos supostamente grandiosos e não capazes de se tornar realidade.

Ver Kihyun tão maravilhado em estar lá, observando as lojinhas simples e os diversos prostíbulos espalhados pelas ruelas com Androides dançando sobre vitrines iluminadas, deixava um sorriso formar-se no rosto de Changkyun. Era divertido mostrar um novo mundo para aquele cara, mesmo sendo alguns anos mais velho, que por dentro entendia muito bem ele. Mentalmente estava tentando justificar sua atitude impulsiva de trazer um classe A em meio a uma região tão desprotegida, mas ele tinha seu propósito.

Demoraram um pouco na caminhada até chegarem no mesmo prédio abandonado de mais cedo, onde se localizava a moradia de alguns mendigos e a oficina secreta de Changkyun. Desceram as escadas e chegaram em frente a cortina de plástico, foi quando o Im finalmente largou o pulso do Yoo — ficando um tanto envergonhado após perceber que estava segurando-o por tanto tempo — e a abriu revelando sua oficina iluminada por cabos de led cor de rosa grudados nas paredes.

— Você realmente consegue trabalhar nesse lugar? Quero dizer, ele é tão escuro. Essas luzes rosa parecem mais enfeites — Kihyun disse, agindo observador como era. Mesmo ligeiramente arrependido por soar tão intrometido nas coisas do outro.

— Com o tempo seus olhos se acostumam, além disso as mesas digitais vivem fazendo luz também — Changkyun não parecia tão incomodado pelo comentário. Infiltrou-se em seu emaranhado de peças pelo chão e mesas digitais desligadas, até chegar perto de um amontoado coberto por um lençol meio sujo — Venha até aqui.

Kihyun obedeceu ao ver os gestos com as mãos que o outro fazia ao chamar-lhe. Caminhou apressado e com medo de acabar quebrando algumas das peças espalhadas pelo local, mas acabou cumprindo a missão com sucesso e parou ao lado dele.

— Então, o que você queria tanto me mostrar para me trazer até aqui? Sabe, abandonamos um bela festa... — Kihyun disse com um bico nos lábios, logo não resistindo acabou rindo. Observou o amontoado que estava na frente dos dois— Espero que não seja nada erótico, já não bastam os anúncios de sites adultos toda vez que eu vou comprar materiais online.

— Era exatamente o que eu ia te mostrar agora! D-Digo, não a coisa erótica  — Changkyun coçou a nuca um tanto sem graça. Esticou o braço e com uma das mãos puxou o lençol e o jogou para o canto, revelando o que estava escondido.

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