Lui I

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Por Lucca;

— Até. — despedi-me da psicóloga que, provavelmente, está inconformada com mais uma sessão sem progresso.

Alcancei meu carro em frente à clínica, partindo em direção à casa da família Martinelli, e, durante todo o trajeto me condenei por não ter dito de uma vez que preciso somente de remédios para dormir.

Mas a questão é: e se ela me questionar o porquê de eu não conseguir dormir? É óbvio que ela perguntaria, afinal, é trabalho deles cuidar da saúde mental dos pacientes e, para isso, ela precisaria de motivos.

Sempre que ela perguntava sobre o que eu precisava, eu me via em meio ao dilema de sempre "Poderia eu revelar que sou de uma família mafiosa? Ou que tenho sérios problemas com minha mãe que insiste em me cobrar uma família?".

Não. Eu não poderia, não devia e não iria revelar.

Eu precisava, na verdade, era de uma boa estória assim como disse Pietro, mas ainda não havia pensado em nada.

Parei assim que cheguei, aguardando os portões se abrirem e assim que passei por eles pude ver a senhora Giordana parada em meio ao jardim.

— Eu fico tão feliz quando vocês marcam essas reuniões, só assim posso ver meu adorado filho.

Buonasera. — respondo, passando por ela que me seguiu de imediato.

— E então, alguma noiva?

— Não.

— Namoradinhas?

— Não.

— Você não pega nenhuma prostituta?

— Humpf.

Mama, deixe-o em paz. — Giovani intrometeu-se — Lucca é um homem de negócios. Ao menos é o que acho, não é mesmo?

Encarei Giovani que estava parado em minha frente olhando-me de forma suspeita, como se fosse me atacar a qualquer momento.

— Mas não deixa de ser homem, sim?

— Que bom ver você, irmão! — ouvi Paola dizer, levantando-se do sofá que ocupava.

— Não tenho tempo para reuniões de família. Vamos ao que interessa. — respondi, sendo acompanhado por Giovani.

Continuei meu caminho até o escritório ignorando o drama feito por minha mãe e os braços abertos de Paola que, com certeza, viria me abraçar. Chegando ao cômodo pude notar a presença de Pietro, Francesco, Enzo e Felippo em quem, automaticamente, senti vontade de bater.

— Agora que todos estão todos aqui podemos iniciar. — o patriarca pronunciou.

— Hoje estão chegando dois amigos da família vindos dos Estados Unidos, eles vão nos apresentar um mostruário de carros e fechar negócios conosco. Querem fazer uma parceria.

— Quais seriam os negócios? — perguntei, notei que Giovani continuava a me observar de forma séria e fazia questão de demonstrar isto a todos.

— Eles querem negociar uma quantidade de carregamento de azeite, a família Martini trabalha com o ramo alimentício em Chicago, e precisam de algo aparentemente valioso para justificar o dinheiro da família.

Geralmente fazemos todos os tipos de negócios, estendemos a mão para os nossos companheiros, conseguimos fazer tudo que está ao nosso alcance agindo como uma verdadeira família, e como em todas, lealdade e respeito é o que conta.

— Os Lombardis trabalham com azeite próximo a região da Cecília. Podemos intermediar com o pessoal da Martini e encontrar um preço que garanta o consenso. Pietro, você fala com o Gian Carlo. — Pietro assentiu. Ele é cunhado do do chefe dos Lombardis e isso não seria difícil para ele, nossa família tem um bom relacionamento com todos os lombardis. — Vamos ao balanço da semana. Iniciaremos por você, Felippo, como anda o seu território?

Divã (Concluída)Where stories live. Discover now