Antonella II

4K 484 134
                                    

4K, não acreditamos nisso! Muito obrigada a vocês lindas❤️

Por Antonella;

Sempre achei muito importante não misturar os problemas pessoais com os profissionais. Eu evitava ao máximo que isso acontecesse, mas recentemente eu não tenho tido muito sucesso.

É vergonhoso admitir, mas estou sendo bastante incompetente nesses últimos dias.

Não è a minha culpa. Olho para o meu braço roxo, um grande hematoma graças a mão de Mateo qual me apertou e não pude fazer nada. Eu sempre soube que ele era explosivo, mas não sabia que isso iria acabar contra mim. Agressões verbais, agressões físicas, não sei responder qual é a pior, ele me humilhou de todas as maneiras.

Estou apavorada, eu deixei isso tudo ir longe demais.

Eu aconselharia a qualquer uma de minhas pacientes numa situação como essa a denunciar o agressor, no entanto, agora entendo quando elas me relatam que tem medo. Não sei o quão sórdido Mateo pode ser e tentar fazer algo pior. A minha arma no porta luvas do carro, de nada serviu e o que eu faria?

Me sinto inútil.

Eu já tinha me preocupado muito com Mateo, caso que eu julgava ser sério, mas isso quase não influenciava no meu dia a dia, bem diferente da minha atual situação com Lucca.

Não há um dia em que eu não pense "nele" e isso tem me atrapalhado nas consultas com outros pacientes que não tem nada a ver com meus infortúnios, e que mereciam toda minha atenção quando estavam comigo.

E como se soubesse da confusão mental que estava me causando, ele voltou até mim como prometido. Me irritei instantaneamente quando o vi atravessar a porta do consultório, tanto a ponto de agir de forma grosseira, mesmo que ele não fosse totalmente culpado.

Eu o vi sair desapontado e naquele mesmo dia eu peguei o único número para contato que encontrei em sua ficha de cadastro, para ironicamente me desculpar.

Parece que entrei em um looping de problemas desde o dia em que ele me poupou do show de Mateo, e agora quando não estou tentando afastá-lo estou me martirizando por ser tão rude.

- Droga. - murmurei, percebendo que apertava o gatilho de uma pistola descarregada.

Meus treinos também não foram poupados da minha desordem mental.

- Mio dio, Antonella. - Karin riu enquanto eu trocava o pente da arma. - Você pode ser boa em não falar as coisas, mas é péssima em esconder quando algo te perturba.

- Está tudo sob controle. - disse mais para me convencer do que para convencê-la.

Ela riu novamente, movendo o indicador para os lados.

- Eu sei que não, porque a primeira coisa que é afetada com isso é a sua mira. - meus olhos acompanham Karin apontar para frente onde estavam nossos alvos. - Viu só? Você errou tudo.

Suspiro frustrada ao notar os furos longe do centro do alvo onde eu deveria acertar.

- Só estou um pouco pensativa... - comecei, erguendo meu braço direito e mirando novamente na direção, para atirar e errar mais uma vez. - Ou talvez esteja confusa.

Fazia muito tempo que eu não me sentia assim, desconcentrada, sem resposta para minhas dúvidas, sem saber o que fazer. Fazia tempo também que eu não procurava Chiara para desabafar.

Sua postura em sempre passar confiança era o que mais me motivava ir até ela, mas suas palavras não soaram tão esclarecedoras para mim. Ou talvez tenha sido, mas não me permiti realmente entender, porque toda vez que minha mente via sentido em tentar algo com Lucca, eu automaticamente lembrava que ele era meu paciente e que aquilo fugia dos meus princípios.

Divã (Concluída)Where stories live. Discover now