It illuminates all of my doubts

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Silvia endireitou as costas e abriu a tampa de outra caixa de sapatos. Estava nisso havia algumas horas desde que tinha chegado de Los Angeles naquela manhã, ainda não tinha visto o marido ou nenhuma das duas filhas estava em casa — Annie dormia desde tinha chegado em casa, a pequena estava exausta da viagem —. Tirando o conteúdo de patreleiras e armários, examinando e empilhando novamente, arrumando com uma eficiência medonha, ainda que não soubesse o real motivo de ter começado aquela pequena faxina. Redescobriu cartas, álbuns fotográficos de sua infância que a mostrava com uma maria-chiquinha e uma boneca em suas braços, ela sorriu. Abriu outra caixa de sapato e encontrou mais cartas, pegou uma delas e reconheceu a letra de imediato, era de Jorge e nem se lembrava de já ter visto aquela carta.

"Minha querida.

São 4 da manhã e meu pensamento não consegue sair do seu rosto quando te vi pela última vez ontem a noite. Você estava tão linda sobre a luz do luar, seus olhos verdes sorriam de uma forma que eu não saberia explicar... Eu não saberia explicar muita das coisas que eu sinto por você, como o meu amor que causa tantas coisas em mim; ele me causa confusão e dor, e me causa alegria eufórica e paz profunda, porém o mais importante, ele faz surgir a minha mais profunda admiração e respeito por alguém sem ser a minha mãe — espero que você esteja rindo agora, pelo fato de eu sempre citar minha mãe em todas as minhas, desculpe por isso —.

Eu estou aqui pensando na noite em que te acompanhei até o sue carro, estava chovendo e você tinha esquecido seu guarda-chuva, eu ainda não tinha falado com você, mesmo que meus olhos te perseguissem todos os dias pelo Campus da universidade. Você chegou ao meu lado e perguntou se eu poderia te acompanhar até seu carro e eu não fazia ideia de como te responder, senti que as minhas pernas estavam derretendo. Ontem a noite quando estava chovendo e eu te acompanhei até em casa, quando você me beijou antes de entrar em casa eu também sentir que as minha pernas estavam derretendo, acho que sinto isso todas as vezes que te beijo..."

- Vou começar a passar aspirador se não for incomodar a senhora.

Silvia teve um pequeno sobressalto ao escutar a voz de Bridget. Ela colocou a carta no bolsa da sua calça e fechou a caixa que tinha aberto, a guardando antes de ficar em pé.

- Não, não vai me incomodar - ela passou os olhos pelo quarto, não sabia o que estava procurando - é... Alguma das minhas filha chegou?

- As duas, a Samantha está na quarto e a Alyssa no escritório do senhor Salinas.

A castanha assentiu e caminhou até o closet, enquanto a mulher ligava o aspirador. Ela abriu o cofre e guardou a carta que estava lendo dentro dele. Então saiu do quarto e caminhou até o quarto da filha do meio. Silvia arqueou uma das sobrancelhas ao ver a filha deitada no chão chorando, assim que notou a presença da mãe a garota logo arrumou sua postura limpando suas lágrimas.

- O que aconteceu?! - Silvia perguntou preocupada se aproximando da filha que deu um passo a pra trás de afastando da mãe.

- Nada - ela virou o rosto - eu não sabia que a senhora tinha chegado - Sam disse tentando mudar de assunto.

- Cheguei faz algumas horas, aconteceu algo na sua escola?

- Nada, não aconteceu nada.

- Então você estava chorando por nada? - ela perguntou - vem aqui - ela segurou a mão da filha e a puxou para um abraço - você sabe que pode me contar tudo, ok? Não precisa me esconder as coisas.

- Eu estou com vergonha - ela murmurou.

- Vergonha de que?

- Não quero falar.

I miss youDonde viven las historias. Descúbrelo ahora