Pull me in, hold me tight

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Jorge passou o trajeto de carro até o hospital com os olhos marejados de lágrimas. O percurso durava quase duas horas e ele não queria desmoronar na frente da esposa, que estava ao seu lado acariciando seus cabelos. Mesmo com a crise em seu casamento os afastando, ele sabia que ela estaria ao seu lado em qualquer momento que tivesse relação com a sua mãe, Norma e Silvia sempre foram muito amigas. Quando chegaram ao ponto socorro do hospital o empresário lembrou da primeira vez que tivera naquele lugar, um ano atrás quando o seu pai faleceu. Um nó se formou em sua garganta e um medo que tudo se repetisse o invadiu fazendo que uma lágrima descer por seu rosto. O ar recendia a amônia e antisséptico e as luzes frias davam à sala de espera lotada um brilho opaco, bancos de metal forradas com vinil margeavam as paredes e se estendiam em fileiras pelo meio da sala. A maioria estava ocupada por grupos de três ou quatro pessoas que conversavam em voz baixa e uma fila de gente aguardando para preencher formulários ia até o outro lado do balcão da recepção.

Camila e seu marido estavam juntos a porta, ela estava pálida e aflita, Gusttavo a abraçava tentando a consolar, o que deixou o empresário ainda mais nervoso, assim que viu o irmão Camila caminhou até ele o abraçando.

- O que aconteceu com a mamãe? - Jorge perguntou beijando o rosto da irmã, Silvia se manteve um pouco distante.

- Eu não sei ao certo, pelo que me falaram a enfermeira encontrou ela no chão perto do lago - a jovem que se parecia com o irmão disse com uma voz embargada - estou com tanto medo Jorge.

Então ela desabou nos braços do irmão, chorando de forma compulsiva, ambos tinham um medo enorme de perder a mãe, principalmente com tão pouco tempo da morte do pai.

- Você acha que eles me deixariam ver ela?

- Não sei, as enfermeiras daqui disseram para aguardarmos o Dr. Brodow vir falar conosco.

- Ok, então vamos ficar calmos certo? - Jorge disse caminhando com a irmã para que ela sentasse - a mamãe vai ficar bem.

- Eu não sei Jorge... Ela não tem estado bem desde a morte do papai, eu queria que você estivesse mais com a gente.

O empresário sentiu um nó no estômago e seus olhos pararam sobre a esposa que os observava de longe. Será que ele tinha falhado com a irmã e a mãe também?! Jorge se perguntou enquanto sentia seus olhos se encherem de lágrimas. O tempo ia passando de forma lenta, com os minutos se arrastando. Silvia sentou afastada do marido e da cunhada, por mais que quisesse está mais perto deles, a castanha sabia que Jorge não gostava de ninguém por perto quando estava triste, e ela respeitava isso — pelo menos até que ela achasse que estava na hora de intervir — sabia que ele precisaria dela mais tarde, mas agora era o momento dele com a irmã.

A castanha virou o rosto para a recepção e percebeu que só tinha as enfermeiras lá, nenhum parente de paciente rodeava o local, então ela levantou sem ser percebida e caminhou até lá.

- Esta precisando de ajuda? - a enfermeira perguntou com uma voz cansada.

- Sim - respondeu a castanha - eu queria saber se a senhora teria alguma informação sobre Norma Salinas, ela chegou de ambulância cerca de uma algumas horas atrás.

- O medico já veio falar com você?

- Ainda não, mas estamos todos aqui e estávamos muito abalados - ela olhou para o marido e a cunhada e o olhar da enfermagem a seguiu.

- Não se preocupe, tenho certeza que o médico já está vindo falar com vocês.

- Ok, mas será que a senhora não tem um jeito de descobrir quando nós vamos poder vê-la? Ou se ela está bem? Nós realmente não sabemos como ela chegou aqui ao hospital.

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