Prólogo.

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 Eu, Ohana Torres, sou somente uma mera admiradora da banda britânica Queen. A conheci através dos meus queridos responsáveis que possuem todos os seus álbuns, e sempre que têm tempo os tocam na vitrola, isso desde a minha infância. 

 Atualmente tenho vinte e cinco anos, formada em artes cênicas admitindo que amo a minha profissão; apesar de haver complicações. Jamais estreei um filme ou apareci na televisão, porém faço teatros arrecadando o meu próprio salário. Obviamente não é muito, mas o suficiente para me manter de pé. 

 A minha especialidade são os cativantes musicais. Aprecio a sensação dos outros me observando cantarolar e dançar, aprecio os seus aplausos e comemoro os seus elogios. É como se reconhecessem o que nasci para ser: uma espetacular estrela. 

 Nesse mesmo instante me preparava para atuar, a peça se chamava '' ópera, o lamento. '' Narrava a história de um casal, cujo se separaram por um horrível acidente de carro: a mulher morreu, o marido expressava melancolia a sua dor por ter-lhe perdido, desejando-a ter de volta ou que o Deus piedoso retirasse a sua vida; assim ele se juntaria à sua amada. No final o pobre homem se suicidava. 

 -Você irá brilhar, querida. — Eddard comentou dando-me um tímido beijo, ele melhor que ninguém compreendia o quão eu estava nervosa. 

 O trabalho que iria executar exigia o melhor de mim, afinal de contas era a primeira vez que cantava esse estilo de música. Meu timbre sonoro era enrouquecido, então obviamente isso dificultava, contudo, tinha treinado todos os dias durante dois meses para atingir o agudo perfeito; ainda mais sendo um dos personagens principais. Admito que sou perfeccionista ao extremo. 

 -Não me sinto confiante, mas obrigada por tentar me acalmar. — Comentei abraçando-lhe, o amava justamente por isso: por sempre me encorajar a enfrentar os meus desafios. 

 -O seu esforço durante todo esse tempo valerá a pena, não fique angustiada em relação à sua belíssima voz. Confie em si mesma. 

 Classificava a minha autoestima como invejável, no entanto, hoje estava com uma sensação que alguma coisa iria acontecer. O pior é que eu não era capaz de distinguir quanto boa ou ruim, o meu coração palpitava acelerado. 

 -Preparados ou não, o show começará agora. — Foi o produtor Franklin Martínez quem comentou, enquanto abrira a porta do meu camarim chamando a vossa atenção para o homem. 

 A sua expressão facial tão pouco era a melhor, o americano por toda sua vida foi de poucas amizades. Nós nos levantamos das cadeiras que estavam à frente da penteadeira. Eddard deu-me a mão então abandonamos o ambiente, caminhamos até o palco com as suas cortinas ainda fechadas. Excitação e pânico corroíam as minhas veias, porém tentei acalmar-me respirando e inspirando com lentidão, justamente para não esquecer as falas. 

 Rapidamente foquei em nossas extravagantes vestimentas, era a moda dos anos quarenta: trajava um belíssimo vestido azulado com bolinhas brancas para interpretar Emmanuelle Carpentier, a francesa que morreu; já Edd vestia um formal uniforme de polícia, o homem seria um personagem secundário. Ópera, o lamento contava com a presença de cinco pessoas, e o ator Eric Griffin seria o meu marido. 

 Rezei um pai nosso em minha mente pedindo proteção a todos, a minha religião era o catolicismo e eu herdava o costume de fazer minhas preces antes das peças. Após cinco minutos as luzes acenderam-se e as cortinas abriram-se... era o momento de enfrentar os meus demônios internos. [...] 

 Havia sido uma hora de tamanho sucesso impressionante, o público tinha sido numeroso e descobrimos que todos os ingressos foram comprados. Fui capaz de fazer os outros emocionarem-se e gargalharem hora ou outra, um drama sem comparação. Sentia-me a melhor atriz desse mundo! 

 -Meus sinceros parabéns Ohana, você incendiou o palco! — Eric comentou, enquanto voltávamos para os nossos respectivos camarins. 

 -Muitíssimo obrigada Griffin, a sua atuação também não foi nada mal. 

 Tranquei o local logo despindo-me, botando o mesmo traje que usava quando vim para o teatro; retirei a excessiva maquiagem com demaquilante. Ajeitei os meus cabelos castanhos e coloquei os meus velhos óculos de grau, sim, eu sou míope. Quando estava quase saindo atentei batidas na porta, como já estava vestida abri-a deparando-me com um indivíduo que nunca tinha visto em minha vida.

 -Olá linda, como está? Precisamos conversar a respeito de uma certa coisa, acho que irá gostar.

O espetáculo do amor.Where stories live. Discover now