Compras!

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 Encontrava-me escolhendo as melhores peças de roupas na loja mais luxuosa do meu bairro. Se me imaginava visita-la? Nunca! Afinal de contas, a minha renda nunca fora exuberante. Portanto a vida é assim: prega-nos peças quando menos esperamos.

 Vesti-as no provador, particularmente fazia a questão das mesmas serem decotadas e provocantes, por me recordar das palavras de Roger: ''—Não se importa em vestir roupas curtas, certo babe?''

 É, tão pouco me importava com o dinheiro, até porque o gratificante salário que iriam dar-me era mais que o suficiente para cobrir os meus gastos. Apenas passei o cartão de crédito com um sorriso nos lábios.

 Após 03h30 abandonei o estabelecimento com onze peças nas sacolas, cujo dera quatrocentos reais. No meu estado de espírito comum, eu definiria esse preço quanto uma insanidade. Eles que decidissem por qual delas vestiria no videoclipe (a não ser que me mandassem atuar de biquíni, aí a minha pessoa teria feito compras sem necessidade).

 Já que o Volkswagen Fusca permanecera em casa, retorno a pé. A distância é de quinze minutos, e consequentemente a caminhada exercitara o meu corpo.

 Ao adentrar o meu quartinho acomodo as compras no guarda-roupas, então alcanço um livro na minha estante empoeirada: ''O sol é para todos''; a polêmica história discute sobre o racimo e injustiça.

 Definitivamente adoro comentar a respeito disso, porque é inexplicável a sociedade odiar-se por características irrelevantes, quanto a etnia (ou crença, condição sexual, classe financeira, etc.) Não é simplesmente mais fácil vivermos em harmonia?

[...]

 —OHANA, A SUA CASA 'TÁ PEGANDO FOGO! — Um berro que expressava pânico me despertou, saltei desesperada quando o meu cérebro processou a informação.

 Eddard lá estava gargalhando da minha reação escandalosa, com as suas mãos na barriga. Automaticamente comecei a dar-lhe tapas, xingando-o por todos os palavrões possíveis.

 —I love u too, sweet. — 'Edd comentou me dando um confortável abraço, que me acalmou com facilidade. —Eu sei que você acabou de acordar, mas trouxe o nosso jantar. Vá se arrumar para nós comermos, certo?

 Não, nós não vivemos na mesma residência. Entretanto, Eddard possui uma cópia da minha chave, assim como tenho a dele.

 Desferi-me para o toilette com uma necessaire, roupas íntimas e um básico vestidinho alaranjado em minhas mãos. No banheiro despi-me e tomei um rápido banho, ao finalizar me ajeitei e direcionei-me para a cozinha.

 Acima da mesa há um strogonoff aparentemente saboroso de brócolis e champignon, já que o namorado é vegetariano. Também se encontra uma jarra de suco de melancia, o que me fizera salivar.

 Pus-me ao seu lado animada para lhe informar a respeito de como tinha ocorrido o encontro com o baterista, todos os mínimos detalhes. Então, enquanto colocava a refeição em meu prato, comecei a narrar. 

[...]

 —Wow, 'Hana! Você teve uma estrela dando em cima de você? — Questionou Eddard, estranhando-se com o acontecimento. O Williams se encontrava adorável com os seus fios de cabelos bagunçados.

 —Yes, my love, e eu quase cedi aos seus encantos. — Lhe respondi sarcasticamente, o suficiente para fazê-lo vir atrás de mim me fazer cócegas.

 —Quantas vezes tenho que avisar-te para não me irritar? Sua menina-sem-jeito.

 Eu histericamente gargalhava, ao mesmo tempo que me esforçava a criar forças para implorar-lhe parar. Eddard conhece o meu ponto fraco, e isso definitivamente não é justo.

 De repente, o homem cessou; óbvio que agradeci aos céus por isso. 'Edd me encarou de forma apaixonada, aproximando o seu belíssimo rosto do meu, fazendo com que os nossos lábios se selassem em um beijo dócil.

 —Aquele 'bateristasinho é capaz de fazer o seu coração acelerar assim quanto eu faço?

 Eddard é um ser tão magnífico, com as suas penetrantes órbitas esverdeadas e os seus fios arruivados. No entanto, não somente a sua aparência física é atraente, o irlandês também herda uma personalidade deveras encantadora; um verdadeiro príncipe de contos de fadas. Sinto-me a mulher mais feliz desse mundo, e entendo que sou merecedora desse título.

 —Sou completamente apaixonada por você, têm entendimento disso, certo? — Abobalhada, pronunciei as minhas palavras

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 —Sou completamente apaixonada por você, têm entendimento disso, certo? — Abobalhada, pronunciei as minhas palavras. Consequentemente arranquei um sorriso do Williams.

 —... e mesmo assim prefere aquele loirinho sem-graça.

 É perceptível que o homem está enciumado, portanto descartei esse mero detalhe e escapou-me um riso. Considero fofo tê-lo nesse estado.

 —My love, please shut your mouth.

[...]

 A minha história romântica se parece à outra qualquer, portanto com mínimas diferenças: me apaixonei no ensino médio, o meu famoso primeiro amor de adolescência. Fora um ruivo com sardas que fizera-me perder a cabeça.

 Na época, Eddard Williams só desejava correr atrás das meninas. Mas, para lhe dar equilíbrio, o rapaz era um bom-aluno tirando boas notas nas matérias. Enfim, a característica que mais me despertou atenção no mesmo foi a sua excepcional apreciação musical, curtindo jazz e música clássica (o rapazinho cantarolava na sala às vezes, era conhecido como o cantor da nossa turma).

 Quando cursei artes cênicas mantinha-me lhe amando, já Eddard se encaminhou para o curso de arquitetura. Claramente não era para os nossos caminhos cruzarem-se outra vez, porém o irlandês mudou-se para o mesmo bairro que eu ainda vivo; então, notei que fosse um aviso do destino para aproximar-me (sou altamente supersticiosa, não me julgue).

 Me recordo que a nossa primeira conversa descontraída ocorreu num supermercado. Simplesmente me apresentei, comentando que caso quisesse alguém para mostrar-lhe o quarteirão, eu lá morava a minha vida inteira. O outro aceitara meu convite, através dos tempos nós criamos uma boa amizade... que aos poucos se transformou em amor.

 que aos poucos se transformou em amor

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O espetáculo do amor.Where stories live. Discover now