Capítulo 31

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— quer que eu te leve pra casa? — a última coisa que ele queria era sua casa

Jimin ficava pensando em como era egoísta por ter deixado sua mãe, que acabou de descobrir que seu companheiro não era fiel a ela, sozinha em casa. É que tudo se comparava ao passado, num estalar de dedos tudo desmoronou. Os sorrisos murcharam, o brilho de alegria se transformou em um completo pretume. Ele viu tudo. Não queria ver novamente

— não quero ir pra cara — negou Jimin

— quer vir pra minha casa? — por mais estranho que possa parecer, essa frase saiu com a intenção mais inocente possível da frase

Jungkook sentiu como se as varias borboletas que brincavam pelo seu estômago, tivessem todas subido para o coração e as anteninhas adoráveis delas tivessem se transformado em finas agulhas que cutucavam seu órgão cardíaco. Apenas sentia que precisava cuidar do garoto para assim as borboletinhas pudessem voltar a sua barriga. Mas Jimin queria apenas andar, ele precisava ver coisas diferentes, ver pessoas diferentes

— não eu...eu só quero caminhar um pouco

— eu posso te fazer companhia? — nesse momento, Jeon estava se estranhando. Como assim era ele quem estava correndo atrás de Jimin? Não era pra ser o contrário? Bem...mais uma prova de que estava apaixonado pelo pequeno

— claro. Obrigado — como Jimin recusaria? Ele queria ficar sozinho até então mas era Jeon Jungkook que estava ali todo solicito. Mais uma prova de que não era só uma ficada e acabou como pensou ser a tanto tempo. Mas disso ele já sabia desde que disse a si mesmo "eu quero de novo"

Os dois caminharam em silêncio até chegarem na praia. Não era muito longe mas também não era perto. Às vezes esbarravam de leve em algumas pessoas mas praticamente nem sentiam, sentiam apenas a presença um do outro. As mãos não estavam interligadas mas se roçavam como se quisessem tê-las juntas mas nenhum tivesse coragem para, de fato? Segurar a mão do outro. Mas Jimin não aguentou isso por muito tempo, deu a mão à Jeon que aceitou de bom grado agradecendo a Deus por Jimin ter tido a coragem de fazê-lo. Se dependesse de Jeon não andariam assim nunca. Não porque ele não queria mas por causa da timidez. Que ironia, um homem adulto de vinte e quatro anos  completamente tímido perto de um menino de dezesseis anos. A verdade era que Jimin o intimidava, com exceção de momentos específicos

Jungkook riu baixo e sozinho por notar que a diferença de proporção entre as mãos entrelaçadas era grande então Jimin tinha mais dificuldade pra continuar com sua mão na de Jungkook, que por outro lado se sentia completamente confortável com a posição. O mais esquisito é que apesar dessas pequenas dificuldades e essa grande diferença de tamanho entre as mãos, elas pareciam se encaixar perfeitamente. A mão de Jungkook com a de Jimin. É que apensar de ser bem menor, a mão do Park cabia perfeitamente na de Jeon e a de Jeon protegeria Jimin de tudo, não só a mão mas o corpo todo de Jungkook trabalharia pra livrar Jimin de qualquer perigo

Quando eles chegaram à beira do mar, onde podia-se sentir a água nos pés descalços dos dois, eles cessaram a caminhada. Poderiam continuar andando pela praia mas, naquele momento, só queriam deixar as borboletas fazerem festa a vontade

— quer me contar o que está acontecendo com você? — Jeon perguntou, acabando com o silêncio

— não quero, mas talvez eu deva — e se dividindo todo o medo, ficasse menos ruim?

— me conte quando quiser, vou estar aqui

De repente aquela frase lembrou Jimin de algo. Lembrou do quarto esperou pela mensagem que nunca chegou, talvez fosse o assunto perfeito pra tirar o foco do problema em casa

— eu esperei por sua mensagem — declarou Jimin

— você quer que eu te explique ou que apenas te escute?

— me conte porque não mandou

— estava tão ocupado com os processos do divórcio que não tenho mais tempo pra nada

— mas está aqui, agora

— eu não deveria. Vou me encrencar mas ficar aqui é melhor doque negociar uma casa de campo

— você precisa ir?

— preciso

— não vai, não

— não vou a lugar algum — Jimin deitou a cabeça no ombro de Jungkook, enquanto tinha sua cintura envolvida pelo braço do maior

Ficaram ali por alguns minutos mas juraram ser apenas alguns segundos. O tempo passava muito rápido quando estavam juntos, isso pode ser psicologicamente explicado. Quando fazemos algo que gostamos, ou Lemos algo que gostamos, ou conversamos com pessoas que gostamos, temos a nítida impressão do tempo passando rapidamente. Já quando estamos em uma situação maçante a impressão que temos é de lentidão nos relógios. Ficar com Jungkook não era nem algo que Jimin gostava, ele amava, assim as horas eram ainda mais corridas. Pois é, ele amava. Era recíproco. Mas nenhum dos dois ousavam admitir aos outros e a si mesmos

Os grãos de areia voavam levemente com o vento fraco, o mesmo vento que fazia possível pra limpar um pouco dos pensamentos ruins de Jimin. Os sopros da natureza tinham o auxílio de Jungkook. Eles estavam conseguindo o que tanto queriam. Na água tinham pequenos peixinhos pulando pra fora, dando o ar da graça pra quem admirava. Até mesmo aqueles peixinhos estavam trabalhando duro pra ajudar na tarefa complicada de Jungkook e do fresco vento

Quando Jungkook viu Jimin sorrindo bobo olhando os peixinhos brincarem de viver, ele só pensou em como precisava ver aquilo todo dia o dia todo. E os passarinhos? Ah eles estavam fazendo show só para o Jimin, tudo bem...ele sabia que não era só pra ele e que eles não estavam se apresentando, mas se sentia ainda melhor em pensar que era. As ondas que quebravam forte cantavam uma musica gostosa e tranquila. Naquela tarde, tudo parecia ter sido só para Jimin e Jeon

Mais um sinal da natureza e os dois se encontravam com fome. O sorriso bobinho de Jimin cedeu seu lugar no rosto suave para um riso. Achou graça do barulho confuso que indicava fome saído da barriga de Jungkook, mas quebrou a cara ou também terá eu estômago pedindo por alimento e foi a vez de Jeon rir

— quer comer em algum lugar por aqui? — perguntou Jeon

— hmm... — se pôs a pensar por um momento — não. Quero que cozinhe pra mim — mas é claro que queria

— então vamos — sorriu para o garoto que devolveu o gesto com outro igual

Hey prof... hey baby...Onde histórias criam vida. Descubra agora