CAPÍTULO 3

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O barulho da campainha me acordou causando uma leve dor de cabeça. Levantei cambaleando para abrir a porta.

— Oi, amiga. — Ingrid estava com fisionomia de poucos amigos.

— Ah, não! Esqueci de você no aeroporto! — lamentei sob seu olhar matador. — Me desculpe? — implorei pela milésima vez desde que Ingrid adentrou o quarto.

— Eu disse às 9 horas. Fiquei esperando durante duas horas dentro daquele aeroporto. — bufou deitada de bruços sobre a cama.

— Mas agora está tudo bem, estamos juntas e devemos aproveitar. Desculpe? — ajoelhei próximo de onde ela podia ver, fazendo carinha de menino pidão.

— Peça um café da manhã atrasado e então penso em algo para você se redimir. — levantou-se, semicerrando os olhos com a mão no queixo. — E outra, vai exigir que o gerente desse hotel demita aquele funcionário ridículo que não estava acreditando que eu era sua amiga e barrou minha entrada. Tive que seduzir um dos seguranças para ter acesso a esse andar.

— Você já chega criando confusão. Como é o funcio... — Não tive tempo de terminar a pergunta, a campainha tocou novamente. — Já percebi que hoje as coisas serão agitadas.

— Esse é o funcionário louco. Diga a ele que sou sua amiga e o demita. — Ingrid reconheceu e exigiu autoritária assim que abri a porta e Felipe deu o prazer de sua presença.

— Então você conhece mesmo essa louca? — entrou sem ao menos pedir licença.

— Louca é a senhora... — corri até Ingrid, colocando minha mão em sua boca e a impedindo de falar asneiras.

— Parem os dois! — gritei, atraindo a atenção. — Calem a boca e me digam o que aconteceu para estarem estressados assim? — arrumei duas cadeiras uma ao lado da outra, forçando os dois a se assentarem.

— Felipe comece, por favor? — Ingrid arregalou os olhos com a expressão que diz: "vai ouvir primeiro esse aí? É sério?". Ignorando sua fisionomia, fixei a atenção em Felipe, prestes a começar a sua versão do ocorrido.

— Estava conversando com o gerente e então sua amiga chegou exigindo que a entrada dela fosse liberada para seu quarto. Sendo que a mesma não sabia nem o andar que você está e muito menos o  número do quarto. Liguei várias vezes para o telefone daqui e você não atendeu. Pedi para que aguardasse, pois eu mesmo após terminar de resolver a questão com o gerente, viria acordá-la. Supus que estava cansada de ontem, mas a bendita aqui do lado não entendeu e começou a fazer uma confusão dizendo que a estava desrespeitando e que queria subir de qualquer jeito agindo de forma grosseira na frente dos meus funcionários, isso não admito. Deixei essa senhora enlouquecendo sozinha e fui resolver o que tinha para resolver, no entanto, quando voltei, ela já tinha conseguido subir sem autorização.

— Ingrid? — questionei. Ela levantou dando de ombros, indo até a porta do cômodo onde ficava a cama, fechando a porta com o sorriso malévolo.

Ele Nunca EsqueceuOnde histórias criam vida. Descubra agora