Sua alma deixou o corpo vagando pelo limbo de dois mundos, sua mente só lembrava de momentos felizes com o amor de sua vida, até o silencio se fez, era macabro, um silêncio maligno, e depois o som daquele monstro saindo dela e gargalhando feliz.
Ela não abriu os olhos, porém o cheiro ruim de rum barato e o som da risada, ela sabia quem era. Rasgada de tal forma no corpo e na alma, ela se levantou, olhou para ele se aproximou, pegou dele algo que ele não esperava e a escuridão se fez para os dois naquela noite de lua alta. A escuridão de corpo e alma, ele como de joelhos olhava para ela em sua frente nua e sangrando o canto da boca, ela tirou a vida dele, e depois a dela em uma ato de vergonha, medo e raiva.
...
Anos depois.
- Amor, que linda está essa noite! – o homem sorria para a linda esposa.
- Fala isso porque me amas, meu querido! – ela fala com ele de forma carinhosa.
- Vem, vamos nos atrasar para o evento. – ele esticou o braço para alcançar a mão dela.
- Sabe que detesto ir a esses eventos com você! – ele beijou a mão e depois a face dela.
- Eu sei, e onde mais posso exibir minha jovem esposa linda. – ela não gostou do que ouviu.
- Sou seu troféu, não é?
- Meu melhor troféu, e sabe que a exibirei sempre e quando isso me for conveniente.
- Vamos, chegaremos atrasados. – ela saiu na frente dele. Ele respirou fundo e colocou sua cadeira de rodas em movimento atrás dela.
Era um evento como outro qualquer para a Família Mendoza, Vicente desfilava com seu troféu ao lado. Eduardo entrou com a mãe, era mais novo que Vicente, quase da mesma idade que a esposa do irmão.
- Boa noite Diana, como vai. - Eduardo sorria para a loira e linda mulher que estava com seu amigo de infância.
Era a festa de boas vindas ao casal Vicente e Inês Mendoza, depois de quase 10 anos fora do país eles voltavam às raízes.
Vicente era um empreendedor visionário, conseguiu alavancar a fortuna da família investido em tudo que podia, até que em um acidente de carro perdeu os movimentos das pernas, e sua enfermeira se tornou sua esposa.
Inês entrou nos EUA, clandestinamente, juntou o dinheiro que podia para deixar Juarez, saiu na calada da noite, tinha uma missão de deixar uma Inês ingênua e frágil morta, e nunca mais deixar se enganar pela fragilidade do amor. Depois que conseguiu estudar e ter seu visto americano, se tornou uma das mais brilhantes médicas ortopedistas, dona de uma das melhores clínicas de próteses e tratamentos ortopédicos graves, mas teve que voltar ao lugar que a viu sangrar.
- Oi pequena o que faz aqui sozinha. – Inês sorria para Cassandra.
- Esperando minha mamãe. – era linda de olhos castanhos e sorriso largo.
- E onde está sua mamãe? – a menina apontou e viu Eduardo, seu cunhado falando com a mulher e um homem de porte másculo, mesmo de costas Inês reconheceu, era ele o homem que um dia ela entregou seu coração e sua alma.
Inês caminhou altiva para perto de Vicente que olhava para a reação dela, pois sabia quem eram todos naquele salão.
- Preciso sair daqui, estou me sentindo sufocada!
- Eu te proíbo, vamos falar com todos, inclusive com ele.
- Assim como sabe do que me doi, eu sei onde te ferir, e se me colocar nesse tipo de situação, sabe do que sou capaz Vicente, não me teste.
Vicente olhou para Inês e logo saíram do salão, ela entrou no carro, o motorista a olhou e Vicente assentiu, ele levaria somente Inês para casa, e depois voltaria para pegar Vicente.
Mesmo depois de anos, sempre era a rotina de Vicente, levar Inês em festa mostrando o seu troféu, um dia depois que Inês fora deixada em casa, Vicente voltou para uma festa particular, regada de bebida e mulheres. Mas ele não ficaria ali, saiu da festa em outro carro, foi até uma casa de jogos e lá jogou a noite toda até perdeu tudo.
- Vai pagar o que me deve aleijado.
- Falei que tenho dinheiro, mas não aqui.
- Não quero saber, desce dessa cadeira que deve valer uns bons trocados. – o homem cambaleava.
- Se eu lhe der a cadeira como vou buscar o dinheiro seu imbecil. – pronto era a gota para o jogador que acabara de ganhar a mão no poker.
Ele sacou a arma e atirou em Vicente, o mesmo ficou ali naquela rua até uma jovem que passava de carro o viu caído da cadeira e rastejando pelo chão, ela chamou a polícia e a ambulância. Mas já era tarde para Vicente, ele veio a óbito.
...
Depois do velório do marido, Inês voltou para sua casa em Boston, não queria ficar no México, até porque a sogra iria atormentar sua vida, depois da leitura do testamento, Bernarda ficou com alguns bens do filho, porém quase tudo foi para Inês e o filho do casal Alejandro.
Que nunca estava presente, pois as brigas com o pai eram constantes, e preferiu morar na Europa, o mais distante que podia do pai. Mas naquele momento estava presente no velório, enterro e na despedida final.
Inês e o filho se davam bem, e depois do ocorrido resolveu voltar para casa.
- Mãe, estou de volta.
- Alê, meu amor que bom que voltou.
- Não só voltei como quero trabalhar com você na clínica.
- Isso que eu chamo de um grande retorno.
...
Momento atual.
- Dra Huerta temos uma emergência no PS, não temos plantonista disponível.
- Estou indo, me informe do caso enquanto descemos.
- Uma jovem, cerca de 20 anos, acidente de carro, um segundo veículo cruzou o sinal vermelho e colidiu direto no carro da jovem.
- Estado?
- Estável, mas a Dra Rorish disse que a senhora deve examinar.
- Ok, deixe o CS de sobreaviso, quero minha equipe de prontidão. – Inês chega ao PS e encontra seu braço direito atuando, Raul Salander, ou Mama como era chamado por Inês e Malaya Rorish, ele era o chefe dos enfermeiros o mais experiente do Pronto Socorro. – Mama o que temos aqui?
- Papa, temos uma colisão frontal com descolamento de clavícula e fraturas no rádio. – ele olhou para Inês, ele a chama de papa ou daddy.
- Inês o pai dela chegou a pouco! – Raul olhou para Inês, ela deveria fazer o reporte à família.
- Faço os exames toxicológicos, rx, tomo e depois subo para o Centro Cirúrgico para avaliação.
Inês caminhou até a sala de espera, respirou fundo e entrou, olhou para todos ali, pelos trajes era uma festa de gala onde estavam.
- Familiar de Cassandra Santos. – ela olhou e não acreditou no que viu, ele se virou e caminhou em sua direção.
- Victoriano Santos, pai de Cassandra....- ele olhou novamente e negou com a cabeça como se olhasse um fantasma. – Inês é você?
- Dra Huerta, médica de sua filha....
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Ensina-me a lidar com isso!📖✅
FanfictionPor vergonha, medo e amor eles se afastaram. Mas agora precisam aprender a lidar com tudo e um com o outro. Capas, montagens de fotos by @gıza_ramal