Capítulo III | Alex

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Estava sentada esperando J'onn para a nossa pequena reunião marcada. O meu adiantamento de dez minutos e as pernas inquietas revelavam o meu nervosismo.

A responsabilidade de ser a nova chefe da D.E.O é muito maior do que eu pensava. Amo o que eu faço, mas não posso negar que chega a ser um pouco cansativo de vez em quando.

Eu queria causar uma boa impressão apesar de J’onn ter deixado claro que eu era perfeita para ocupar o seu cargo. J'onn tinha me ligado na tarde anterior avisando que queria ter uma pequena conversa comigo sobre algo muito importante. Pelo tom da sua voz no celular era algo sério.

— Estou atrasado?

Virei a minha cabeça para trás em direção a voz. J'onn estava calmo em frente a porta se direcionado para sentar-se na minha frente.

— Não, cheguei alguns minutos adiantada — respondi.

J'onn concordou com a cabeça sentando-se na cadeira.

— Como vão as coisas no D.E.O?

— Vão bem. Nada de muito anormal — suspirei — Isso me preocupa.

— Te preocupa? — indagou J'onn surpreso.

— Sim, parece que alguma coisa ruim vai acontecer a qualquer momento.

— Entendo. Estamos tão acostumados com algum vilão tentando dominar o mundo que nem nos lembramos mais como é ter uma vida normal.

Fui direta ao assunto:

— Então… O que é que você queria me falar? — perguntei temendo a sua resposta.

— Não fique nervosa Alex — J'onn deu um leve sorriso para mim. — Não é nada muito preocupante.

— Você disse que era algo extremamente importante.

— E é, mas não preocupante . Apenas um acordo que eu fiz antes de me ausentar do D.E.O.

— Acordo? — comecei a ficar curiosa.

J'onn suspirou.

— É um acordo com outro planeta, um de seus habitantes irá aterrissar aqui e ficará no D.E.O.

— Aterrissar aqui? Porquê?

— É sigiloso.

— Sigiloso? Eu deveria saber, sou a diretora do D.E.O agora — minha voz começou a se elevar.

— Eu sei Alex — disse J'onn calmamente — Mas o acordo foi claro que apenas eu deveria saber o motivo, ele foi feito antes mesmo de eu cogitar de você tomar o meu lugar.

Não havia gostado muito desse acordo e eu deixei isso bem claro com a minha expressão. J'onn parecia estranho, como se não quisesse tocar no assunto e acabar com aquela pequena reunião o mais rápido possível.

— Pode me dizer pelo menos, o nome do planeta?

Com certa relutância, J'onn me respondeu.

— É o planeta Asturio.

— Nunca ouvi falar.

— É um planeta pequeno, não é muito conhecido.

— E quando está previsto para esse indivíduo aterrissar aqui? — perguntei um pouco impaciente.

J'onn colocou a mão no bolso esquerdo do seu casaco preto procurando por algo. Tirou de lá um papel escrito.

— Está aqui tudo o que você precisa saber — J'onn colocou o papel sobre a mesa e eu imediatamente o peguei.

Li tudo muito rapidamente.

— Mas dia vinte e seis de março é amanhã! — exclamei indignada — Como irei conseguir arrumar um quarto em tão pouco tempo? — disse relendo todas as coisas exigidas. — O que uma menina de dez anos tem de tão importante assim?

J'onn não respondeu nenhuma das minhas perguntas de indignação. Ele parecia distante.

— Por que não me avisou antes? Por que...

Antes mesmo de eu poder protestar de mais alguma coisa, J'onn se levantou e tocou delicadamente no meu ombro.

— Sei que irá conseguir.

E saiu sem dizer mais nada.

Bufei olhando o papel. Se eu tivesse os poderes de Supergirl com certeza ele já estaria em chamas ou algo do tipo.

Que tipo de planeta se chama “Asturio?”. E por que essa tal menina tem que ficar na D.E.O?

Me levantei depois de algum tempo. Não poderia ficar sentada de cara emburrada por um estúpido acordo. Tinha muito trabalho a ser feito a ter a chegada dessa menina misteriosa.

Conversei com Brainy a respeito do planeta Asturio, e para a minha surpresa e a dele, ele não sabia de quase nada. Apenas que as pessoas que habitavam o planeta eram chamadas de asturianos e tinham a habilidade de falar qualquer língua. Bom, pelo menos vamos poder nos comunicar tranquilamente.

Tive a ideia de transformar um dos quartos hospitalares da enfermaria em um quarto normal para uma menina de dez anos. Para um dia antes de sua chegada, as coisas estavam ficando muito boas.

A parede continuava branca, mas a maioria dos objetos eram de cores amarelas. Me certifiquei de que a cama fosse confortável e coloquei alguns bichinhos de pelúcia.

Três guardas ficariam do lado de fora como vigias e havia câmeras de segurança em todos os corredores. Pensei muito sobre colocar câmeras no quarto, mas decidi que seria melhor a menina ter um pouco de privacidade.Apesar de ser apenas uma criança, não sabia os motivos dela estar vindo para a Terra, portanto, todo cuidado era necessário.

Avisei de sua chegada para todos os trabalhadores do D.E.O para já estarem preparados.De acordo com o papel que J'onn me deu, era para ela chegar às onze e meia da manhã em ponto.

Enquanto ajudava alguns funcionários a montar o guarda roupa, meu celular tocou.

— Alô?

— Oi Alex — era Sam.

— Ah, oi — senti as minhas bochechas ficarem quentes — Desculpe, não vi que era você me ligando.

— Tudo bem. Muito trabalho?

— É, tipo isso.

Um longo silêncio se fez.

— Então, hum, — disse Sam — Ruby está sentindo muito a sua falta.

Eu sorri.

— Eu também estou com saudades dela.

— Só dela? — perguntou Sam.

Não esperava a pergunta repentina de Sam, fiquei nervosa imediatamente. Eu estava sentindo a sua falta?

— Como vai Metrópolis? — tentei mudar de assunto.

— Muito bem, mas sinto falta de National City e acho que Ruby também sente. Afinal, Ruby está insistindo que eu ligue para você todos os dias. Não dei o seu número para ela porque sei que irá te incomodar vinte e quatro horas — nós duas rimos — Que tal vocês duas se encontrarem?

— Ruby não é nenhum incômodo — falei ainda rindo — Que tal nos encontrarmos nesse final de semana? — sugeri — Podemos ir ao cinema nós três — tive que arranjar muita coragem para dizer duas simples palavras: “nós três”.

— Claro! — Sam pareceu animada — Vou avisar para Ruby ver os horários do cinema, depois te mando uma mensagem.

— Tudo bem então, hum, te vejo no sábado.

— Tchau, bom trabalho.

Esperei Sam encerrar a chamada.

Por um momento me lembrei-me de Maggie, mas logo a espantei da minha cabeça.

Eu precisava seguir em frente e Sam era uma ótima candidata para isso. Eu precisava lhe dar uma chance.

My Other Face || SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora