Capítulo XIII

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—...Porém, Fischer não deu sequer uma notícia — Safira suspirou olhando para sua xícara de chá.

Naquela manhã, acordara cedo, se levantou e encararou seu reflexo destruído no espelho, devido a sua total falta de sono durante a noite, que talvez — mesmo todas as evidências apontando certeza — tenha sido motivada por aquela sensação que os beijos de Charles haviam provocado em seu íntimo, e agora que estava disposta a ter uma conversa agradável com alguém, para dispersar sua mente de libertinagens, nem a cozinheira a ouvia.

— Sra. Morgan está me escutando? — indagou exasperada.

— Oh, Safira — Sra. Morgan se virou para encarar a bela moça — Sabe que gosto de conversar com você em demasia, mas sem Fisher aqui os afazeres parecem aumentar.

— Bem, era dele mesmo que eu estava...

— Oh, acho que esqueci de colocar o tempero no desjejum de Sr. Fretcher! — Sra. Morgan ignorou Safira e saiu às pressas para a dispensa.
Safira suspirou.

— Bem acho que vou me comprometer com meus afazeres... — Safira se levantou e olhou para o relógio — Irei acordar Charles, mesmo tão cedo – Afinal, poderiam encontrar algo útil para fazer, que obviamente não incluiria libertinagens.

Antes de ir em direção a escada, Safira se virou e perguntou a cozinheira se por acaso não havia visto sua irmã. Quando um "não" impaciente e bem alto — até demais — fora ouvido, Safira suspirou. Sentia falta do mordomo, ao menos ele a escutava.

Saiu da cozinha sem muita pressa, subiu as escadas, caminhou pelo longo corredor, adentrando cuidadosamente no quarto de Charles. Fora até a janela onde abrira apenas uma pequena fresta, iluminando parcialmente o ambiente com sua luz matinal. Se virou para ele que dormia tranquilamente —agora olhando pela janela e modo que Charles dormia não parecia justo acorda-lo tão cedo, o dia lá fora estava cinzento e monótono.

Ficara então somente a observá-lo, com certa dose de encantamento, como poderia existir um homem tão belo quanto ele? Ali deitado enrolado em lençóis, com os cabelos desarrumados, a camisa desabotoada e a meia luz que saía da janela iluminando seu peitoral, Jesus! Ele parecia milhões de vezes mais atraente. Era quase um pecado saber que Deus concedeu tanta beleza para um homem só, quando tantos outros em Londres eram tão desafortunados nesse sentido. Sabia que não deveria encará-lo num momento tão íntimo, mesmo que estivesse dormindo, porém era quase um desafio desviar o olhar.

Deu dois passos até a mesinha perto da cama e pegou o jornal velho, mentalizando que deveria pegar um novo.

Safira percebeu que estava meio distraída quando ouviu um resmungo vindo de Charles e junto com uma careta de dor. Safira franziu o cenho, sabia que era melhor deixá-lo descansar, mas ouviu uma voz muito parecida com a sua chamá-lo:

— Senhor Fretcher... Charles — disse hesitante — Charles acorde, está se sentindo bem?

Outro resmungo vindo dele e logo seus olhos foram abertos, Safira piscou confusa e esperou que ele falasse algo, porém ele apenas virou o rosto para o lado, e falou olhando para o relógio:

— Por que diabos me acordou tão cedo?

— Oh, bom dia para o senhor também, milorde — Safira cruzou os braços.

— Bom dia só se for para a senhorita! — disse ríspido e fechando fortemente os olhos — Mal despertei e já sinto dores incômodas em minha perna e em meu quadril.

— Imaginei que estava sentindo algo, porque... — Safira tentou dizer suavemente mas foi interrompida:

— Já que me acordou tão cedo, poderia ao menos ter trazido o meu desjejum!

Um Homem Incompleto - Irmãs Cadwell Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora