1º de Janeiro, Dia do Renascimento

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     Após fechar aquela porta e notar que estava com o rosto molhado, eu rapidamente me refiz, até porque alguns amigos ainda estavam em casa, e lá por mais estranho que pudesse soar a frase a ser dita... estava rolando uma festa de Ano Novo. Aos poucos os convidados foram indo embora, e a madrugada avançava para um amanhecer frio e sem cor. Olavo Bessa, o meu patrão apenas acenou pra mim uns trinta, ou quarenta minutos depois da terrível visão que eu tivera minutos depois da virada do ano, e Tobias bebeu mais ainda do que o costume, e nem se importou em saber como eu estava. Finalmente todos foram embora, e ao olhar o pequeno e aconchegante  apartamento, nem parecia que o mesmo fora e estivera arrumado há poucas horas atrás.

     Sentei no canto do amplo sofá branco abraçado às minhas pernas e muitas coisas começaram a vir na minha mente...

     " O sorriso pra lugar nenhum nas baladas que a gente ia, e quando lhe perguntava sobre isso ele logo desconversava".

     " As idas à praia, e seu sumiço por quase uma hora inteira "

      " Os atrasos para me buscar, quando as vezes ficava numa das duas Academia em que trabalhava até tarde "

     " Seu celular, que era pra mim um território inimigo, que sempre avisava de mensagens, e vez ou outra uma ligação era atendida e as respostas sussurradas "

     Quem olhasse o belo e jovem Maurício Filho neste exato momento veria que seu rosto não tinha expressão alguma, e foi munido de muita paciência e resignação que ele esperou pacientemente o despertar do companheiro, que parecia dormir tranquilamente no cama e no quarto do casal, como se nada tivesse acontecido ali dentro daquele lugar há poucas horas atrás.

     Tudo ainda estava em desalinho, quando finalmente Tobias deu sinal de vida. A única coisa que Mauricio havia feito nesse tempo todo foi uma jarra de café que repousava no aparador da cafeteira e pelo cheiro deveria estar bem forte e amargo. Apesar de quê, na madrugada, o jovem trabalhou muito.

     _ Bom dia Mau-Mau. Falou Tobias assim que o viu. Estava de cueca branca colada ao espetacular corpo. Maurício não o cumprimentou de volta.

     Tobias não se importou com a birra do amado, provavelmente era mais uma das suas esquisitices e andou até a bancada da cozinha, pois tinha que beber café para que a boa e velha dor de cabeça não o pegasse de vez.

     _ Poxa Mau, isso aqui ta uma zona, né? Acho melhor começar a arrumar toda essa bagunça. Sorte sua amor eu ter acordado com disposição, meu gostoso. A festa ontem foi de arromba, né?

     O silêncio de Mauricio Pires de Andrade Filho, começou a incomodar o jovem Tobias Santos. Ele então retornou até a sala, olhou pro seu amado e sentou na cadeira de apoio que ficava em frente ao sofá.

     _ O que tá pegando, Mauricio? O que aconteceu pra que... A frase nem foi terminada.

     _ Você ainda pergunta o que aconteceu? O que tá pegando? O que você me diria agora se tivesse me pego dentro do nosso quarto com um pau de outro homem dentro da boca? O que você faria comigo, se eu estivesse no seu lugar na noite de ontem?

     _ Ah, você fala daquilo? Amor, aquilo foi coisa de momento. Bateu um tesão filho da puta, aí o Olavo jogou uma ideia e eu pensei que você...

     _ Você pensou errado, cara. Há quanto tempo você me conhece? Eu posso muito bem dizer, que você me conhece melhor que eu mesmo, e sabe que eu jamais olharia pra outra cara. Olha o que você tá dizendo. Pra você provavelmente está tudo bem, que isso é até normal acontecer...Só que você está esquecendo da outra parte envolvida na sua vida... EU, SEU ESCROTO.

Meu Novo Eu  -  Romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora