49 § Complexo de propriedade

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Bruno deixou claro para a mãe que não vai abdicar do seu futuro ao lado de Kika. Perante a obstinação da progenitora, Bruno revelou que Érica está grávida.

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— Eva —


Estou no quarto de Tiago a tentar arranjar-me para sair, apesar da relutância inicial do seu proprietário em ceder-me o espaço. Já se começa a tornar um hábito esta implicância de Tiago com o seu espaço, que parece ser intocável igual a um santuário. 

Quase que aposto que na escola ele era uma daquelas crianças que não emprestava nada a ninguém, fosse um lápis de cor ou uma mera borracha. Provavelmente até tinha todas as suas coisas marcadas, por forma a identificar facilmente que era seu.

— Credo, Sra Eva! Virgem santíssima! — expressa-se Ricardo, ao entrar no quarto, após bater à porta. Ele olha abismado para o pandemónio que vai em cima daquela cama. — Agora entendo porque o Tiago não queria de jeito nenhum deixá-la usar o quarto dele!

Abri as malas e espalhei as poucas opções de vestuário contidas nelas. Quando nos acostumamos a ter um closet, que só por si é praticamente uma divisão da casa, é natural sentirmo-nos despidas, com a pouca roupa que cabe num punhado de malas de viagem.

Se tão somente eu tivesse tido tempo e cabeça para fazer aquelas malas, não estaria agora tão insatisfeita com os modelos que tenho à minha disposição. 

Oxalá pudesse regressar por um instante ao meu quarto na mansão e recolher todos aqueles vestidos impecavelmente pendurados e engomados no closet. Oh, tudo seria tão mais fácil! Umas quarenta opções de toilettes para usar durante o dia, mais uns vinte vestidos de noite, para além de algumas peças para ocasiões muito específicas como casamentos, batizados ou funerais. 

Tudo isto pode soar algo fútil, eu sei! Contudo, se eu quisesse poderia ter uma variedade ainda maior de peças! Mas nunca fui mulher de me preocupar com isso de repetir indumentárias. Gosto, apenas, de ter o sortido suficiente para ter a peça adequada a cada situação. 

Para mim o mais importante é o bom gosto, associado a alguma classe e sempre com o devido equilíbrio entre ousadia e discrição.

— E a culpa é tua, Ricardo! — culpabilizo-o, por ter sido ele a sugerir que todos saiamos esta noite. — Assim que ajuda-me a escolher algo adequado ao sítio onde vamos! A ideia foi tua, logo tens de colaborar, já que tu é que conheces o bar.

— Sra. Eva, você não precisa da ajuda de ninguém para fazer a escolha certa! Apenas vamos num barzinho, com DJ a passar música, na capital deste distrito, a uns quinze quilómetros daqui. Mas olhe que ele é bem movimentado.

— Obrigado, Ricardo! Agora deixaste-me bem mais tranquila. — contesto-lhe com alguma ironia. — Não estou tão segura de que seja boa idéia esse teu convite. Não me parece que o Tiago tenha ficado especialmente animado.

— Não se preocupe, Sra. Eva! Vai-nos fazer bem a todos! É preciso desanuviar o ambiente tenso que está nesta casa e nada melhor que uma noite de copos num bar animado. E eu conheço o sítio certo para isso.

Continuo sem estar muito convencida de que vá funcionar. Porém se Ricardo acredita que pode ajudar, quem melhor do que ele conhece Tiago.

— A primeira vez que vi Tiago, foi há umas semanas atrás, precisamente numa discoteca, mas na nossa região! Não sei se ele te tinha contado!

A Esposa PerfeitaWhere stories live. Discover now