Pistas estão em todos os lugares, mas como Camila vai conseguir conectar todas as que foram deixadas em seu armário na faculdade? Livros, letras de músicas, autores antigos, todos levam a uma só pessoa. Camila procura incansavelmente por quem quer q...
Los Angeles, 15 de maio de 2024 Camila ainda caminhava com dificuldade, amparada pelos braços da melhor amiga. Os remédios eram fortes demais e ela estava sentindo a tontura típica dos pacientes que acordam de comas. Era como se sua mente houvesse ficado desligada por tanto tempo que qualquer resquício de luz fosse suficiente para causar um desconforto contínuo. Pararam em frente à casa de Camila, que não conseguiu segurar as lágrimas ao ser atingida por todas as lembranças de Lauren. Ariana continuou a segurar os braços da amiga, com medo de que desmaiasse, mas ela parecia estar bem, na medida do possível. Entraram na casa lentamente. Os olhos castanhos inquietos passavam por todas as extremidades do lar que costumava dividir com Lauren, mas que agora ficaria sem o brilho dos olhos verdes. Respirou fundo, tentando aliviar as sensações destrutivas que percorriam seu corpo. Pediu ajuda para subir as escadas. Queria entrar no ateliê de Lauren, mexer em suas coisas, sentir seu cheiro. Queria qualquer coisa que lhe fizesse se lembrar do sentimento de tê-la em seus braços novamente. Entrou na metade da morena do escritório. Viu que um pano cobria uma tela. Franziu o cenho ao se aproximar. Puxou o tecido, revelando o quadro já esboçado e com algumas partes cobertas de tinta. Seus olhos lacrimejaram ao ver seu rosto em mais um dos quadros de Lauren. Sorriu tristemente ao se lembrar do último sábado que passaram juntas, em que ela chegou tarde do trabalho e Lauren, como sempre, estava pintando, completamente suja de tinta.
-Você quer que eu termine isso? - Ariana perguntou e viu Camila virar o rosto. -Faria isso por mim? -Claro! Digo, não sou tão talentosa quanto a Lauren, mas posso pedir a ajuda de Normani. Acho que nós duas conseguimos terminar. -Eu adoraria se fizesse isso. -Tudo bem. Vou levar para casa e te aviso quando estiver pronto. - Camila concordou com a cabeça ao passar os dedos na margem da tela. - Quer que eu passe a noite aqui, hoje? -Na verdade, se você não se importar, eu gostaria de ficar sozinha.
Ariana tampou a tela novamente com o tecido. Deixou um abraço na melhor amiga, antes de ir embora com a tela em mãos. A latina desceu as escadas, seguindo Ari até a saída, observando-a partir. Suspirou ao ver-se sozinha em sua casa dos sonhos, que agora parecia sair de seus piores pesadelos. Estar sozinha ali parecia fazer com que fosse delirar, mas mesmo assim, não parecia querer companhia.
Pintura da Lauren terminada por Ariana e Normani:
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Play All again - Fifth Harmony (instrumental) *só no primeiro parágrafo*
Camila entrou na cozinha. Respirou fundo tentando evitar que um colapso emocional lhe destruísse. Era como se pudesse ouvir uma melodia sádica em sua cabeça. Abriu a geladeira, encontrando-a completamente cheia, o que significa que seus pais haviam passado ali antes dela. Viu muitas comidas e bebidas saudáveis por conta das orientações médicas que a latina preferiu ignorar. Fechou a porta com violência. Aquela música estava lhe deixando louca! De onde estava vindo? Ela coçou os olhos, tentando espantar o cansaço. Abriu a pequena adega que ficava encostada em um dos cantos da cozinha, pegou uma garrafa e uma taça em um dos armários, e encheu o copo de vinho até a boca. Parecia que quanto mais tentava ignorar o som em sua cabeça, mais alto ele ficava. Com a taça em mãos, ela resolveu seguir a melodia que parecia vir de outro lugar. Caminhou até lentamente até sua sala, parando assim que seus olhos pousaram sobre o piano. Uma figura feminina, de costas para a latina, de calça jeans, blusa branca e jaqueta de couro preta, dedilhava as teclas repetidamente. Lauren. Em um susto, a garganta de Camila ameaçou fechar, mas ela se controlou. Fechou os olhos e respirou fundo, tentando acabar com o que quer que fosse que estava acontecendo. Mesmo com os olhos cerrados, sentiu as lágrimas escorrendo por suas bochechas. Ela percebeu que a música havia parado e se permitiu ter coragem para voltar a enxergar. Respirou fundo ao notar que Lauren havia desaparecido. Tocou o vidro nos lábios, deixando o vinho invadir sua boca. *parar a música*
-Você não deveria estar bebendo isso. - Camila virou o rosto ao ouvir a voz rouca vinda do sofá. -Você realmente está aqui? -Sempre estarei, meu amor. - Lauren disse se levantando. -Você está só na minha cabeça, não é? - disse enquanto observava a morena se aproximar. -Talvez. - ela disse parando em frente à Camila, olhando-a nos olhos. - Por favor, deixe o vinho para lá e pegue um suco. -Por que eu deveria? -Porque eu estou pedindo. Você confia em mim? - a latina concordou com a cabeça, sentindo as lágrimas escorrendo. - Então, me dê a taça. - Camila relutou ao ver a morena estender a mão. - Está tudo bem, Camz. Confie em mim e me dê a taça. Tudo vai ficar bem.
Camila esticou o braço, soltando a taça nas mãos de Lauren. Quando ouviu o barulho do vidro estourando no chão, a latina fechou os olhos e tapou os ouvidos por instinto. Abriu os olhos novamente, focando no vinho e nos cacos espalhados pelo chão. A imagem de Lauren já não estava mais ali, fazendo com que a cubana entrasse em desespero por seus delírios. Ela sentou no chão, com as lágrimas escorrendo rapidamente. Levou as mãos ao rosto, os pensamentos de que ela estava enlouquecendo invadiram sua mente. Esticou-se até seu telefone, discou os números e esperou as chamadas impacientemente, até ouvir a voz feminina.
-Mãe, eu estou ficando louca! - Sinu se preocupou ao ouvir a voz chorosa da filha. -Camila, se acalma. O que aconteceu? -Lauren esteve aqui, mãe! Eu juro! - ela disse em desespero. A mãe da latina fechou os olhos ao perceber que a filha alucinava. - Mãe, eu estou ficando louca, não estou? Eu não quero enlouquecer. Por favor, me ajuda! -Calma, meu amor. Acho que voltar para o lugar onde você e a Lauren viveram por tantos anos não te fez bem. Estou indo te buscar. Pode dormir no seu antigo quarto, se quiser. -Eu quero. Me desculpe por dar trabalho, mãe. -Não tem problema, meu anjo. ••• Enquanto todos estavam dormindo, a mente de Camila não desligava. Ver Lauren ou alucinar sobre ela, fizeram-na se lembrar dos Jauregui. Como será que estavam? Precisava vê-los e dizer que sentia muito. Só não sabia como faria para driblar seus pais, Ariana e os médicos para chegar em Nova York. Sem conseguir dormir, ela desceu as escadas se deparando com um novo piano, que havia sido colocado no lugar do seu. Como já era de madrugada, ela regulou o som para que não acordasse ninguém. Reproduziu a melodia que Lauren tocava, acrescentou alguns novos acordes e escreveu uma letra para a música que chamou de All again. Sofia foi acordada pelo barulho mínimo que sua irmã fazia. Reconhecendo a voz dela, desceu as escadas para conferir se tudo estava bem. Encontrou Camila levantando do pequeno banco, enquanto suspirava. A latina virou e se deparou com sua irmã de, agora, 13 anos.
-Desculpa, Sofi. Não queria te acordar. -Não tem problema. Você está bem? -Sim, meu amor. Só esperando que tudo se acerte. -Eu nunca consegui te dizer que sinto muito sobre a Lauren. -Obrigada. Eu também sinto muito. Sei o quão próximas eram. E você, desde pequena, sempre foi a melhor cunhada do mundo para ela. - ao ver que os olhos de sua irmã marejavam, Camila permitiu-se chorar. -Eu sinto falta dela, Mila. - disse chorando e encontrando refúgio nos braços da mais velha, em um abraço apertado. -Eu também, Sofi. - disse ao dar um beijo em sua testa. -Sabe... - a mais nova disse, secando as lágrimas com as mãos, separando-se da irmã mais velha. - Ela nunca meu levou ao Madison Square Garden. Estávamos planejando essa viagem desde que eu tinha 8 anos. -Eu sinto muito, Sofi. Se você quiser, eu posso te levar. Podemos fazer tudo o que queriam. -Seria bom... fazer algo em sua memória. - Camila focou nos olhos da irmã, ao pensar novamente na família de Lauren. -Sofi, eu preciso da sua ajuda. - a mais nova franziu o cenho, esperando que a irmã continuasse. - Eu decidi que vou visitar o tio Michael e a tia Clara, mas vai ser difícil se a mamãe e o papai ficarem grudados em mim a todo momento. -O que quer que eu faça? -Que ocupe o dia deles quando eu for viajar. Faça com que eles fiquem grudados em você durante o dia inteiro. Acha que consegue fazer isso para mim? -Qualquer coisa por você, Mila.
Camila puxou Sofia novamente para um abraço. Subiram as escadas de mãos dadas, tentando não fazer barulho para não acordar seus pais. A irmã mais nova não queria deixar a latina sozinha, então entrou no quarto da mais velha junto com ela. A cubana deitou na sua antiga cama, acompanhada por sua irmã. Camila deitou com a barriga virada para cima, enquanto ouvia Sofia se aproximar. A latina sentiu a cabeça da mais nova se encaixar em seu ombro, e um dos braços dela passar por cima de sua barriga. A cubana passou a brincar com os cabelos da irmã até que ela adormecesse em seus braços. Mas Camila permaneceu acordada, encarando seu relógio digital no criado-mudo, observando as horas passarem. ***** Esse foi o capítulo de hoje, personas Beijos delusionals, bia💕
