Lar

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Fechei a porta do meu quarto.
Me acomodei na cadeira de escritório.

Precisei tomar fôlego, como se, eu estivesse submerso por horas.

Bem, foi mais ou menos o caso.

Afinal.
Ainda acontecia uma comossão no andar de baixo.
E por mais que eu fique destruído vendo tudo acontecer, ainda me restava esperança.

Abri o notebook., acessando o aplicativo de fotos.
Assim que carregou, voltei a examinar as fotos que recebi do meu pai.

Eram fotos dele, em seu posto de observação, sorrindo apesar da situação .

No meio da floresta do suicídio, no monte fuji.
Ele trabalhava investigando suspeitos de contrabando.

Em uma das fotos, onde ele aparecia segurando o mapa do local.
Aparecia claramente, uma segunda pessoa à alguns passos dele, um pano envolvia sua cabeça. deixando apenas os olhos para fora.

Mesmo, com toda tecnologia disponível, não conseguiram descobrir quem era ou aonde meu pai se encontrava agora.

Não ouve mais nenhum sinal dele.
Semanas de buscas, só nos deixaram com mais dúvidas, haviam pegadas diferentes, de no mínimo oito pessoas, além de marcas em algumas árvores, no entanto nada do meu pai.

O consideraram como morto.

O exército fez questão de pagar uma cerimônia adequada e custear uma mudança para qualquer lugar que desejássemos, contanto que mantivéssemos sigilo sobre o que aconteceu.

O motivo usado como pretexto, foi: "nossa segurança".

Não caí nessa.

Minha mãe escolheu a casa que meus avós deixaram pra ela em Gotemba, perigosamente perto de onde tudo aconteceu, não que eu esteja reclamando.

"Não posso desistir, eu sei que meu pai não morreu."

fechei o App e desliguei o Notebook, ainda entorpecido fiquei em pé
olhando pela janela.

Como não reparei antes?
até mesmo os prédios daqui são tão... bonitos.

"Talvez seja por isso que papai gostava tanto de morar aqui."

Passou alguns segundos até um Magpie, pousar no Lado de fora da janela.
Toquei o vidro com cuidado, para não assustar o pequeno animal, tão bonito.
Era incrível como ele parecia entender que o estava admirando, abriu as asinhas e estufou o peito, como se fizesse pose.

E então saiu voando, rumo a qualquer lugar no horizonte.

Queria poder fazer como ele, voar para longe, provavelmente sou um covarde por pensar assim, mas não consigo evitar.

A falta que meu pai faz, deixa minha mente uma bagunça.

Peguei a mochila que estava no chão ao lado do meu pé e guardei o notebook, alcançei o celular com os fones, já me preparando, para colocar uma música e dormir a viagem toda.

Minha mãe, visivelmente abatida, mas com um sorriso educado.

Se despedia de todos, no andar de baixo. A cerimônia tinha oficialmente chegado ao fim e eu finalmente sairia daquele lugar que me trazia lembranças doces e dolorosas ao mesmo tempo.


Pretendia voltar algum dia, quando encontra-se meu pai e minha vida voltasse ao normal.

A determinação que sentia me fazia continuar firme, não havia tempo para resmungar, tinha que encontrar uma maneira de começar as buscas por conta própria...
Quanto mais rápido melhor.

Sonhando Com PássarosWhere stories live. Discover now