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A enfermeira me liberou, e eu voltei pra casa de táxi.

Mofei no sofá da sala pelo resto do dia.

Só me movia parar ir ao banheiro, mantendo meus pensamentos no caso do meu pai.

Meu dia começou ruim e terminou tedioso.

Me levantei mais uma vez do sofá.

Só que agora, pra gritar com o infeliz que tá querendo quebrar minha porta a base de porradas.

ㅡ vai se...

Fui interrompido bruscamente por uma mão tampando minha boca.

ㅡ shiiiii...

Disse o garoto de gorro e máscara, ainda tampando meu rosto entrando na casa e fechando a porta com o pé.

O fato de todo meu esforço pra me soltar não ter feito nem cócegas me deixou com um medo extremo.

Foi inevitável pensar em sequestro, e nas pessoas que estavam com meu pai.
Percebendo meus olhos arregalados e meu corpo ficando trémulo.

Ele me soltou devagar.

ㅡ Calma. Eu não vou machucar você. Sou eu, o Jackson wang, lembra...

Tirou a identificação do F.B.I me mostrando.

Concordei com a cabeça, abrindo e fechando os olhos com força para espantar o medo que senti.
Assim que ele tirou a mão de minha boca, puxei bastante ar para meus pulmões de uma só vez .

ㅡ Você ficou maluco! quase me mata do coração Jack!

Comentei o reconhecendo assim que ele tirou o disfarce exibindo seu rosto bonito e sorriso contagiante, nos tornamos amigos a alguns dias atrás, quando foi a nossa casa para descobrir pistas do por que meu pai foi raptado.

ㅡ Desculpa, eu precisava falar com você e não podia ser visto entrando aqui.

Sorriu meigo agitando a franja.

ㅡ Soube que voltou a estudar, isso é bom.

Mudou de assunto de forma tão óbvia, que tive certeza que tinha algo acontecendo.

ㅡÉ sobre meu pai?

Ele sentou no sofá suspirando.

ㅡ sim.

Torceu as mãos sobre o colo, passando o olhar pelo cômodo, sem me encarar em nenhum momento.

ㅡO homem que apareceu na ultima foto que seu pai mandou, foi preso  ontem a noite, em uma emboscada da policia e confirmou ter cometido o crime...

Parou de falar, me olhando com tristeza.

ㅡ Eles o mataram por vingança Haru.  

Contou lentamente, uma das mãos apoiando meu ombro.
Me apoiei nele sem perceber.

Eu não conseguia entender.
Eu não queria tentar entender.

Meu pai...

Não iria aceitar, nunca!

ㅡ Não, ele não pode estar morto! Por que matariam ele? Isso não faz sentido! Não é verdade! Por que você tá fazendo isso?!

Comçei a gritar e bater nele, descontando o que eu sentia, como o completo descontrolado que eu era naquele momento.

Jack segurou meus pulsos e me prendeu em um abraço sufocante, ele sabia que eu ainda tinha esperanças de encontrar meu pai com vida.

Não consegui mais segurar, derramando toda minha dor em seu ombro.
Molhei sua camiseta de marca com lágrimas, mas ele não se atreveu a reclamar, pelo contrário, me ensentivou a chorar até que eu ficasse mais calmo.

Demorou um bom tempo, sei disso por que meu celular apitou avisando que já era hora de tomar meu remédio.

Me afastei com cuidado, limpei o rosto e funguei ainda em choque.

ㅡ Meu amigo...  Você sabe que... Se precisar eu estarei aqui, não é?

Apertou meu ombro como se dissesse.

'Confie em mim'

Concordei, grato por saber que alguém se preocupava comigo.
Não que minha mãe não se preocupasse, jamais afirmaria que sim ou que não.
Acontece que ela tinha pensamentos demais, sendo bem provável não haver em  nenhum algo sobre seu filho, que perdeu o pai e precisava dela.
Mas eu não a culpo, também pensava só em mim de uns tempos pra cá.

Eu queria minha vida como era antes. Ou se isso for pedir muito... Só queria acabar com tudo logo.

Esse se tornou meu maior desejo agora... Ser livre e ir para onde está o meu pai...

Jack iria dizer mais alguma coisa, mas recebeu uma ligação e precisou ir correndo pro trabalho.

Mal consegui dizer tchau, já que ele saiu com muita pressa.
Me sentei no sofá mais uma vez, abraçando os joelhos, encarando a mesinha de centro sem a enxergar de verdade.

"Como vou continuar agora? Agora que sei o que aconteceu, como vou me manter de pé se meu apoio se foi?"

Limpei meu rosto diversas vezes, lutando para empedir que as lagrimas fugissem dos meus olhos.
Não adiantou de nada, logo eu estava chorando de forma deplorável agarrado a uma almofada.

Apenas sendo o costumeiro garoto fraco e inútil que eu sempre fui.

Porém, hoje, só hoje.
Iria me permitir chorar pela pessoa mais incrível que conheci, e que me criou com tanto amor.

Sem ligar para como iria parecer se alguém me flagrasse chorando daquele jeito.

Sonhando Com PássarosWhere stories live. Discover now