Eight - Attention

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Jisoo não fazia ideia para onde ou por que estava sendo levada por Jungkook, ressaltando que o mesmo se encontrava suando por inteiro pelo nervosismo. O garoto nunca foi bom em desabafar ou em contar as coisas, mas naquele momento achava que Chu fora enviada por algum tipo de divindade para ouvi-lo, ou ele piraria de vez.

Jeon levou a Kim até a área da piscina do hotel,  para um local que no momento estava deserto, ele se sentou em uma das cadeiras acolchoadas do quiosque e Jisoo repetiu o mesmo, não deixando de apresentar em seu olhar o quanto sentia-se receosa.

Por que não contar pra Rosie? Você está tendo um lance com ela, não comigo, droga! Se ela descobrir que estou ocultando algo, ela vai me matar!

— Se me trouxe aqui, acho melhor falar. — Jisoo quebrou o silêncio.

— Não é algo que vai te matar, Chu. Eu apenas preciso contar para alguém além de... Só preciso de alguém. — Disse desesperado.

— Se é assim, eu vou ser ombro amigo. — O tranquilizou com um sorriso no rosto. — Prometo não dizer nada. — Ofereceu o dedinho mindinho que Jungkook entrelaçou e logo depois soltou.

Jeon sentia-se travado para falar, não pensava que somente desabafar era tão difícil e doloroso assim.

— Primeiro de tudo: o Jimin não é a pessoa doce que a televisão mostra, pelo menos não comigo. E segundo: independente de tudo, não me julga, não sou de implorar, mas agora eu estou implorando. — Ok, primeiro passo dado.

— Guk, eu não vou te julgar, eu te prometi. — Jisoo disse o incentivando a continuar.

— Há mais ou menos quatro anos atrás, eu estava com 16 anos, o auge de tudo pra mim. Foi aí que conheci Park Jimin, o garoto de sorriso bonito e que estava começando a ganhar fama graças ao meu... graças a Seokjin. Eu te juro, era muito bom estar com ele e até namorar com ele, era muito bom até ele se envolver com a parte ruim da fama. — Bufou sentindo a tristeza querendo o rondar.

— Espera..você e ele? — Jungkook assentiu.

— E foi aí que não satisfeito, ele..ele me incentivou a usar cocaína, junto com o nosso grupo de amigos. E acredite quando digo que para mim aquilo era o máximo, ficar chapadão de cocaína era o auge. — Riu irônico. — Na época eu também estava como treinee de uma empresa, e eles jamais poderiam saber disso, assim como meus pais. Mas não adiantou muito, já que em uma noite nós havíamos conseguido a melhor dose com um dos melhores traficantes...

Jeon se deu uma pausa, sentindo lágrimas o rondarem ao se expor dessa maneira. De alguma maneira estranha, ele sentia-se bem por finalmente dizer isso a alguém, por conseguir se abrir após anos de terapia. Jisoo era de fato uma boa ouvinte que não desviava os olhos um segundo do amigo, e até quando ele se pausou e fechou os olhos, ela acariciou seu braço coberto pela jaqueta de couro, como se dissesse que estava ali.

— Tudo no seu tempo, certo? Respire fundo. — A mais velha incentivou.

Quando finalmente abriu os olhos, não conseguiu conter algumas lágrimas que rolaram involuntariamente, e Jisoo lembrou de seu irmão, de quando tentava protege-lo do mundo, e de quando ele chorava assim feito Jeon, e ela secava cada uma de suas lágrimas com um sorriso no rosto, tentando não desabar a qualquer momento.

— E então... todos nós estávamos reunidos na casa do Jimin, e ele me incentivava cada vez a usar mais, não só eu, como todos presentes, inclusive minha prima, Krystal... — Respirou fundo. — E foi aí que.. eu cheguei ao meu limite, tive a pior overdose que possa imaginar, assim como Krystal.. que infelizmente não sobreviveu quando a ambulância chegou. — Mais lágrimas rolaram por sua face. Lembrar de Krystal, uma irmã para ele, era doloroso. Ela era jovem e teve sua vida tirada de maneira brusca.

— Eu sinto muito. — Jisoo murmurou sentindo lágrimas quentes em sua bochecha.

— E sabe o que o Jimin fez? Ele fugiu naquela noite, nem mesmo foi me ver no hospital, eu mesmo nem sei quem chamou a ambulância. Eu só lembro do Jimin voltando de Londres seis meses depois, querendo que tudo fosse como antes, mas não dava sabe? Ele já havia me quebrado. — Fungou. — A pior parte foi decepcionar meus pais que até hoje não falam comigo, e sem contar que meu contrato como trainee foi rompido e eu fui mandado pra um internato na casa do caralho. — Concluiu.

— Uau, quanta coisa. — Jisoo comentou respirando fundo e esboçou um sorriso. — Quero que saiba que você é incrível e é muito forte, não é todo mundo que aguentaria isso, Guk, não mesmo. — Secou suas lágrimas.

— Eu sinto muito se te sobrecarreguei, mas eu..precisava sabe?

Jisoo não esperou que o garoto dissesse mais nada para abraça-lo forte e mostrar que estava ali com ele e para ele. A mais velha jamais imaginara que por trás de um garoto moreno que é viciado em couro e em irônias, existisse alguém tão triste.

— Você não precisa pedir desculpas. — Disse quando se afastaram. — Eu é quem preciso te agradecer. — Ambos sorriram.

Aquele momento em especial fez com que Jisoo matasse a saudade do irmão que havia morrido um ano atrás. Ele assim como Jeon, a procurava para desabafar, e ela amava ser a pessoa dele. Pelo visto, agora a morena era a pessoa de Jeon.

— O que acha de voltarmos? — Jungkook se levantou e sorriu enxugando as lágrimas.

— Por que não? — Deu de ombros.

Os dois caminharam até o saguão do hotel novamente, e antes de entrar, Jisoo ficou por mais um tempo no jardim, até que Jungkook entrasse e fosse falar com Taehyung e Rosé. Foi então que decidiu entrar novamente no local após se recompor.

— Ei, por que saiu tanto tempo? — Taehyung perguntou lhe oferecendo uma taça de champanhe.

Jungkook a olhou de uma maneira apavorada, como se ela fosse abrir a boca e entrega-lo. A garota não o culpava, as experiências dele em confiar em alguém não foram bem sucedidas.

— Precisei tomar um ar. — Disse sorrindo.

E a partir dali, Jeon pôde ter pelo menos 50% de certeza de que seu segredo estava bem guardado e de que Jisoo talvez fosse a sua pessoa.

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Capítulo super emotivo, hein?

Jisoo e Jungkook bffs

E além do mais, referências a Greys anatomy!

💟

Capítulo revisado.

DepravedOnde histórias criam vida. Descubra agora