Satan is here

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Olhei para DeLuca lateralmente quando o peguei tentando controlar uma risada e o repreendi. Bailey saiu da sala e eu deleguei ao residente a função de recepcionar Addison e acompanhá-la na consulta com Andy.

Certamente, eu precisava de um tempo sozinha antes de Addison chegar e começar a me remeter todo meu passado com Derek. Revirei os olhos para meu pensamento enquanto olhava para as imagens do tumor de Andy.

- Mer, não vai ser tão difícil tirar esse tumor, vai? – Alex perguntou – você é Meredith Grey, não precisa se assustar com esse câncer.

- Ele não me assusta, Alex. Ela me assusta – desde que Cristina se mudou para Suíça, Alex era a única pessoa com quem eu me abria.

- Quem? Addie? – ele riu – ela não é o Satan como você imagina – dessa vez ele suspirou – Derek morreu, ok? Vocês duas não precisam ressuscitá-lo agora – ele riu – e você não é mais uma interna, Meredith. Você é a dona de um Harper Avery.

- Catherine Fox – o corrigi – eu até gostaria de considerar a sua opinião sobre a Dra. Montgomery, Alex, mas acho que prefiro a opinião de alguém que nunca tenha dormido com ela.

- Mark e Derek morreram – Alex disse – talvez a minha opinião seja a única de alguém deste hospital que conheceu Addison intimamente.

- Acho que a Jô adoraria saber disso – dei um murro no ombro dele.

- Você não se atreveria – ele retribuiu o murro no meu ombro e, em seguida, me abraçou – não seja a Meredith interna. Apenas seja Meredith Grey. Talvez você até a surpreenda.

O pager de Alex tocou e ele voltou à pediatria para cuidar de um bebê recém-nascido com insuficiência renal.

Eu até tentei ficar sozinha na sala olhando para as imagens, mas Amélia entrou trazendo consigo os exames de uma paciente.

- Tumor? – perguntei.

- Meningioma, grau I – Amélia disse – a paciente tem histórico de neurofibromatose na família.

- Muito próximo dos nervos, você vai sugerir quimio? – perguntei.

- Acredito que seja operável – ela respondeu – preciso analisar minhas opções.

- Addison está vindo para cá – disse e Amélia me encarou.

- Isso é ótimo – ela disse, somente.

- É – respondi tentando decifrar a reação dela.

- Oh, entendi – ela me olhou e me lançou um sorriso lateral – Addison superou Derek há anos, você também deveria.

- Eu já superei o Derek – disse com indignação em minha voz.

- Então supere a Addie – ela disse.

- Mas ela é o satan – retruquei – o próprio demônio ruivo. Droga.

- E você é a medusa, Meredith – ela disse recolhendo as imagens do tumor – Se o diabo for loiro, então ele é você – Amélia deixou um beijo em minha testa e saiu, me deixando atônita.

Peguei as imagens do tumor de Andy e fui para o corredor. Ouvi um burburinho entre os internos e os encarei.

- O que foi? – perguntei, mas eles se calaram.

Continuei andando e alguns olhares me cercaram. Olhei para o quadro e confirmei o horário da minha próxima cirurgia. Jô operaria comigo. Seria um transplante de fígado em uma jovem de 25 anos.

- Dra. Karev – me referi à Jô – mais sucção. Estou preparando para fazer a anastomose. Você gostaria de fazer?

- Claro, Dra. Grey – a residente aceitou – pinça, por favor.

- Mais sucção – eu disse olhando para o paciente – ele está sangrando depressa.

- Pressão caindo – um enfermeiro alertou – batimentos em 88. PH em 7.256.

- Dra. Karev, localize a fonte do sangramento e pressione com os dedos – falei enquanto observava o desempenho da residente – rápido.

- Encontrei – ela disse enquanto estancava o sangramento para dar continuidade à anastomose.

- Muito bem, conclua o procedimento – falei e me afastei um pouco da mesa dando espaço para que ela operasse.

- Dra. Grey, posso ficar como residente no caso de Andy? – Jô perguntou.

- DeLuca já está no caso, Wilson, sinto muito.

- Gostaria da oportunidade de operar ao lado da Dra. Montgomery. Li muitos artigos escritos por ela – a residente disse e eu revirei os olhos – há algo de errado?

- Mais sucção, Dra. Karev – respondi – Addison é ex-mulher do Derek.

- Oh! – ela disse – eu não imaginava. Perdão.

- Está tudo bem – falei – aparentemente hoje é o dia que as pessoas escolheram para falar de Addison Montgomery a cada 5 segundos, então você também tem o direito, mas DeLuca está no caso.

- Tudo bem - ela falou enquanto suturava – observarei a cirurgia da galeria.

A cirurgia terminou e Jô fez o acompanhamento pós-operatório da paciente. Lavei minhas mãos antes de sair do centro cirúrgico e respirei fundo. Já passava das 6 p.m. e eu precisava fazer minha última ronda antes de encerrar meu plantão.

Olhei pela janela do quarto de Andy e ela estava dormindo por consequência da medicação. Entrei tentando evitar fazer barulhos. Aferi sua pressão, conferi a quantidade de soro e solicitei que os enfermeiros trocassem por uma nova ampola. Os batimentos estavam normalizados e seus rins funcionavam bem.

- O bebê também está forte – ouvi uma voz conhecida – como vai, Dra. Grey?

- Dra. Montgomery – a cumprimentei formalmente – já está ciente do caso?

- Dr. DeLuca me informou o necessário – seus óculos foram da ponta do nariz à cabeça quando ela se aproximou – posso monitorar o bebê durante a cirurgia.

- Ótimo – disse enquanto entregava a ela o prontuário e me retirava da sala sem dizer nada.

Caminhei pelo corredor e me esbarrei com Link. Ele estava carregando um copo de café e o derramou em meu uniforme.

- Perdão, Dra. Grey – ele repetia enquanto tentava me ajudar.

- Tudo bem – disse com um sorriso fraco – eu já estava indo me trocar. Te encontro no Joe's?

- Sim, claro – ele disse meio atrapalhado.

Continuei andando e fui até a sala dos atendentes buscar minhas roupas e me trocar. Não queria ter que ir em casa fazer isso, porque o Joe's ficava em frente ao hospital. Apenas vesti minha calça jeans com uma blusa social e um sapato preto fechado. Estava básica, casual, pronta para beber toda tequila que fosse possível. Eu precisava e merecia. 

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