02 - Feather.

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“ Capítulo 2 „

Jungkook abriu os olhos lentamente, sentindo o quanto seu corpo estava simplesmente acabado.

Dormiu numa posição horrível, e como se a situação não pudesse piorar, percebeu que estava com a barriga inclinada para cima - fato este que lhe causava um enorme desconforto. Para completar, sentiu agora que o filho estava dormindo com a cabeça apoiada em seu peito.

Sim, ele estava completamente dolorido, mas não é como se pudesse reclamar.

Faziam apenas dois dias que estavam usando o espaço atrás daquela lata de lixo como "casa", e poderia até se considerar surpreso por ninguém tê-los descoberto ali e os expulsado.

Durante aquele par de dias morando nas ruas de Busan, Jungkook havia conseguido alguns alimentos ao descobrir que, próximo ao restaurante, havia uma pequena barraca que vendia frutas e a moça, responsável pelo alimento, não via problemas em dar algumas delas ao Jeon e seu filho. Ele se sentiu imensamente grato.

Pena que sua felicidade durou pouco, pois, infelizmente, a mulher não pôde mais montar sua barraca no local por motivos legais.

Dessa forma, ao ir embora, ela levou consigo também toda a sua bondade, sem contar na chance de Jungkook e seus filhos de poderem continuar comendo algo que sustentasse seus corpinhos frágeis.

Sem mais o que fazer, teve então que voltar para as bolachas de antes - estas que já estavam quase no fim, se já não tiverem acabado... - Jeon temia pela situação delicada que teriam de encarar futuramente, mesmo sabendo que aquele resto acabaria de uma forma ou outra.

Seria inevitável. Seu filho não teria mais o que comer, Tae sentiria fome.

Com medo, sua mente elaborou a "melhor" solução para adiar isso ao máximo. A de não comer. Simplesmente ficava com fome e, quando não aguentava, enganava seu estômago com pequenos pedaços da massa pronta.

Nesse dia em questão, além de dolorido, Jungkook também havia acordado completamente fraco.

Com peso no coração, suspirou baixinho e tentou aninhar o filho que tremia um pouco, aconchegando o corpinho próximo ao seu. Era notável que ele não ligava muito para a própria situação. Apenas queria que seus dois filhos ficassem bem, acima de qualquer necessidade sua. Entretanto, tinha consciência de que para o pequeno ser em seu ventre estivesse saudável, ele também teria que estar.

Quebrando o silêncio e sua linha de pensamentos embolados, ouviu o barulho do motor de algum carro – e até tinha se acostumado a ouvir esse ruído, já que desde que começou a passar suas noites ali, ele se fazia presente em horários específicos – Jungkook, mesmo não tendo certeza de quem seria o dono do automóvel, suspeitava ser o proprietário do restaurante ou alguém muito importante ali, já que era o único que estacionava naquele local.

De fato, Jeon não chegou a ver o rosto da pessoa, apenas escutava o barulho não tão alto do motor quando o carro estava encostando na única vaga ali. Poucas das vezes, ouvia a voz grave de um homem, mas nada além disso.

Quando o barulho parou, encolheu seu corpo um pouco mais – se é que isso era possível –, fechou os olhos fortemente e desejou, como fez em todas as outras vezes, que quem tivesse chegado não percebesse sua presença.

Som de portas, chaves, e por fim, passos. Passos que estavam ficando cada vez mais baixos, se distanciando, até parar e Jungkook não poder escutar mais.

Só então pôde soltar o ar, mas estava sentindo tanta dor e cansaço que apenas conseguiu olhar para a bolsa ao seu lado, pegá-la e, com calma – temendo acordar Taeyong –, colocar o objeto embaixo de sua cabeça. Deste modo, devidamente deitado e numa posição menos desconfortável, puxou o filho para seu peito novamente.

THE RIGHT FATHER TO MY SON • jjk+pjm Where stories live. Discover now