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Antes...

A casa estava silenciosa de um modo que eu nunca havia visto antes.

Thom partiu bem cedinho, colocou todas as suas roupas em uma mala, e nos deixou. Não antes de deixar um beijo na minha testa e pedir desculpas baixinho.

Eu sorri,  murmurei um tudo bem. A culpa não era dele, de modo algum. Apesar de ser um bom homem, suportar surtos de ciúme, traições, e toda a loucura de mamãe foi demais pra ele.

Por isso eu não culpava por partir, eu mesma tinha varias planos para fugir desse lugar.

Me sentei na pequena mesa da cozinha, com minha tigela cheia de cereal e leite. Comer sozinha não era um problema pra mim, logo eu estaria nos braços de Justin e nada disso importaria mais.

Quando os passos pesados se fizeram presentes, continuei a comer, sem me importar em olhar pra ela.

Ela revirou os armários, encontrando uma garrafa de uísque barato pela metade.

Ela colocou um copo e a garrafa sobre a mesa, sentando-se a minha frente.

-Você não deveria estar na escola?- perguntou, sua voz saindo rouca e quebradiça .

Chegava a ser irônico. A mulher mal cuidava de si mesma, estava agora mesmo bebendo na minha frente, e ainda me questionava sobre a escola.

Fique em silencio, mastigando lentamente o cereal crocante.

-Eu estou falando com você Katherine! – ela grunhiu, batendo o punho sobre a mesa.

-São oito da manhã e você está bebendo uísque – encarei ela brevemente - devia se preocupar mais com seu fígado e me deixar em paz.

-Eu sou sua mãe e exijo respeito!- sua voz subiu alguns tons, se tornando estridente.

-Respeito?- repeti, largando a colher e dando toda a minha tenção a ela – olhe pra sim mesma, nem você mesma se respeita...

-Não é um bom dia pra rebeldia adolescente, Katherine – ela bebeu um pouco mais de uísque- já esta na hora de amadurecer, garotinha.

Sorri, eu sabia que, não importasse o rumo da conversa, qualquer argumentou meu colocaria fim a qualquer discussão. E ela provavelmente surtaria no final, então apenas balancei a cabeça e voltei a tomar meu café da manhã.

-O que? Não vai fazer nenhum comentário espertinho? – ela me olhou incrédula- nenhuma reclamação de como sua vida é uma merda?

-Minha vida não é uma merda, mamãe – coloquei toda minha ironia naquela ultima palavra.

-Ah , claro - ela me o fitou com raiva – você tem a vidinha prefeita, não é querida?

-Não vou discutir com você, Ramona – me levantei, colocando minha tigela na pia- ninguém vai estragar o meu dia hoje.

Vesti meu casaco, enquanto ela me observava com o cenho franzido.

-Não – ela praticamente gritou, me fazendo pular – você não pode fazer isso Katherine.

-Ficou louca mulher!?- disse com a mão no peito.

Ela se levantou rapido, avançando sobre mim, segurando meus braços com força.

-Me diz que você não está se encontrando com ele, por favor Katy...

Minha mãe tinha uma aversão absurda ao garoto que eu amava. Justin era bonito, divertido, e morava na casa em frente a nossa. Mesmo passando por um momento difícil com a doença de sua mãe, ele continuava ao meu lado.

-Você costumava gostar de Hank e Camille – disse, me soltando do seu aperto- não sei porque odeia tanto o filho deles.

-Eu não odeio o garoto, Katherine – ela disse, balançando a cabeça em negação- só não quero ir para o inferno.

Encarei ela, tentando dar algum sentindo a sua frase. Talvez fosse a bebida, ela sempre ficava confusa quando bebia a minima quantidade de álcool que fosse.

-Não tenho tempo pra isso, ok?- dei as costas a ela, seguindo pra porta- quando você estiver sã nós conversamos.

Ela correu, se pondo na minha frente, impedindo que eu abrisse a porta.

-Você não pode sair com aquele garoto, por favor Katy – ela me implorou- me ouça filha, por favor!

-Nós vamos fugir juntos algum dia – empurrei ela para o lado – vamos construir uma família juntos, seremos felizes de um modo que você consegue apenas sonhar...

-Isso é tão errado Katherine, tão errado... – disse amargurada - você vai queimar no inferno, garotinha.

Girei a maçaneta e sai daquela casa, com uma sensação estranha no peito. Ramona conseguia me afetar muito as vezes.

Toquei a campainha na casa dos Voight's, ansiosa por ver Justin.

Foi Erin que abriu a porta. A garota havia sido acolhida por Hank alguns meses atrás, apesar de ser meio rebelde, ela era legal.

-Tudo bem?- observei sua expressão cansada.

-Tirando a ressaca infernal, tudo ok – ela sorriu cansada- ele esta no quarto, acho que esperando por você.

-Valeu – sorri, adentrando a casa.

-Hank está no hospital com Camille, então a casa é só de vocês.

Erin era a única que sabia do meu namoro secreto com Justin, ela sempre nos acobertava,  nós fazíamos o mesmo com suas saídas noturnas.

-Juízo ein! – ela piscou pra mim, antes de sair.

Segui pelo corredor, indo até o cômodo que me era mais familiar na casa.

Courageous - Chicago P.DOnde as histórias ganham vida. Descobre agora