Meu pai sempre disse que avistar um corvo é sinal de mau agouro. Devido aos últimos acontecimentos eu não duvido disso. Mas fala sério, a situação já está ficando muito maluca pro meu gosto. Ou será que sou eu que estou enlouquecendo?
Não consigo...
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O sangue jorrava em abundância de minhas narinas enquanto eu gemia de dor. Me esquivei de uma rasteira de Arhem, mais não antes de levar mais um soco no estômago. Hoje definitivamente não é meu dia. Suspirei cansada. Eu nunca perco uma luta para Arhem, e hoje ele esta praticamente me dando uma surra. O que era inaceitável devo acrescentar. - O que ouve com você Davina? Geralmente sou eu que fico ai gemendo de dor enquanto me da socos - Arhem perguntou sorrindo gloriosamente. Filho da mãe desgraçado. - Vai se fuder Arhem - respondi enquanto lhe de dava um chute certeiro nas bolas. Arhem caiu no chão gemendo de dor. Nos minutos seguintes ouvi ele dizer os palavrões mais sujos de todos os 4 reinos. Admito que joguei baixo com ele, mas eu tinha que tirar aquele sorrisinho de vitoria da cara de Arhem ou ele ia passar o resto da vida me infernizando sobre hoje. - Kayl faz alguma coisa com ela !! - brandou Arhem para meu pai que nos observava de longe. - Admita logo Arhem, Davina te venceu chutando suas bolas. Foi uma cena bastante divertida - meu pai disse a Arhem que franziu sobrancelhas. Como um homem pode ter sobrancelhas tão delicadas? Isso é injusto. Não vou nem comentar sobre os longos cílios loiros que adornavam aqueles belos pares de olhos azuis. - Levante logo dai seu fresco - disse estendendo a mão para meu melhor amigo, enquanto sorria docemente para ele. - Por acaso eu ja disse o quanto te odeio Davina? - ele disse para mim enquanto aceitava minha ajuda para se levantar. - Também te amo Arhem - respondi pondo língua para ele. - Idiota - ele saiu resmungando. Eu o observava sair com um sorriso no rosto. Desde pequena sempre tive uma paixonite aguda por ele, que claro sempre me encheu por isso. Por um tempo ate deixei essa paixão de lado porque era bom te - lo por perto, pois como filha única do capitão da guarda pessoal da rainha de Adya, eu obviamente não tinha muitos amigos, meu pai os afunjetava, em especial os do sexo masculino. Um dia quando dois belos pares de peitos começaram a dar vida e uma bunda um tanto avantajada para meu gosto deram sinal em mim, Arhem me notou, assim como todos os garotos desse castelo. Durante alguns meses isso daqui ficou uma loucura, eu recebia olhares lascivos dos guardas, eu flertava descaradamente com os novatos em treinamento. Em um dia eu era cobiçada e no outro todos tentavam ficar longe de mim, nem sequer me olhavam nos olhos, o que mais tarde descobri ser por culpa de Arhem e de meu pai. Briguei feio com papai por causa disso e quando chegou a vez de Arhem, ele simplesmente me mandou parar de falar e me beijou. Foi um ano divertido, Arhem beija muito bem e eu aproveitei muito isso. Depois de algum tempo ele se afastou de mim e disse que nao podia continuar com aquilo. Ele disse com essas exatas palavras " não posso fazer isso Dav, não mais , você é importante demais pra mim para que eu a machuque deliberadamente ". Por um tempo fiquei triste, chorava pelos cantos com meu coração partido pela primeira paixão. Mas não quis que meu sofrimento durasse muito tempo, me recompus, botei um sorriso encantador nos lábios e continuei minha vida como se nada tivesse acontecido. Hoje depois de tantos anos, apenas sorrio com as doces lembranças que tenho ao lado de Arhem. Hoje voltamos a ser bons amigos, melhores amigos. As vezes flagro ele me olhando com verdadeira adoração, e outras vezes o vejo me olhando com raiva ou seja la que sentimento for, que o domina quando estou com outro cara. - Davina ? - meu pai me chama a atenção. - Oi pai - respondo suavemente. - Esta tudo bem? - ele pergunta incerto. - Esta sim, eu so estou um pouco cansada - respondi com um sorriso. - Eu percebi isso durante o treino. Mais você parecia aérea e ... - ele foi interrompido por uma gritaria que vinha dos corredores. Nos entreolhamos e corremos para onde estava a balbúrdia. - Que merda esta acontecendo aqui?? - gritei em meio a todo aquele caos. Um dos guardas se virou me dizendo. - A princesa Maena está morta!! Nesse momento meu mundo foi ao chão. Maena está morta. A doce Maena. Meu cérebro parecia não raciocinar o que essas palavras significavam. Após receber essa notícia corri até Arhem. Maena era a irmã mais nova de Arhem. Ela era a estrelinha do céu dele. Passei por corredores lotados de criados e guardas correndo para la e para cá, levando a notícia de que a princesa deles estava morta. Uma lágrima silenciosa escorreu por minha face ao entrar no quarto de Arhem. Tudo ali estava uma verdadeira bagunça. Arhem se encotrava socando a parede mais próxima, ele quebrava todo o quarto enquanto eu o observava. - Arhem - gritei para que ele prestasse atenção em mim. O que funcionou, mais quando ele me olhou o que vi ali me fez estremecer violentamente. - Sai daqui agora Davina - ele disse entre dentes. Arhem poderia ser considerado um homen doce, mais eu sei bem o que espreita por de trás dessa fachada de " bom moço ". - Arhem por favor, vem aqui - eu disse estendendo a mão para ele. Arhem estava furioso, ele estava quebrado pela morte tão prematura da estrela que iluminava sua vida. Maena e Arhem eram irmãos gêmeos, a ligação que eles tinham era tão linda. E agora tudo se perdeu, eu sei que ele não irá se perdoar. Eu sei que ele vai se culpar por toda a eternidade por não ter protegido sua princesinha. - Ela morreu Dav, minha menininha morreu - ele disse entre soluços enquanto eu o abraçava fortemente. - Eu sei meu amor, eu sei - foi tudo que eu consegui dizer. Nunca fui boa em consolar as pessoas, e agora mais do que nunca não consigo dizer nada para conforta - lo. - Não acredito que ela foi na floresta dos Pinheiros Negros sozinha de novo. Eu pedi pra ela não ir Dav e ela foi. Eu devia te - la amarrado junto a cama. Ela estaria viva se eu tivesse feito isso - ele disse. Franzi a testa para Arhem, Maena odiava aquela floresta mais que tudo, eram raras as vezes em que eu a via ir até lá por vontade própria. A Floresta dos Pinheiros Negros não era uma mera floresta, ela era a mais antiga entre os 4 reinos, dizem que se você fazer bastante silêncio você consegui - ra ouvir sussurros dos antigos deuses que morreram lá. Dizem que suas almas ficaram presas as árvores e que permanecerão lá até o fim dos tempos. - Por que ela iria la? - perguntei ainda confusa. - Ela confidenciou a mim que estava apaixonada por um garoto da vila. Perguntei a ela quem era e como ela tinha conhecido ele mais ela não respondeu. Ontem ela me disse que iria naquela floresta para se encontrar com ele . Fiquei chocada, nem em meus sonhos mais malucos imaginária Maena com um garoto da vila. Ela era uma garota doce, mais não foi criada para namorar com um plebeu. Maena foi criada para se casar com um nobre, de preferência algum dos herdeiros dos outros 3 reinos. Deixei que Arhem despejasse toda dor que sentia, eu tinha a impressão que algo de muito maligno estava se aproximando, a dias venho tendo essa mesma sensação e tenho certeza absoluta que a morte de Maena será só o começo.
