Irony

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-Quando precisar de mais alguma coisa, venha até aqui.- eu apenas assenti saindo da biblioteca.

Saí da mesma e me dirigi até a cantina.

-Garota.- Ah, não acredito. Park Jimin.

-Garoto.- proferi igual e ele, que passou o braço por envolta do meu pescoço enquanto andávamos.

-Nós vamos a um cinema hoje.- Jimin disse, se referindo a eu, ele, e Taehyung.

-Você sabe que eu tenho que ir no asilo, Jimin-ah.- eu reclamei.

-Para de ser tão ocupada.- ele proferiu, quase sempre que ele me chamava para sair eu estava ocupada.

-Arranje um emprego que tenho que apenas me divertir, e que me paguem para isso, aí eu fico menos ocupada.- Zombei de sua cara. Logo ele fez um rosto emburrado.

-Você... Sua criança.- Jimin disse.

-Você é apenas alguns meses mais velho que eu, Jimin-ah!

-Mas sou, me respeite garota boba!- ele disse indignado com a mão no coração.

-Aigoo!- reclamei.

                                 [...]

Eu estava super feliz para ver a Senhora Bo, ela sempre me alegrava. Chegar em seu quarto e ela ter fugido para o quintal para ver o senhor Jong. Eu ter que procurar ela, mesmo ela nunca se lembrando de mim, eu iria visita-la de novo. Sempre quando eu chegava, nós fazíamos a amizade de novo, eu lembrava dela, mas não queria que ela se sentisse mal por esquecer de mim. A única pessoa que ela se lembrava era do senhor Jong, seu amor do asilo.

-Boa tarde, senhora Chin.- eu disse para a cuidadora, eu sempre falava com ela quando chegava no asilo.-Vou ver a senhora Bo.- eu disse sorridente.

-JangMi...- ela disse e abaixou a cabeça. O que estava havendo?

-O que aconteceu, Chin-ssi?-eu perguntei aflita.

-Nesta manhã, a senhora Bo, se foi.- eu não estava conseguindo acreditar. A senhorinha que eu tanto amava conversar, que puxava minha orelha quando eu demorava muito para ir embora, que era apaixonada pelo senhor Jong. E-ela não pode ter ido.

-C-como a-assim, C-chin?- eu gaguejava e comecei a tremer.- V-você está brincando comigo, n-não e-está?

-Não, ela faleceu, Jang... Hoje nesta manhã, ela teve uma parada cardíaca. Não sabemos como ela aguentou tanto tempo, sua saúde estava em péssimas condições. Se fosse por sua saúde, ela já teria falecido a dois meses atrás, ninguém sabe como ela ainda estava aqui, e como aguentou tanto tempo.

-Onde ela está?- eu soluçava enquanto quase caía no chão, eu não podia acreditar.

-Já foi levada para ser velada.- eu caí no chão enquanto chorava muito, não poderia ser verdade, porque tudo de ruim acontece comigo?

Logo me lembrei do senhor Jong.

-O senhor Jong! Onde ele está?- eu gritei afobada.

-No quarto dele.- Chin disse.

Eu corri até lá, se doía para mim, imagina para ele que havia se apaixonado por ela.

Quando entrei em seu quarto, ele estava sentado na cama olhando para fora, na janela.

-Ah, olá JangJang.- me segurei para não chorar mais, senhora Bo me chamava assim também.

-Oi senhor Jong.- me sentei ao seu lado.- Está tudo bem?

-Está.- ele disse ainda olhando para fora.- Ela gostava muito de você sabia?- eu não disse nada.- Sempre que você ia embora, ela sentava do meu lado, e dizia "Minha menina está crescendo".- ele pausou.- Ela te tratava com uma filha.

Eu achei aquilo estranho, ela não se lembrava de mim, tinha Alzheimer.

-Mas senhor Jong, ela sempre se esquecia de mim.- eu disse, devido a doença.

Ele deu um sorriso triste.

-Não, ela nunca se esquecia de você.- ele não conseguia olhar para mim, só para a janela.- Ela gostava de fingir que esquecia, para que você sempre viesse, e conhecesse ela todos os dias. Ela fugia do quarto para você procurar ela no quintal, e gostava de ver sua cara preocupada quando encontrava ela. Ela falava muito de você, JangJang.

Neste momento eu não conseguia segurar meu choro, eu sempre achei que ela se esquecia de mim, mas ela nunca esqueceu.

-Ontem a noite, ela foi ao meu quarto, e deixou uma carta, dizendo que a missão dela já tinha acabado por aqui.- ele olhou para mim desta vez.- A carta é para você.- ele me estendeu um envelope branco.

Eu peguei, abracei senhor Jong em sinal de pêsames, e saí do quarto.

Todos me olhavam enquanto eu andava pelo corredor do asilo para ir embora, sabiam que eu sempre vinha ver senhora Bo. Me olhavam com pena. Abaixei a cabeça e saí dali.

Chorando na rua eu fui até aquela praça, ler a carta lá.

Me sentei no banco, e tentei tomar coragem de abrir aquilo.

Um tempo depois, abri com receio.

Querida JangJang...

Se você estiver chorando, vou pedir que pare. Eu tinha que ir minha querida. Eu sei que você gostava de me ver, assim como eu esperava você todos os dias, mas minha hora já deveria ter chegado a dois meses atrás, eu sei disso. Porém, quando uma menina entrou no meu quarto dizendo ser Kim Jangmi, e que estava ali para conversar, senti que eu tinha uma missão a completar. Minha última missão. Lembra quando te falei se estava gostando de alguém? E você me disse sobre Jungkook? Era minha missão. Juntar vocês dois. A muito tempo eu estava nesse asilo, e me lembrei o porque. Meu filho e sua esposa morreram em um acidente. Eles cuidavam de mim. E deixaram um filho para trás, mas o menino tinha apenas dezenove anos, como cuidaria de mim, e sustentaria nós dois? Eu pedi a ele que me deixasse no asilo, e ele vinha me visitar todos os dias. Porém, com tantos compromissos ele teve que me visitar só no Domingo. Você me visitava seis dias da semana, e ele no último. Eu amava a companhia dos dois. E eu deveria ter ido a muito tempo, porque ele se sente obrigado a cuidar de mim, e faz de tudo para estar aqui, mas não se lembrava de si próprio. Agora, eu tinha você também, e eu contei a ele que não precisava vir, porque eu tinha uma companhia. Minha missão se completou quando ele entrou no meu quarto e disse: "eu estou apaixonado, vovó". E eu vi que você também estava bem, então, minha missão estava cumprida. Eu espero que cuide do meu neto, e que ele cuide de você, e que, daqui alguns anos, você possa ter o nosso sobrenome e me encher de bisnetos, mesmo que eu esteja vendo do céu.

             Com muito amor Jeon Bo.

Eu não conseguia raciocinar nada. A senhora Bo, era Jeon Bo. Eu estava tão chocada, não conseguia pensar nem dizer nada. Ela era avó de Jeon Jungkook. Eu nunca havia pensado nisso. Ela sempre me perguntava como ele estava, quando eu dizia que gostava de um menino chamado Jungkook. Eu... estava sem reação.

Jungkook era cheio de problemas, sempre foi. E eu só pensava em como ele me magoava, mas seus pais morreram, ela tinha que sustentar a avó, e fazer faculdade. E eu estava ali, querendo atenção para mim. Sendo que ele merecia atenção.

Ele não era triste apenas pela morte de seu melhor amigo, seus pais também morreram, sua vida era um caos. Eu apenas a baguncei mais.

O destino era um conjunto de ironias.

"An irony of the future" -Jjkحيث تعيش القصص. اكتشف الآن