[12] amanhã talvez

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26 de Fevereiro, 2018

A gente nunca sabe como vai ser o dia de amanhã. Quando eu acordei naquela manhã de segunda ainda não acreditava que Taehyung havia mesmo ido embora, que tínhamos mesmo terminado. Era estranho, eu me sentia estranho, mas o pior de tudo é que eu não conseguia chorar, eu não conseguia de jeito nenhum derramar uma lagrimazinha sequer, era como se os meus sentidos estivessem todos travados eu estava só existindo, como se o mundo houvesse perdido o sentido.

Um dia havia se passado depois dele ir, um dia inteiro, eu chorei quando ele foi, mas depois disso... nada. Todos aqueles sentimentos me enchiam como um balão, angustia e tristeza, eu não conseguia crer que aquilo realmente estava acontecendo, minha ficha parecia longe de cair, mas era só questão de tempo para aqueles sentimentos tomarem conta de mim.

Sabe quando você tem aqueles dias péssimos, onde você nem sequer tem vontade de levantar da cama? Quando tudo o que você mais deseja é fechar os olhos e voltar a dormir como se todos os problemas fossem desaparecer em um passe de mágica, porque você se sente indisposto para fazer qualquer coisa por mais simples que ela seja? Então, era assim que eu me sentia, só que um pouco pior.

Mas eu ainda precisava ir trabalhar, então, me levantei, me arrastei para as minhas obrigações diárias e ignorei a bagunça da casa, porque parecia mais fácil pra mim ignorar a bagunça do que enfrenta-la de frente. Eu teria que guardar todas as coisas dele eventualmente, teria que me livrar de tudo e eu não queria fazer isso.

Porque eu não conseguia aceitar que ele havia mesmo terminado comigo, pra mim aquilo não passava de um pesadelo terrível, e quando eu acordasse ele estaria lá e ficaríamos bem. Eu queria que as coisas fossem do meu jeito, e não daquele jeito doloroso onde eu acabaria sozinho. Queria que a minha vida fosse como um filme de romance clichê tal qual os vários que assisti com Taehyung, onde o casal sempre tem um final feliz, sim, era aquilo que eu queria, um final feliz.

Eu estava me negando a enfrentar a dor, não queria sentir, não queria me deixar abater tão facilmente, na minha cabeça isso fazia sentido, mas pensando bem... não, fazia não.

Eu tinha que enfrentar aquilo, precisava sentir, precisava sofrer, porque é assim que se supera, mas a negação é só uma fase, mal sabia eu que viriam mais outras.

Não sentia nem mesmo vontade de comer, mas o fiz mesmo assim, precisava me aguentar de pé até o fim do dia. Sai de casa e desci cada degrau daquela escada evitando qualquer pensamento que me levasse à ele, repetindo toda a minha rotina na minha cabeça, eu estava péssimo, mas precisa trabalhar até porque as contas não se pagam sozinhas. Minha mente estava uma bagunça enorme, nem responder o "bom dia" do porteiro eu consegui.

Voltar pra casa havia se tornado uma prioridade, eu faria o que tinha que fazer naquele dia e voltaria direto para o meu apartamento, me afundaria nas cobertas e fecharia os olhos até dormir.

Eu segui meu caminho como todos os dias, o céu estava fechado, provavelmente iria chover mais tarde. Chegando na academia, pus meu melhor sorriso no rosto e entrei, repassei as coreografias várias e várias vezes, eu dei tudo de mim ali e mesmo assim não parecia ajudar em nada.

Dançar sempre me ajudou a esquecer os problemas, limpava minha mente, mas naquela dia não foi assim, não estava ajudando em nada, de qualquer forma eu continuei dançando, era o que eu tinha que fazer.

Me sentei no chão da sala enquanto esperava a última aula começar, encarei por um longo tempo o meu reflexo no espelho, eu me sentia um lixo, um nada, me sentia tão pequeno e insignificante, como um objeto descartável.

E, mesmo com todos aqueles pensamentos deprimentes rondando a minha mente, eu ainda não conseguia pôr a dor pra fora.

Os alunos foram chegando pouco a pouco, rindo e falando alto, espalhando toda aquela alegria pela sala. Eu odiei.

HAPPIER | VhopeOnde as histórias ganham vida. Descobre agora