[13] saudade dele

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4 de Abril, 2018

Raiva. Eu só conseguia sentir raiva, uma raiva que vinha lá de dentro, do fundo da minha alma, eu estava a beira de um surto. Minha vontade naquele momento era de mandar tudo e todos pro inferno, eu queria mesmo era que todos se fodessem.

Pensar nele me deixava puto, o que constantemente acontecia. Me peguei várias vezes pensando em ligar para Taehyung e fazê-lo ouvir tudo o que eu estava sentindo, todo aquele ódio que estava transbordando dentro de mim, eu queria tirar satisfações, queria jogar tudo na cara dele.

Não era justo pra mim, não fazia sentido eu estar passando por aquilo, eu que dei o meu melhor para fazer aquele relacionamento dar certo. Eu não merecia acabar assim. Eu me desgastei tanto, me esforcei tanto, me entreguei, e no fim era aquilo que eu ganharia? Eu estava puto.

Taehyung havia deixado de ser o homem perfeito que eu queria de volta, para se tornar aquele monstro de sete cabeças que todo ex acaba se tornando. Eu fiz a caveira dele, e como fiz. Acho que naquele momento eu nunca senti tanta raiva de Taehyung, era meio que irracional, mas depois eu me dei conta de que aquele sentimento não passava de uma forma de esconder a dor que eu estava sentindo por dentro.

Eu busquei todas as memórias dele que me deixavam irritado, inventei todos os motivos do mundo para sentir raiva dele. Estava na fase do Ele-não-podia-ter-feito-isso-comigo, e foi ali onde eu comecei a apagar todas as nossas fotos, todos os vídeos, exclui o maldito de todas as minhas redes sociais, e eu nunca me senti tão bem ao fazer isso.

Não queria nem olhar na cara dele, não queria sequer pensar, me forcei a me desvincular de tudo que levasse a Taehyung e acho que esse foi o lado bom da minha fase de raiva. A fase que não me fez sofrer tanto.

Ainda sim, querendo ou não, eu ainda me sentia preso a tudo aquilo, sentia que mesmo que me esforçando muito, nunca estaria totalmente livre dos meus sentimentos por ele, nunca estaria livre dele. Taehyung havia tomado espaço na minha vida, um espaço só dele, onde nada ou ninguém poderia preencher, então, de qualquer forma, ele continuaria sendo o Taehyung. Apenas o meu Taehyung, o loiro bonito de sorriso retangular, manhoso, cheio de opiniões e muito, muito orgulhoso. Uma parte de mim estaria sempre presa aquela memória que eu tinha dele, o Taehyung que eu amava.

Enquanto o restante de mim se irritava com qualquer coisinha relacionada a Taehyung, me peguei várias vezes praguejando pelos cantos, resmungando e o amaldiçoando de todas as formas.

Os filmes de romance passaram a ser um completo lixo, eu os odiava. Odiava saber que era tudo mentira, o casal não tem um final feliz, ninguém tem um final feliz porque finais felizes não existem. Não existe casal perfeito, não existe um amor eterno, os clichês não passam de uma forma de nos fazer esquecer da dura e fria realidade. Tudo é, e sempre vai ser, uma grande merda.

Então de repente me vi pensando nele, me perguntando mais uma vez se ele sentia raiva de mim, se sentia mágoa ou se já havia de alguma forma me esquecido.

Eu nunca soube, mas pensar que ele talvez já tenha passado por isso e que já havia superado me fazia sentir raiva outra vez. Simplesmente não aceitava que ele poderia ter passado por isso tão rápido, que havia jogado nossos três anos e meio fora, simples assim, como se não fossem nada. Como eu disse, era um sentimento irracional, mas estava lá e era mais forte do que eu. Eu sentia toda aquela raiva e ressentimento com toda a intensidade, com todas as minhas forças.

Eu fui para o trabalho à tarde, quando se está de mal humor tudo se torna detestável, o tempo estava ruim, as pessoas estavam mais insuportável que o de costume, estava tudo um inferno.

HAPPIER | VhopeWhere stories live. Discover now