O erro

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Eu achava que era drama.

— Jungkook ... — ouço Hwasa me chamar, mas continuo de olhos fechados, na cama. — Levanta... por favorzinho... — pede baixinho, mas não me mexo. Antes de ontem, eu pensava que era balela, mentira, coisa da cabeça ou exagero. Eu lia os livros, via a reação dos personagens, mas não conseguia acreditar que ficassem assim por um coração partido. Mas... aparentemente, é tudo verdade. Você fica preguiçoso, sem vontade de conversar e, quando perguntam o que aconteceu, você se irrita, porque não quer responder. É assim que estou desde ontem à tarde. Já é noite, e não passou.

Não tinha pegado no celular até agora há pouco. Taehyung deixou mensagens. Aparentemente, Hoseok conseguiu chamar ele para um encontro, e ele foi. Mandou várias mensagens, pedindo minha ajuda e opinião. Tinha uma de bom dia da minha mãe e algumas de Jimin.

Ontem, ele mandou o endereço, falando que eu poderia ir na hora que quisesse lá, hoje, mas obviamente não vou nem que me paguem. Nem respondi nenhuma das mensagens. E eu nem sequer estou com raiva, apenas vergonha. Depois que o choque passou, não consigo parar de pensar na outra pessoa que também está sendo enganada. Eu me sinto péssimo por ter compactuado com isso, mesmo que sem saber.

— Jungkook, já passou da hora de jantar... Levanta e come... — Hwasa pede, sacudindo meu ombro devagar, e suspiro, negando com a cabeça, mas ela me sacode de novo. — Então, vem comigo.

— Não quero, Hwasa — respondo.

— Vem comigo agora ou eu nunca mais falo com você! — ela diz de repente, e arregalo os olhos. Ela não conseguiria cumprir algo assim, mas não quero regredir em nossa relação.

Suspiro profundamente antes de me mexer, me levantando e, assim que o faço, a menor apenas segura minha mão, passando a me puxar para fora do meu quarto, em direção ao seu.

— Hwasa, eu não quero brincar... — murmuro.

— E quem tá te chamando pra brincar? — responde e, quando acende a luz, vejo a barraca da Barbie montada.

Ela apenas me empurra para dentro, fechando a porta e voltando a me puxar, até que eu me abaixe e entre no pequeno abrigo, no qual minhas pernas ficam parcialmente para fora. Tudo está ajeitado, com dois travesseiros e um cobertor, além de um pacotinho de um lanche que bem sei ser meu. Ela o pega, abrindo, me oferecendo o pacote. Penso em recusar, mas sei que isso resultaria em choro e insistência, então apenas pego.

— É pra comer e dormir. Se quiser falar algum segredo, pode, é proibido falar sobre ele fora daqui. Se não quiser, só vai dormir — dita, engatinha para ajeitar as roupas da cama improvisada e vai se deitar.

Fico por alguns minutos ali, comendo sob sua supervisão. Essa pivetinha é inacreditável.

A garota rapidamente cai no sono depois disso. Eu até penso em ir embora, mas apenas apago as luzes, volto a entrar, me deito e cubro minhas pernas, que ficaram para fora, com a coberta, como posso. É horrível e apertado, mas especial. Não falo nada.

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É segunda, e eu encaro o quadro há um bom tempo. Tinha chegado cedo, embora não quisesse ter ido. Acho que esse é o drama de alguém de coração partido.

Quando todos começaram a entrar, eu soube que ele viria. Meu coração acelera por causa da expectativa e da indecisão sobre como me comportar.

— Boneca? — Engulo com dificuldade, olhando minimamente para o lado, mas não em seu rosto. — O que aconteceu? Por que você está...

— Sentando! Vamos, pessoal, a matéria está atrasada. Pros lugares — o professor diz.

Vejo que ele demora a obedecer, parecendo relutante, e apenas abaixo a cabeça, escutando a aula. No horário de almoço, me levanto depressa, me misturando aos outros estudantes e indo ao banheiro. Como nunca fiz isso antes, sei que ele não vai me achar ali. Só preciso fugir dele até encontrar Taehyung, que saberia o que fazer, já que ele é mais experiente. No fim do período, penso que é seguro sair, mas, para meu azar, Park está vindo pelos corredores e não tarda a me alcançar.

De pernas pro ar | REPOSTANDO CORRIGIDAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora