Almoço

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Duas semanas haviam se passado após a festa na fraternidade de Pepe. A amizade de Josh e Noah estava mais forte, mas os dois não ousaram mencionar a estranha troca de olhares que tiveram. Josh também se aproximara do grupo de Sofya, o que fez o garoto ficar mais relaxado em questão de amizades.

O temido primeiro dia de aula chegara e Josh estava uma pilha de nervos. Já Noah, era impossível estar mais calmo. Todos os primeiros dias de aula eram iguais, e não seria esse o diferente. Do que Noah realmente tinha receio era de encontrar o loiro. Desde a festa, ele tem se sentido diferente perto dele. É claro que Josh não percebia, mas a cabeça de Noah estava uma confusão. Ele não poderia ser gay, ou pode?

Como prometido, Urrea passou na casa de Josh para o buscar. Como nas últimas semanas os dois se encontraram bastante na casa dos Beauchamp, Noah já tinha a confiança de Ursula. O moreno buzinou assim que parou na frente da casa, e logo pôde ver um Josh apressado abrindo a porta.

—Calma, ainda faltam vinte minutos pras aulas começarem. — Noah ri, enquanto Josh se apressa em se arrumar no banco do passageiro.

—Eu sei, mas eu ainda não peguei meu horário.

—Como assim? Meu Deus Josh, tinha que ser você.

Noah foi o caminho todo acalmando o amigo que estava desesperado para saber como é a escola nova. Mesmo já tendo um número considerável de amigos, Josh não sabia se iria se encaixar ou se os garotos ainda iriam continuar andando com ele.

—Noah, posso te perguntar uma coisa? — Josh diz, enquanto eles esperavam na fila da secretaria.

—Já perguntou, mas eu deixo perguntar outra. — Noah sorri, esperando o que viria.

—Sofya me disse que vocês já foram amigos, mas se afastaram por causa do seu pai.

—Ah sim. — Noah abaixou o rosto, fazendo Josh se repreender.

—Desculpa, se não quiser falar sobre isso tudo bem.

—Eu realmente prefiro. — Noah sorri e é retribuído por Josh.

—Oi, vocês já chegaram! — Any aparece, abraçando Josh de lado.

—Oi Any! — Beauchamp beija a bochecha da cacheada. — A gente veio mais cedo porque eu ainda não peguei meu horário.

—Ai meu Deus!

—O que foi? — Any se solta de Josh e segura o rosto de Noah. — Você 'tá bem?

—'To sim! — Noah ri e se desvencilha das mãos de Any. — É que eu não sabia que vocês estavam juntos, mas deveria ter imaginado depois daquele beijo. — O moreno encara Josh, que logo revira os olhos.

—O que? — É a vez de Any começar a rir. — Nós não estamos juntos, a gente se beijou porque estávamos bêbados! Não conta pra ninguém, mas eu 'to afim da Joalin. — A garota sussurrou a segunda parte.

—Ah ta. — Noah não entendia o porquê, mas sentiu um grande alívio após escutar essa notícia. — Sempre achei que vocês duas combinam.

—Obrigada. — Any sorri envergonhada. — Ei, por que vocês não se sentam com a gente no almoço?

—Por mim pode ser. — Josh logo concorda com um sorriso, enquanto isso Any espera pela resposta de Noah.

—Bom, a Heyoon e a Sina vão sair para comer, é tradição de primeiro dia de aula delas. A Sabina vai se sentar com o time do futebol... não que eu não goste deles, mas não me sinto muito confortável. Ok, eu sento com vocês.

—Tudo isso pra ponderar se você deve se sentar com a gente ou não? — Any franze a testa.

—Any, por favor...

—Tudo bem. Não se esqueçam, as quartas nós usamos rosa. — A garota sai saltitando, deixando os meninos rindo para trás.

Noah sentia falta de andar com seus antigos amigos. Não é como se Sina, Heyoon e Sabina não fossem ótimas, pelo contrário. Mas é difícil ter que se afastar dos seus amigos de infância por questões religiosas.

Noah chegou em casa, mais uma vez exausto pelas brincadeiras na casa de Sofya, onde todos se encontravam nos finais de semana. O garoto só não imaginava que aquela seria a última vez que ele iria em uma dessas reuniões.

—Filho, ainda bem que chegou. Preciso falar com você. — O senhor Urrea estava sentado na cabeceira da mesa, e logo Noah se sentou ao lado dele.

—Sim, papai. Aconteceu alguma coisa?

—Sim, filho, aconteceu. Eu estou observando seus amigos e não acho que eles sejam a companhia certa para você. — Noah ficou paralisado, sabia o que estava prestes a acontecer. — Esse Krystian usando brincos e se comportando como uma garota, a Hina e a Any dizendo besteiras feministas e a Shivani com essas besteiras hindus. A única que salva é a Sofya.

—Mas papai, é o jeito deles. Eu prometo que vou continuar sendo quem eu sou.

—Ora filho, você é um menino de ouro, e é por isso que eu não posso deixar você perder essa essência. Por favor, se afaste deles.

Seis anos depois, Noah estava sentado na mesma mesa que seus antigos amigos. Todos botando as fofocas em dia, como Any diria. E agora tudo estava melhor ainda com Josh por perto. Noah não podia esperar para contar isso para Sina, Heyoon e Sabina, além disso, com um pouco de sorte, ele poderia contar para o seu pai e ele entenderia.

A tropa do barulho, como Shivani gostava de chamar o grupo, mesmo todos achando ridículo, nunca havia se magoado com Noah. Eles sabiam o que o pai do garoto falava em suas missas, não esperavam menos que isso vindo dele. Mas eles sentiam pena de Noah, não gostavam de ver o moreno crescendo em um lar como aquele.

—Noah, você 'tá bem? — Josh pergunta ao ver que o garoto ao seu lado estava um pouco aéreo.

—'To sim, só estava pensando em umas coisas.

—Tudo bem. — Josh sorri, e pela primeira vez, Noah sente algo diferente em seu peito. Algo que ele não saberia descrever, já que nunca havia sentido antes. Já Josh sabia perfeitamente o que era, e se via preso naquilo que tentou fugir por tantos anos.

ParentsWhere stories live. Discover now