Hollywood Arts

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—Posso saber aonde você estava? — Noah pôde ouvir a voz de seu pai assim que pisou em casa. — Até onde eu sei, você ainda está de castigo.

—Cadê a mamãe?

—Não interessa garoto, você me desobedeceu! — Mark empurra Noah contra a parede, o fazendo gemer de dor. — Você vai me falar onde estava, agora!

—Na casa do Josh, eu esqueci meu casaco! — O homem se afastou de Noah, abrindo espaço para o garoto respirar. — Agora eu posso saber onde a mamãe está?

—No quarto de visitas. Ela vai dormir lá enquanto defender a sua irmã.

Noah apenas ignora o pai e sobe correndo para ir de encontro à Wendy. Assim que ele entra no quarto, se depara com um ambiente escuro e a mulher adormecida entre as cobertas. Urrea, então, entra de fininho e se deita ao lado da mãe.

—Como foi? — O garoto se assusta com a voz da mais velha, já que achava que ela estava dormindo.

—O que?

—A sua primeira vez. — Noah olha assustado para Wendy, que o encarava.

—E-eu, eu não...

—Noah, está tudo bem. Eu não sou como seu pai, eu vou te aceitar do jeito que você é. — Wendy estica a mão e começa a acariciar o rosto do filho.

—Mas... Como você sabe?

—Sexto sentido de mãe. — A mulher ri, e Noah a acompanha.

—Eu não sabia que eu queria isso. Quer dizer, eu sabia que eu sentia algo por Josh, mas eu com certeza não faria nada em muito tempo. Mas, quando o papai disse aquilo, eu meio que senti a necessidade de ir atrás dele.

—Você gosta dele? Ou acha que é só atração física?

—Não sei, eu nunca me senti assim antes. Acho que eu sempre fui gay, mas nunca soube.

—Não se rotule agora querido, você ainda é muito jovem, ainda tem tempo de experimentar as coisas. Você deveria ir morar com a sua irmã, fugir de todas essas coisas que o seu pai faz.

—E te deixar sozinha com ele? Nem pensar.

—Eu estou casada com ele há vinte anos, pode ter certeza que eu sei me virar.

—Eu não vou te deixar sozinha, mãe. Nunca.

Noah se aconchega nos braços da mulher, que acaricia a cabeça do filho. Assim os dois adormecem, protegidos nos braços um do outro.

__________

Josh sentia o mesmo medo do primeiro dia de aula, mas dessa vez não era a pressão de ser o novo aluno. E dessa vez ele não tinha Noah ao seu lado para o acalmar. Na verdade, o motivo de todo o nervosismo era Noah.

Os dois não se falaram depois do que aconteceu. Noah não mandou mensagem, Josh não teve coragem de ligar. Por causa do castigo, Urrea não pôde sair junto com os amigos, e assim eles não se viram. A primeira comunicação deles depois do ocorrido seria na escola, e Josh percebe que aquilo seria inevitável assim que vê Noah junto com seus amigos.

—Oi Josh! Vem cá, eu tenho que te contar uma coisa. — Sina grita, tirando toda a atenção que o loiro tinha no moreno, mas chamando a atenção do moreno para o loiro.

—O que foi? — Josh se junta ao grupo, depositando toda sua atenção em Sina.

—Eu fui aceita na Hollywood Arts! Eu vou estudar dança lá.

—É sério? Meu Deus, parabéns. — O canadense abre um sorriso imenso, abraçando a amiga logo em seguida.

—A Heyoon, a Any e o Noah também estão tentando entrar lá. Você ainda pode mandar sua carta de aplicação, sabia? Imagina nós quatro morando juntos em Los Angeles?

—Não ia dar certo. — Josh escuta a voz de Noah pela primeira vez, o que o faz arrepiar.

—Noah e seus comentários pessimistas. — Heyoon revira os olhos.

—Mas é verdade. Aquela casa ia ser o próprio chiqueiro. A Sina comendo a comida da Any, a Any gritando com a Sina, a Heyoon mandando todo mundo calar a boca e eu e o Josh rindo da cara de vocês.

—Quem vai roubar minha comida? — Any aparece por trás de Josh.

—Any, eu consegui entra pra Hollywood Arts!

A conversa das garotas continuou fluindo, enquanto Noah e Josh se encaravam, sem coragem para falarem um com o outro. Isso até Urrea quebrar o contato e puxar Beauchamp para longe das meninas.

—Oi. — Noah encara o loiro.

—Oi. — Josh encara o moreno.

—Olha, sobre o que aconteceu sexta-feira, eu preciso conversar com você.

—Tudo bem, pode falar.

—A Linsey foi expulsa de casa por causa da sua sexualidade. Eu fui defendê-la e meu pai falou coisas horríveis pra mim.

—Eu sinto muito.

—Não é culpa sua. — Noah sorri fraco. — Desde que eu te conheci eu sentia algo diferente por você, eu não vou negar. Algo que eu nunca havia sentido antes e eu estava ainda mais confuso por ser um garoto. Eu precisava experimentar, entende?

—Claro que sim, eu também já passei por isso.

—Eu não quero que nossa amizade acabe, eu adoro ela. Mas eu não acho que a gente devia ter algo agora, eu não estou pronto.

—Eu também acho o mesmo. Só vamos fingir que aquilo nunca existiu, foi um sexo de amizade.

—Um sexo de amizade. — Os dois sorriram um para o outro e Noah se despediu, falando que tinha que ir resolver algo no clube de música.

"Pegar e não se apegar, pegar e não se apegar.", Josh continuava repetindo isso em seus pensamentos. Seu lema era esse, ele já estava totalmente acostumado com isso. E era completamente normal que Urrea também estivesse fazendo isso. Mas dessa vez era diferente. Talvez, Josh tinha se apegado.

ParentsWhere stories live. Discover now