3.3 Você me intriga

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David Mac Ran

Tem um mês que voltamos da viagem. Não aconteceu outro beijo. Mesmo eu querendo muito, aliás eu não quero só beijar Elisa, quero transar com ela a noite toda. Não foi falta de tentativas. Elisa desviou do assunto e eu também não tentei falar com ela. Chamei ela para sair diversas vezes, ela recusou todas, para cada dia ela tinha uma desculpa diferente.

Nesse meio tempo, coloquei um investigador para conseguir informações reais sobre a jovem que trabalha pra mim. Desde o seu estado civil, namorado, endereço, pai, mãe, irmãos, onde estuda, quantos ônibus pega, quem são seus amigos, o que come, onde compra suas roupas. Eu não sou de me enganar com as pessoas, meu senso de julgamento sempre foi apurado.

Apesar de estar atraído por Elisa eu tinha a certeza de que ela não era quem eu imaginava. Fiquei surpreso quando as informações do investigador chegaram até mim, a triste história que eu jurava ser uma mentira, era real. Elisa sustentava os irmãos mais jovens, o pai tinha um excelente salário, médico cirurgião, empresário e ex- combatente, ele deixou uma aplicação que garantiu a melhor escola onde ela estudou e os irmãos estudam. O dinheiro que saia da pensão deixada pelo homem era destinada a escola de acordo com o testamento eles só tem o direito de escolher o destino da empresa e do dinheiro que cresce em uma conta bancária quando o mais jovem completar maioridade.

A mãe seis meses depois da morte do pai, foi diagnosticada com câncer. Lutou arduamente até morrer alguns meses atrás. Triste. O dinheiro paga a escola, enquanto eles penam para viver todo o resto. O dinheiro deixado pelo seguro ficou no hospital, as prestações da casa estão muito atrasadas. A luz dela foi cortada por duas vezes só esse ano, assim como a água que parece ser cortada com mais frequência.

Talvez o homem não tenha pensado no valor que agregava os estudos de uma escola particular, o preço dos livros por exemplo. Elisa comprou os livros dos irmãos em um sebo no centro. Nos documentos, que recebi ainda tinha informações como os setenta mil que ela deve. Não há nada sobre um namorado há pelo menos três anos.

Sem namorado, sem pais, e com irmãos dos quais se sente responsável, a única fonte de alento de Eliza é minha irmã. E pelo que eu vejo, a garota muitas vezes não tem o que comer! Tenho que admitir ela é forte. Pela primeira vez penso em não demitir uma mulher depois de me divertir um pouco. Talvez eu só transfira para algum lugar onde não serei capaz de vê-la nunca mais.

Também não sou um completo desalmado, prova disso foi que mandei o RH, isso quer dizer minha irmã, que desse a ela um aumento. Principalmente depois que recebi uma reclamação nada conveniente da recepcionista, dizendo que Elisa tem comido todo o biscoito que fica na recepção. Segundo a garota " não tem um almoço que ela não ataque o pote de biscoitos."

Me admira ela não ter seguido pelo caminho fácil.

Também fiz um acordo com a minha irmã, para que Elisa tenha um almoço todos os dias - ela vai precisar de energia quando eu começar com ela - não quero que pareça que sou eu a oferecer qualquer coisa a ela, não quero que pense que eu sou bom ou nutra qualquer sentimento. Além do quê, por algum motivo sinto que ela não se sentirá bem em saber que eu sei de suas dificuldades.

Além disso quando lhe oferecer um acordo bom para ambos. Principalmente para mim eu não quero que ela confunda.

Entro na copa e Elisa está olhando para o piso como se esse fosse o lugar mais interessante no mundo. É hora do lanche e em todas as copas são distribuídos leite, café e pão. Elisa segura uma xícara provavelmente com café.

_O que você tem? - pergunto um tanto curioso.

_Eu... - ela só suspira e me dá um sorriso sem graça - estava pensando nos meus irmãos. Nada de mais!

_Eles aprontaram alguma? - pergunto para render a conversa.

_Não... - seu sorriso agora é verdadeiro e cheio de orgulho - eles não me dão trabalho, são estudiosos e responsáveis. É só que... - Ela parece derrotada agora - minha irmã pegou um trabalho de babá, eu não queria que ela fizesse isso. Ela tinha estudar sabe? Só estudar e não se preocupar...

Sem conseguir me conter eu passo a mão no seu rosto fazendo carinho. Elisa recebe meu toque de bom grado. Minha mão vai até sua nuca e volta, passo o polegar sobre seus lábios, estou louco para beijar-la novamente.

Minha outra mão encontra seu quadril e eu me inclino um pouco, ainda oferecendo um carinho ao seu rosto.

_Eu vou beijar você. - nem mesmo sei o porque de avisar, sei que ela também quer.

Me inclino e beijo os lábios devagar, passo um dos meus braços ao seu redor e o outro sustenta a mão que está atrás da nuca. Elisa se encaixa perfeitamente em em meus braços. Feita sobre medida para os meus desejos.

Escorrego meus lábios para seu pescoço, Elisa me recebe com um pequeno gemido capaz de criar o inferno em mim. Quando volto a beija-la é com desespero, um beijo quente e cheio de tesão. Elisa se perde no meu beijo. Droga de mulher que até sendo imperfeita parece perfeita. Volto para seu pescoço e mordo a pele sobre a clávicula.

_Elisa!? - minha irmã chama da recepção da minha sala.

Ela sorri tímida, abro caminho para que ela passe, respiro fundo ao ver ela cruzar a porta. Está calor ou sou que estou quente? Quando consigo me acalmar e arrumar a ereção gigante que se formou na minha calça eu saio da copa.

Iris está sentada em frente a mesa de Elisa se balançando em uma cadeira giratória. Quando seus olhos me encontram, uma acusação muda me é direcionada com o olhar, desvio meus olhos para o meu caminho e sinto que Íris me segue enquanto sigo até minha sala.

Ao contrário do que pensei Iris não veio até minha sala, ela se quer comentou o que provavelmente desconfiou ter acontecido. No fim da tarde, Elisa entrou na minha sala com documentos para serem assinados, ela não diz nada e age como se o beijo trocado na copa nunca tivesse acontecido. - a maldita se finge de sonsa.

_Você me intriga... - murmuro para ninguém assim que Elisa sai levando consigo os documentos assinados.

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Elisa (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora