[01]- Primeiro Estágio do Apocalipse; Dia Z.

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Depois de uma viagem turbulenta não há coisa melhor que que enfim sentir os pés no chão, se os homens pudessem voar teríamos asas, é o que Charles sempre diz. Meu estômago parece uma montanha russa que está subindo.

Desço com cuidado as escadas do avião, para não acabar caindo coisa que por ventura acontece sempre, e corro rapidamente em direção aos banheiros me trancando em uma das cabines. O cheiro não era dos melhores, parecia que alguém havia morrido ali e não tinha muito tempo.

Fecho o zíper da calça suspirando lento enquanto encaro a mancha escura no chão, alguém ferido perdeu muito sangue. Destravo a porta indo até a pia com balcão de mármore abrindo a torneira e rapidamente por causa do frio lavo minhas mãos com o sabonete que trouxe na mala. Minhas olheiras eram bem visíveis pela noite mal dormida no avião, aquelas poltronas me matam.

Saio do banheiro com cheiro putefro e saio do terminal sentindo o vento levemente frio bater contra minha face, assim que avisto um taxi faço sinal o vendo diminuir a velocidade e encostar na guia a minha frente, o homem rechonchudo e careca sorri abrindo a porta e me ajudando com as malas, permaneço em silêncio enquanto ele fala sobre o clima. Entro no banco traseiro colocando apenas um dos fones na orelha ligando a tela do celular vendo que a bateria era mínima, desligo o guardando dentro da bolsa bufando, encaro o homem dar partida.

- Para onde, moço? - pergunta coçando a careca e dando um sorriso pelo retrovisor.

- Para esse endereço, por favor! - me estico sobre o banco, lhe entregando o papel. - O senhor poderia ligar o rádio?

Pergunto me apertando no agasalho.

- Claro meu jovem. - com seus dedos roliços, o homem procura uma estação estável.

O rádio começa a chiar e enfim uma banda de heavy metal começa a tocar já no final, o homem muda de estação me fazendo lhe olhar torto. A voz de uma jornalista preenche o ambiente, ele aumentou o volume.

- Sob o comando do presidente, um toque de recolher será ponderado por toda a Coreia ainda não temos informações do por quê do subto ato e não temos muitas informações sobre o decreto. Todos deverão sair das ruas as exatas 19:30. O exército coreano foi acionado para vistoriar as ruas depois do toque...

Encaro a rua, vendo alguns polícias, bombeiros e os ditos soldados, ainda sem entender do por quê do rebuliço todo, estaríamos sobre ameaça de algum atentado terrorista?

A mulher no rádio continua, atraindo minha atenção.

-..."Eles tem total permissão do presidente e do tenente para atirar em qualquer indivíduo que quebrar as regras e representar uma ameaça." Isso é...absurdo! Eles não podem atirar em civis!

Se sequer a jornalista sabe, como alguém mais poderia saber? Mas isso me deixou perplexo, atirar em civis? Em que mundo vivemos?

- Ah, em que mundo vivemos, toque de recolher?, Uso autorizado de armas de fogo? Não é o mundo que corre o risco de acabar meu jovem, somos nós. - o motorista solta, fazendo um arrepio me circundar.

- O senhor sabe o que está acontecendo? - pergunto limpando as mãos suadas na calça.

- Infelizmente sei, é o fim do mundo.

Exatamente como eu havia imaginado, o velhote é maluco. Mas ainda sim, uma sensação de mal presságio toma meu ínfimo.

Após estacionar o táxi, rapidamente saio do carro carregando minha mala, bato a porta e me curvo diante da janela do motorista jogando o dinheiro no banco. Me viro encarando o vasto jardim na entrada da pequena casa cor de caramelo. Caminho lentamente pelos cascalhos, sentido o estômago revirar ao me aproximar da porta, lentamente levo o dedo até a campainha ouvindo o tilindar ridículo dos sinos.

Welcome to Hell • jjk + pjmWhere stories live. Discover now