Capitulo Um - Yoongi

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Odeio o inverno. O odeio com todo o meu ser, espacialmente quando não tenho sapatos para que cubram meus pés do gelo que sinto debaixo deles. Olhei meus dedos se congelando e amaldiçoei em voz baixa os idiotas que roubaram minhas botas. Que haviam me custado muito conseguir elas.

— Drogados malditos.

Uma coisa é certa, eu odeio os drogados tanto quanto odeio o inverno. Não poderiam conseguir suas próprias coisas por acaso? Por que não vendiam seus míseros pertences, no lugar de tomar o dos outros? Claro, como venderiam algo que não tem?

— Malditos. — digo de novo, enquanto começava a caminhar pelo chão congelado debaixo de meus, também, pés congelados.

Teria que andar, me por em movimento ou do contrário meus pés congelariam de verdade, porém acima de tudo, precisava de uns malditos sapatos logo. Qualquer um, me contentaria com qualquer um.

Caminhei pelas ruas lotadas de gente, que ao me ver iam para o outro lado, cobrindo seu nariz para não cheira o que segundo eles, seriam meu odor pestilento. Já estava acostumado com os olhares feios e o pouco interesse em alguém como eu.

Para a sociedade, eu era invisível e aqueles que me olhavam, fingiam não me ver.

— Malditos Hipócritas. — murmurei tremendo de frio, enquanto perambulava pelas ruas.

Como meu avô havia me dito uma vez, a sociedade é uma imundície, só vem por eles mesmo e esperam que os mais fracos morram para que os abutres o comam. Homem sábio, agora sei disso muito bem, pois desde sua morte, tenho que viver por mim mesmo e já vi com meus próprios olhos os bastardos mal nascidos que se ocultam atrás de uma máscara. Porém, eu sei, esses imbecis asquerosos são os abutres catadores da sociedade, tão imundos e pestilentes como se se podem imaginar. E logo dizem que eu sou o fedido.

Suspirei, expulsando esses pensamentos da minha cabeça, observei ao meu redor e atento, atravessei a rua; Entrei no amplo beco, sem demora, ele me levou a um mais estreito e com a rua menos movimentada.

Caminhei um pouco mais por aquelas ruas, até chegar a outras não tão bonitas, nem tão limpas. O cheiro de lixo, vômito, urina e fezes inundavam todo o local. Sim, definitivamente já não estava na zona dos postulantes transeuntes que se esquivam ao se encontrar de frente comigo.

Eu conheço este lugar muito bem, havia aprendido a me movimentar por ele. As mulheres de vida fácil já me conheciam, não pelo meu nome, porém ao me verem passar me comprimentavam ao invés de se esquivarem como as outras pessoas.

Olhei a minha esquerda e com nojo vi aos imbecis que roubaram minhas botas, porém, era óbvio que já haviam as trocado por alguma substância ilícita. Seus olhos inquietos e seus corpos tremendo me diziam isso.

Desviei meu olhar e continuei caminhando pela rua, pois já não valia a pena brigar por uma causa perdida, ou melhor dizendo, por umas botas que não recuperaria. Olhei ao meu redor de novo, ainda era cedo, porém, os motéis da morte ruim e os bares estavam vazios. Mas logo as pessoas chegariam, pois é sábado e só tinha que esperar a noite cair para que toda essa rua, agora deserta, fique agitada com festas, drogas e álcool. Isso significava que só me restava algumas horas para conseguir uns sapatos e sabia perfeitamente onde conseguir-los.

Alguns pensariam que eu sou um idiota por tentar roubar o bordel onde poderia perder a minha vida; eu, no entanto, pensava que era por uma boa causa. Minha causa. Além do mais, nunca estava cheio a essa hora, eu sabia, pois não era minha primeira visita a aquele lugar. Assim, confiante e também apressado, caminhei um pouco mais, até chegar à aquela rua. Atravessei a rua e de novo entrei em um beco.

Fui em silêncio e muito atento, meus olhos observavam todos os lados enquanto me aproximava. Então, cheguei a enorme porta negra que estava nos fundos do local. Sempre entrava por ali, inclusive era fácil, até demais, tinha que admitir. Seriam porque pensavam que ninguém roubariam pessoas como eles? Talvez, pois quem poderia estar maluco para roubar o dono de todos os locais dessa zona e que, além do mais, era um dos homens mais perigosos por aí? Se não, o mais perigoso.

Ojos Negros [yoonkook]Where stories live. Discover now