Ojos Negros [yoonkook]

Capitulo Treze

O momento mais feliz da minha infância eu vivi naquela casa. Tinha sido a primeira vez que convivia verdadeiramente com minha mãe. Nunca tinha tido uma relação íntima com ela, nunca, pois desde o momento em que nasci, meu avós tinham se responsabilizado por mim e por isso a minha ânsia por sentir o que era ter uma mãe sempre tinha estado ali.

Que me vestisse como uma menina tinha sido estranho no início. Porém, ela tinha me dito que logo eu me acostumaria e ela tinha razão, pouco depois, era algo normal para mim usar vestidos e laços no cabelo.

Ainda me lembro do meu primeiro vestido e também me lembro a primeira vez que vi o senhor Jeon Jungkook encostado na janela de seu quarto. Lembro de seus olhos grandes e negros, também de seu cenho franzido ao me olhar, lembro de minha surpresa ao ver ele sorrir para mim pela primeira vez e lembro também quantas vezes minha mãe me disse para me afastar dele.

— Ele está te cortejando porque quer te fazer coisas más, os homens são maus, Yooni, lembre-se disso. — tinha me dito sem pensar que eu também era um homem, ainda que usasse vestido. Porém não podia evitar procurar ele entre os grandes corredores daquela casa. Ele tinha algo que fazia eu me sentir feliz. Lembro de seus olhos quando me olhava enquanto acariciava meu cabelo e lembro quando ele me dizia que eu era adorável.

Sempre dizia isso, que eu era a coisa mais pitica* e adorável que ele já tinha visto. E por isso, quando minha mãe empacotou suas coisas e pegou, de modo furiosa, a minha mão para sairmos dali, senti vontade de chorar. Não queria ir embora e pelo que parecia, ela também não.

— É sua culpa, eu te disse para se afastar do neto do senhor da casa. — tinha me dito e essa foi a última coisa que escutei dela antes que me abandonasse de novo com meus avós.

Tempos depois, minha avó adoeceu e devido a isso, nós mudamos para um lugar ainda menor, o qual é minha atual casa. Meu avô procurou outro trabalho, um onde pudesse cuidar de mim e de minha avó doente. Porém, o salário não era bom.

Quando minha avó morreu, meu avô procurou um emprego novo, porém todos os diziam que ele estava velho demais. Pouco a pouco a fome e a pobreza foi piorando, até que finalmente meu avô adoeceu e morreu, me deixando completamente sozinho.

Levantei meu olhar e senti seus dedos limpar minhas lágrimas, enquanto eu o observava exitante. Como eu não tinha notado antes? Eram os mesmo olhos, o mesmo sorriso, era ele. Beijou minhas bochechas e, cuidadosamente, os meus lábios. De novo sorriu para mim e pouco a pouco se aproximou para me beijar mais uma vez. O fez com suavidade, sem morder desta vez. Senti seus lábios se curvarem em um sorriso e o escutei rir. Abri meus olhos curioso e ao fazê-lo o vi morder seu lábio inferior enquanto me olhava.

— Você continua sendo a coisinha mais bonita e adorável que eu já vi. — me disse e minhas bochechas ficaram quentes.

— Você não se importa que eu seja um menino? — perguntei com medo. Porém o seu sorriso e sua negativa com sua cabeça me trouxeram tranquilidade.

— Não me importo. — respondeu.

Nós voltamos a nos beijar e então, bem quando ele metia a sua língua em minha boca, a porta se abriu de uma vez. Vi em seguida como a expressão do senhor Jungkook ficou furiosa, ao mesmo tempo que olhava o indivíduo que entrava pela porta. Era o senhor Park Jimin.

— O que você está fazendo, Park? — grunhiu o senhor Jungkook e no instante pude ver como os olhos do senhor Jimin ficavam maiores pelo assombro.

Era óbvio que tinha visto a gente se beijar e, além do mais, eu estava de joelhos sobre o senhor Jungkook, que sem afastar seus olhos do senhor Jimin logo mudou a uma expressão mais preocupada.