Capítulo Cinco

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Estava esgotado, era cinco e quarenta da manhã e não podia tirar de minha cabeça o que aconteceu com o garoto. Seokjin havia saído com o menino pouco depois do que aconteceu, mas quando voltou estava furioso, pois pelo que parece, eu não era o único afetado pelo garoto.

— Não me venha com isso agora, maldito seja. — me gritou quando lhe disse que estava muito alterado. Mas era a verdade, parecia possuído por um demônio da ira. Inclusive Jimin havia nos deixado as sós no escritório do bordel. Estava certo de que seus gritos e maldições podiam ser escutados por cima da música que vinha do primeiro andar.

— Se acalme que eu não estou de bom humor. — lhe disse ao ver que não parava e que caminhava como um leão enjaulado de um lado para o outro.

— Não deixe que esse cara se aproxime de novo, Jungkook. — me exigiu, como se eu não quisesse o mesmo.

— Não fui eu quem o mandou para o andar de cima Seokjin. — lhe grunhi, estava perdendo a paciência.

— Oh, agora a culpa é minha! — gritou. — Se lembre do trato que fizemos, eu cuido da cozinha e de meus empregados, e você dos teus e seus sócios.

— Eu sei, eu as putas e você a cozinha, eu sei Seokjin. — disse, tentando acalmar meu amigo, porque ainda que me chamassem de demônio e diabo, ou qualquer outra definição de horror, estava certo de que não havia nada mais aterrorizador que ver Seokjin irritado.

O conhecia, sabia que sua amabilidade e seu sorriso não eram fáceis de corromper. Porém, quando isso acontecia era algo terrível. O vi respirar profundamente e quando por fim se sentou a minha frente, me disse:

— Não quer ver esse cara perto do Yoongi.

— Quem? — perguntei.

Ele levantou o olhar de suas mãos e me olhando seriamente, me respondeu:

— Yoongi, Min Yoongi, é assim que ele se chama, está me dizendo que não sabe o nome do garoto pelo qual quase mata um drogadinho ontem? 

Neste instante o fulminei com o olhar e sua expressão rapidamente se converteu para uma de diversão. Pelo que parece toda sua irá havia desaparecido.

— Ele te preocupa, não é? — me disse com um sorriso. — Minha pergunta é: por que?

Desviei meus olhos dele. Nem sequer eu sei o por que. Tinhas muitos porque's sem resposta. Por que quando soube que ele tinha desmaiado de fome pensei em deixá-lo encarregado por Seokjin? Por que quando o vi sendo golpeado na rua me senti tão furioso? Por que quando vi a mão de Seungri tocar o seu rosto me senti tão furioso? Seria porque se parecia com ela? 

Olhei seriamente para meu amigo e apenas respondi:

— Não me pergunte algo que nem sequer eu sei.



Havia me custado um inferno conciliar o sono. Ainda me sentia assustado. Tinha sido a voz mórbida daquele homem e o olhar obscuro do diabo senhor Jeon a minha frente. Era a primeira vez que pude ver seus olhos negros tão de perto, tão escuros e tão profundos como o seu a noite. Seria uma boa ideia voltar hoje? Não tinha certeza. Estava nervoso, eram quase três da tarde e sei que meus cálculos não estão errados, logo os senhores Ravi e Hoseok estariam aqui.

Olhei para minha esquerda, onde colocava as garrafas de água para beber, me limpar e cozinhar. Maldição, minha água está acabando. Me levantei do meu berço sem muito entusiasmo, pois ir costa acima para buscar água era o que eu mais odiava. Mas não tinha mais opção, pois pagar os serviços de água e eletricidade não era algo que eu tivesse conseguido fazer antes. Talvez agora sim poderia fazer com o salário que recebia trabalhando no bordel.

Ojos Negros [yoonkook]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora