09. Fim de ano, pensamentos obscuros e problemas paternais

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Meu corpo respondeu ao frio que o invadiu aos poucos assim que deixei o prédio de alojamentos, e era tentador não voltar correndo para me enfiar debaixo das cobertas novamente

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Meu corpo respondeu ao frio que o invadiu aos poucos assim que deixei o prédio de alojamentos, e era tentador não voltar correndo para me enfiar debaixo das cobertas novamente. Ouvi o barulho das solas dos meus sapatos cravarem na neve 一 um pouco mais escassa que no início do mês, mas ainda assim muito fofa 一 que, por vez, cobria o gramado.

Olhei ao redor, buscando um único foco momentâneo: Park Chanyeol. O garoto de cabelos azulados saiu tão depressa do quarto que nem consegui encontrá-lo no saguão para dar um abraço de despedida, assim como fiz com Sehun e Kyungsoo. Também os convidei para passar o Ano Novo lá em casa para não fazer desfeita futuramente caso soubessem que meu colega de quarto estava por lá, mas Sehun iria viajar para a casa da sua avó no próximo final de semana, e D.O, como ele mesmo disse, não estava nem um pouco interessado em passar o ano novo com quem ele já veria o ano inteiro, então, apenas trocamos números para manter contato durante essas semanas.

Poderia ter pedido um abraço para Park no quarto, mas não tinha certeza de como reagiria ao seu toque, principalmente vindo de um ato que costuma ser tão caloroso. Para ser sincero,  estava preocupado e fazendo de tudo para não dar indícios da atração que passei a sentir por ele. Era difícil lidar com algo que não tinha experiência, e claramente minhas bochechas não colaboravam quando estávamos próximos.

Estava distraído o suficiente acompanhando com os olhos todos os outros estudantes que saíam e entravam nos carros de seus familiares, já estacionados, para me assustar com o toque da buzina da SUV preta de meu padrasto. Praguejei baixinho, enquanto ajeitava as bolsas em meus braços para caminhar até o carro. Abri a porta e entrei, vendo que apenas Taehun e Jongdae estavam ali. Encarei Chen por alguns instantes, sentindo meu coração doer quando o vi evitar contato visual e fechar a expressão, cruzando os braços e bufando feito uma criança mimada.

Ficamos todos calados durante o trajeto. Taehun fez breves perguntas sobre o colégio, mas sabia bem a respeito do clima instável que estávamos e por isso preferiu não insistir muito.

Parou o carro somente quando chegamos à loja de ferramentas, chamada Hammer, e já era possível ver a fila que se formava na tenda independente que vendia pinheiros. Todos os anos, parávamos nesse mesmo local porque, segundo minha mãe, os pinheiros do Hammer exalam o cheiro do Natal. Meu padrasto saiu e Jongdae, para evitar ficar sozinho comigo, também desceu, mesmo mancando.

Se soubesse que iríamos ficar nessa situação, não teria deixado para conversar com ele quando chegássemos em casa e já teria ido ao seu dormitório tentar resolver muito antes, mesmo que, naquele momento, aquele não fosse o foco dos meus pensamentos. As palavras de Chanyeol voltaram como um soco em meu cérebro e a simplicidade de seu tom ainda me surpreendia.

"Às vezes é bom se conhecer, Byun. Se tocar, e tudo mais."

Minhas bochechas se aqueceram instantaneamente. Não acreditava que estava pensando naquela possibilidade até o solavanco do freio de mão anunciar que estávamos, desta vez, de frente à nossa casa. Saltei do carro, peguei minhas malas e segui para a porta já aberta por minha mãe, que enxugava as mãos em um pano de prato branco.

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