Capítulo 6

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Era época de festa de começo de ano, sim, festa de começo de ano. A Medusa sempre junto com a diretora planejavam essa festa com um intuito de integração de todos, alunos velhos com novos. Sempre achei besteira, no final de tudo era só mais um lugar para as duas serem coroadas rainhas do colégio.

Eu sempre ia junto do meu melhor amigo, porém já que o mesmo viajou, esse ano estou sozinha. Era quarta, e Medusa já estava colocando os cartazes para a festa no sábado. Cheguei ao colégio e lá estava ela, com sua farda vermelho, o cabelo azul preso e colando com a ajuda de outros colegas os cartazes em cada armário do colégio. São muitos armários, tem armário até nos banheiros, espero que ela não se canse.

- Aqui está o cartaz, meninas. O que acharam? - perguntou Medusa em voz alta para chamar a atenção de todos e das suas amigas - ou aminimigas: uma mistura sútil com amigas e inimigas - enquanto eu, João, Pietro e Katie chegavam à escola ao mesmo tempo.

- Será um sucesso, você irá ver! - gritou a aminimiga 1.

- Sempre é um sucesso! - exclamou a aminimiga 2.

- Elas são muito falsas, como a Maddison aguenta isso? - perguntou Katie, fazendo nós três virarmos para a mesma com cara de você sabe muito bem o porquê - Ah, a Maddison também é falsa.

Os quatro começaram a rir e ao mesmo tempo, Maddison e as falsas começaram a olhar para nós, fazendo a rainha vim até a nós.

- Meninos e Katie, vocês estão convidadissimos! - falou olhando para eles e ao final olhando para mim - A diretora mandou eu te dizer uma coisa.

- Fale.

- Olha que legal! Temos que visitar um asilo de velhos junto com a turma do segundo ano! Seremos mais ou menos os palhaços da visita! - disse debochando a cada palavra.

- Palhaços da visita? - perguntei sem entender nada e já com raiva de ter que ficar uma manhã com a Maddison e sem meus outros amigos.

- Sim, ela quer que nós nos vistamos de palhaços e irmos para lá, alegrar a vida dos pobrezinhos dos idosos. Coitados, mal sabem quem somos nós por detrás da maquiagem. Beijos para todos, e a visita é na próxima segunda - disse se afastando de todos nós, enquanto eu ainda estava com uma cara de nojo com relação a tudo aquilo.

- Não creio nisso - falei ainda chocada.

- Calma, tudo vai se resolver. Meu ex sempre dizia que o que ainda não se provou pode no final ser duas coisas: um -Ruim ou dois - boa, ou na maioria das vezes o três, ruim e boa ao mesmo tempo. Acho que a sua relação com a Medusa será assim, ruim e boa como o três. - disse Pietro abrindo sua mochila para checar se tinha levado tudo que precisaria no dia para a escola.

- Você é gay? - perguntou Katie surpresa.

- Bom, ontem eu te beijei, então sou bi. - respondeu Pietro.

- Eu já a conheço há anos! Minha relação com ela nunca será o três, e nem o um -digo enquanto ele fechava sua mochila e voltava a olhar para mim - E é sempre bom conhecer outro bi.

- Bis na área!

- Já que não temos aula agora, podemos conversar a sós lá perto do jardim? - perguntou João. Ao contrário do Pietro, o João não tinha me beijado na noite anterior, somente ficamos sozinhos, fizemos pipoca e comemos.

- Sim, sim, vamos - falei, toda desastrada. Não sei se gosto ou tenho sentimentos por João. Se tenho, estão começando a aflorar, não sei porque olho para ele e já sinto uma vontade imensa de estar com ele a cada minuto, só que sem o Pietro e a Katie.

Fomos nós dois para um local afastado das salas, um local cheio de árvores, bem parecido com um bosque só que artificial (já que não existe mais vida natural em nosso continente) e no meio da escola. Era algo que eu não gostava em nosso continente, Dalls Talls, não temos algo cem por cento naturais, já que em um passado as pessoas que obtiam estes recursos, destruíram tudo, e agora só há recursos artificiais. Queria poder sentir o cheiro verdadeiro do meio ambiente, e não um monte de flores sem cheiro, e de plástico.

Perto do bosque, tinha um casebre de madeira, em baixo de uma árvore linda, imensa, que sempre chamava a atenção de qualquer novato que entrava na escola. Aquela árvore poderia ser mais bonita, se não tivesse aquele casebre em baixo onde só havia um homem morando, um homem médio, negro, e que usava umas roupas esquisitas, se bem que sempre o vi com a mesma roupa, um pijama cinza, visualmente suado e um cabelo de dreads. Já tentei conversar com ele, mas nunca deu atenção pra ninguém, às pessoas falam que é porque o mesmo vive de favor na escola.

Eu e João sentamos debaixo de outra árvore, uma linda, cheia de folhas rosa e totalmente chamativas. Ficamos lado a lado, esperando qualquer um iniciar a conversa:

- Aqui é lindo né? - disse com vergonha.

- Serio que você me chamou para falar isso? - ri, mas ao mesmo tempo ficando com as bochechas vermelhas.

- Desculpa, não sei ser romântico, ou falar coisas românticas... - falou já todo vermelho.

- Não desculpo, pois faria o mesmo... E então, como você está?

- Bom, vamos logo ao ponto, eu quero te chamar para o baile, porém estou com vergonha, pois não faz nem uma semana que te conheço, e dois, porque aquele homem mora ali? - comentou apontando para o homem de dreads que tinha acabado de chegar e começava abrir a porta do casebre.

- Legal.

- Legal?

- Eu não sei o que dizer, nenhum menino nunca tinha me chamado para o baile, só meu amigo, mas bom é amigo, e aquele homem vive de favor aqui na escola, segundo algumas fofoqueiras.

- Estamos quites então, eu também nunca fui chamado.

- Então somos Virjões disso tudo. - disparei enquanto ele começava a rir e exibia seu lindo e largo sorriso, me fazendo ficar completamente perdida naquela cena, ele com sua boina em cima da barriga - tinha acabado de tirar-la - e exibindo seu cabelo raspado, também mostrando aquele sorriso e ao mesmo tempo, fechando os olhos. Ficamos parados por um momento rindo sem parar e nos admirando.

- Você aceita?

- Vou pensar. - levantei do local e fui em direção a porta que dava para as salas, virei e falei - Acho que hoje foi seu dia de sorte. Aceito. - viro e vou embora. Eu não estava acreditando naquilo, o menino por quem eu estava começando a gostar, tinha acabado de me chamar para ir ao baile, e com toda a certeza iria me beijar! Eu estava eufórica até encontrar Katie pelo corredor.

- Está pronta para ir à catormante e até que enfim descobrir quem é você de verdade?

VAMPAIAWhere stories live. Discover now