Capítulo 16

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Sinto um calor extremamente agradável, a luz Solar invade meus olhos antes mesmos de eu os abrir, sinto também que meus movimentos começam a voltar, meu pé aos poucos indo afundando em algo, minha mão se levantando e sentindo o algo que agora eu sabia exatamente como identificar: Era terra. Penso: Será que ainda estou no bosque do colégio? Porém não ouço nada, só o barulho do vento balançando as árvores.

Enfim abro meus olhos lentamente e vejo toda aquela cena: a terra toda preta, um solo humoso, e em sua volta várias árvores com folhas vermelhas. Tento me levantar tentando decifrar onde eu estava, porém só conseguia admirar toda aquela cena, até que parei e pensei: Estou em uma floresta de verdade? A emoção de estar em uma me invade, até que transporto de felicidade, ver uma floresta de verdade era tudo o que uma pessoa do meu continente queria. Abro o sorriso e sinto algo me espetar, olho para baixo e vejo que estou vestida com um vestido branco que vai até meus joelhos, estou descalça, abro para meu sorriso e sinto os dentes afiados. Penso com qual aparência estou, mas a onda de felicidade volta quando eu sinto cheiro de terra molhada, após o início da chuva. Grito de felicidade e começo a correr velozmente até um galho de uma árvore. A única parte boa de ser uma vampaia é correr rápido, sentir o vento agradável e conseguir se equilibrar em cima de um galho. Estou chocada, pois minha pele não está ardendo com a chuva, como em outros pesadelos.

No galho, fiquei imaginando como tudo aquilo parecia um sonho, e se fosse eu não queria sair dele. Até que escuto meu galho quebrar no meio e eu quase cair, até que a mão dela segura na minha. Quase caindo, e só impedida pela mão dela, a olho e vejo o seu cabelo longo e seu rosto maravilhoso, e tive a certeza de que era ela: Medusa.

- Da próxima vez tome cuidado! Você não me terá para sempre! - fala rindo.

- Pare de ser mandona e me puxe! - digo rindo, enquanto ela me puxa para o tronco que estava.

- Onde estamos? - pergunta, enquanto eu me acomodo no tronco, agora em uma posição de segurar, como se estivesse abraçando a árvore. Não quero mentir, estou amando abraçar a árvore.

- Em uma floresta de verdade! - Grito alegremente.

- Não estou entendendo nada, mas antes de tudo, vamos sair desta árvore, está me dando um nojo extremo! - Noto que Medusa está com o mesmo vestido branco do meu. Tento me jogar no chão, porém caio na direção de Medusa, que já estava no chão. Rolamos no chão e paramos perto da raiz enorme de outra árvore, até começarmos a rir. - Meu cabelo ficou uma merda!

Viro para ela e a vejo toda sorridente, suja de terra. Nunca achei que fosse ver a mesma sorrindo numa situação como essa. Ela me retribui o olhar, e me faz notar de que estou com terra em todos os lugares, começo a rir alto e ela me acompanha. Parece estarmos fazendo competição de quem está rindo mais alto. Olho para ela, e ela olha para mim, começo a me encostar, ela também, e adivinha? Beijarmos-nos. O beijo dela é tão bom, o toque, o cheiro de terra molhada em nós duas, mas nenhuma ligando para isso. Como eu quero que este beijo nunca acabe, até ouvir um grito.

Nós duas paramos de nos beijar, e olhamos para o local da onde veio o grito, e concluí o que não queria: Era de João. Levanto-me rapidamente e corro até o local onde o mesmo está deitado no chão. Ele está todo sujo de terra, vestido com uma roupa branca também, e igualmente descalço.

- João! O que te houve? Onde estava? - Grito indo até o local onde estava.

- Não sei de nada, não sei quem é você, porém me ajude! Ajude-me! Não estou conseguindo me movimentar! - Diz começando a chorar, e eu começo a ficar preocupada, como assim ele não se lembra de mim? Como nós três viemos parar aqui?

- Eu... Não sei o que fazer! - digo sentindo o desespero de João e começando a chorar, até que ouço Medusa chorando.

- Beije o. - Diz Medusa chorando.

- Não! Porque eu iria o beijar? - pergunto soluçando enquanto me viro para ela.

- Um beijo de um amor verdadeiro pode fazer-lo voltar a andar! Então somente o beije!

- Não! Não o amo!

- Beije o!

Depois do grito estridente de Medusa, decido beijar João. Olho novamente para ele e lá estava, chorando, porém quieto, me olhando como se já estivesse esperando pelo beijo. Até que me ajoelho na terra e o beijo. Sinto algo, algo que não consigo explicar, porém é algo ruim, até que termino de beijá-lo e ele começa a gritar muito, me desespero a ver o meu vestido escurecendo, olho para Medusa que acabou de virar pó, e vejo as árvores sendo cortadas, todas de uma vez, até sentir alguém me puxar.

- Eu sempre fui o vilão, eu sempre fui o chefe de todos, e agora você está comigo! - Diz João em meu ouvido, enquanto tento me mexer, mas não consigo, tento gritar mas o esforço é em vão, até que vejo várias sombras vindo em meu direção. Sombras dos Vampaias. Até que acordo e noto que estou amarrada.

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