Capítulo 14

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A cada dia que passava os treinamentos ficavam difíceis, ainda mais porque Carlos tinha colocado outra cama para Medusa dormir ao meu lado, e no primeiro treinamento, nós duas esbarramos várias vezes nas camas. Com a gente a cada dia ganhando a confiança do Carlos, nós poderíamos visitar alguns cômodos da casa além do banheiro, como um cômodo que deveria ser uma cozinha, mas parece ser somente uma sala com uma geladeira e um balcão, uma biblioteca toda empoeirada, e um quarto de tinta branca, a mesma cor que pintava todas as paredes, também tivemos mais um privilégio, poder ir ao banheiro sem ter que ir acompanhada do Carlos, que geralmente ficava na porta esperando.

Os treinos estavam intensivos, começamos a saber lutar com armas, com as armas de velas, com facas que possuíam um líquido verde nas pontas, treinamos fugas ensaiadas, como matar um vampaia e assim vai.

Hoje eu me cansei totalmente, só queria ficar sozinha, me vi no espelho e notei como minha aparência mudou, meu cabelo está todo cacheado, algumas partes lisas, mas ao todo ele está cacheado, tenho vastas olheiras já que estou dormindo muito, e meu rosto expressa algo que ninguém nota: Saudade do meu pai, saudade do seu carinho, do seu amor. Nunca tinha ficado tanto tempo sem vê-lo, e isso está me matando. Não tenho noção de horas, dias, só que passo o dia treinando e durmo a noite que nem uma pedra. Medusa entra no banheiro, que estava com a porta aberta e se olha no espelho.

- Estranho, somos vampiras, não deveríamos ter reflexo no espelho. - diz começando a rir sutilmente.

- Somos vampaias, então pelo menos ter reflexo no espelho teríamos que ter, para diferenciar dos outros vampiros. - digo rindo.

- Você acredita em vampiros? Exemplo, que existam outra espécie de vampaia que seriam como os vampiros? - pergunta Medusa parando de pentear seu cabelo e me olhando.

- Hoje em dia acredito até em duende. - digo, fazendo nós duas começarmos a rir. Medusa e eu viramos boas amigas, não acredito que isso esteja acontecendo, mas pelo menos é algo bom. - Medusa, acho maravilhoso estarmos começando uma relação de amizade.

- Sobre isso... - fala baixo, como se estive prestes a dizer algo decepcionante. - Eu sempre soube que você seria uma pessoa legal e por isso nunca quis estar perto de você. - disse, chegando perto de mim e me fazendo entender nada. - Laís, sou possessiva, ciumenta, você com toda a certeza ficaria com muita raiva de mim se me conhecesse melhor. Eu iria te querer só para mim e não iria te dividir com ninguém.

- Medusa, você tem que entender que amizade comum não deve ser uma relação de possessividade e sim de amor! - digo, segurando em sua mão.

-Eu sei, só que também não tinha só isso, na verdade isso é somente uma desculpa esparapada, porque eu não queria chegar perto de você, pois você fazia eu imaginar coisas, coisas que não seriam do agrado de todos, e só por não poder te dizer a verdade, eu te provocava cada vez mais.

- O que seria estas coisas? - pergunto, enquanto ela se aproxima e nos beijamos. Beijá-la foi totalmente confuso em minha cabeça, mas foi maravilhoso, sentir sua língua em minha boca, os toques que dávamos uma na pele da outra, a mão no cabelo, os corpos encostados, eu literalmente me senti nas nuvens, até ouvirmos os passos de Carlos se aproximando.

- Gente, preciso de ajuda! Tem um livro que contém mais informações sobre a pedra do colar da Laís. - diz nos olhando, enquanto já estávamos separadas. - Com estas informações poderíamos avançar nos estudos do controle vampaia.

- Maravilha! E onde está este livro? - pergunto.

- Isso é o problema, está na minha casinha na antiga escola de vocês, nem eu e nem vocês podem deixar esta casa por enquanto. Vocês pois seria muito arriscado e eu, pois tenho que proteger as armas e tudo o que tem aqui.

- Tive uma idéia! Sei de uma passagem secreta para ir até o bosque artificial da escola, poderíamos ir até lá! - diz Medusa empolgada.

- Estão loucas? Está fora de cogitação.

- Você precisa estar aqui! Nós não, já treinamos e tenho certeza que os vampaias não iram aparecer por lá. - diz.

- Confia na gente, será rápido e ainda pegamos o livro! - digo, dando olhadas disfarçadas para Medusa.

- Então vão, qualquer coisa me ligam, e peço gentilmente, tomem cuidado! Um passo errado e vocês morrem!

VAMPAIAWhere stories live. Discover now