onze

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Um novo dia começa, e junto com ele recebo ligações de meus pais procurando saber como eu estava, meu irmão pediu meu carro e eu obviamente neguei

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Um novo dia começa, e junto com ele recebo ligações de meus pais procurando saber como eu estava, meu irmão pediu meu carro e eu obviamente neguei. Uma coisa é emprestar quando estou na mesma cidade que ele, outra é emprestar estando em outro continente.

Totalmente fora de cogitação.

Arrumo meu vestido ao caminhar. O dia como sempre quente, no entanto, ventos vindo do mar tornava o tempo refrescante.

A casa estava vazia, eu não fazia idéia de onde estava todos. Até Luísa havia tomado chá de sumiço.

Entretanto, havia uma pessoa. Meu querido marido, como diz um papel, estava lavando sua caminhonete. Ao que parece desde anteontem ele não o fez, por dentro deveria estar sujo de tanta lama.

Me sento na escada da casa, observando. Não tenho absolutamente nada para eu fazer. A casa lá dentro estava limpa, ninguém aparentemente precisava da minha ajuda com algum arquivo perdido na empresa e, ao sairem de casa não se incomodaram de me acordar.

Eu não faço idéia de onde foram.

Levantei da escada caminhando na direção de Luke ensaboando a lateral da caminhonete. Ele usava sua habitual camiseta branca, agora molhada, e sua habitual calça jeans. Descalço, e sem seu chapéu.

- Quer ajuda? - pergunto

Ele nota minha presença, olha para a casa atrás de mim e depois volta a olhar para sua caminhonete.

- Imaginei que não tinha ninguém em casa.

- Parece que me esqueceram, foram para onde?

- Meus pais foram para Lisboa com Catarina e Rodrigo. Imagino que o restante tenha ido cavalgar.

Assinto, mesmo que ele não esteja vendo já que está concentrado em sua caminhonete preta.

- Ainda não me respondeu, quer ajuda? - repito

Ele voltou seu olhar para mim, sobrancelha erguida e uma expressão indecifrável. Ele não respondeu de imediato, ele abaixou e pegou outra esponja que estava jogada no chão.

- Pode começar pelo outro lado.

Eu dei a volta na caminhonete e comecei meu trabalho, ficamos em silêncio por minutos, até eu quebrar o silêncio e perguntar:

- Como a conheceu?

Ele ergueu seu olhar de encontro ao meu, apenas o veículo nos separando.

- Quem?

- Penélope.

- Por que a pergunta, esposa?

Dei de ombros concentrada no que fazia

- Curiosidade.

Ele demorou de responder, parecia escolher as palavras certas.

- Eu a conheci na corrida de cavalos, nós dois participamos.

- Catarina e Rodrigo também - digo

- Eu a conheci meses antes - deu de ombros - E o seu namorado?

- Meu namorado?

- No dia que você chegou aqui você me disse que tinha alguém.

Assinto cuidadosa

- Ele é fotógrafo da empresa que trabalho, e chefe de edições.

- Uau - Disse. Eu não consegui distinguir se estava zombando ou não. Ele veio para meu lado ensaboar a porta do motorista. Meus olhos se perderam em seus braços. - Se olhar muito é possível que seu namorado não goste.

Eu ri, negando com a cabeça

- Por que você gosta de zombar da minha vida?

- Como é? - olhou pra mim

- Minha carreira, meu namorado e meu dinheiro. Qualquer oportunidade que você tem, você zomba de tudo que eu conquistei.

Ele abaixou para pegar a mangueira que eu não tinha visto, ele ligou e começou a lavar o capô.

- E por que qualquer oportunidade de conversar comigo você fala dos malditos papéis? Estou surpreso de não ter dito hoje ainda.

- É só que eu não vejo motivo para você não assinar, você tem raiva de mim? faz isso para me maltratar?

Ele me encarou com uma expressão de quem não acreditava que eu disse isso.

- Não - respondeu

- Então qual o motivo?

- O motivo, Lily - virou pra mim - É que eu não tenho motivos para assinar.

Encarei ele, pasma

- Não estar juntos já é o suficiente.

- Esse é um motivo seu, eu quero o meu.

mordi o lábio inferior, essa conversa infelizmente não vai levar a absolutamente nada.

Ele jogou água dentro da caminhonete e fora, tirando qualquer índice de sujeira.

- Quando foi que a reformou? - pergunto olhando a caminhonete

Ele passou a língua pelos lábios, os olhos brilhando por alguns segundos.

- Achei que não tinha reconhecido.

- Reconheci pelo barulho do motor.

- Reformei em janeiro de 2014. O dinheiro na fazenda e na venda de pesca estava rendendo.

- Comprou aquela casa também? - pergunto para a surpresa dele. Apontei para à casa a distância, essa casa que em 2012 estava completamente velha e se possível, abandonada. Hoje estava bonita, pintada de branco e bem cuidada.

- Como sabe?

- Eu o vi entrando lá ontem a noite, e como eu não te vejo muito pela casa dos seus pais eu imaginei.

- Comprei e reformei.

- Você conquistou muitas coisas, Luke - Eu Digo olhando para ele - fico feliz por você.

Ele ficou parado, olhando o sabão em suas mãos. Pensativo.

- E eu sou egoísta o bastante por não estar feliz por você.

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