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A visão de Liena permanecia embaçada quando voltou a abrir os olhos, tendo que se apoiar na parede gelada ao seu lado, esperando que seu corpo se recuperasse da viagem antes de dar o primeiro passo

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A visão de Liena permanecia embaçada quando voltou a abrir os olhos, tendo que se apoiar na parede gelada ao seu lado, esperando que seu corpo se recuperasse da viagem antes de dar o primeiro passo. Sua boca estava seca, suas pernas trêmulas e a tontura começava a diminuir gradativamente.

Ah, como ela odiava aquela sensação! Eram míseros segundos que sempre a faziam odiar aquele trabalho. Mas, nada que não passasse.

Ao respirar fundo, agoniada por ter que esperar seu corpo se restabelecer, correu a mão pelo pescoço, encontrando o pingente de seu colar em formato de coração já desgastado.

Se ela estivesse certa, não tinha muito tempo para agir e cada segundo precioso que passava, aumentava as chances de um final desastroso. E essa era uma das vezes que Liena torcia para estar errada.

Seu estômago roncou de fome e ela revirou os olhos, estarrecida por ninguém ter descoberto um meio de que seu corpo não gastar tanta energia ao saltar no tempo. Haviam muitas coisas mais importantes naquele momento do que pensar em comida, só que sabia se não encontrasse algo para ingerir o quanto antes, acabaria colocando tanto a missão como ela em perigo.

Erguendo a cabeça em determinação, se lembrando das instruções que recebera antes de partir, ela saiu daquele banheiro esquisito abrindo a porta de supetão, assustando o rapaz que estava sentado no meio da gigante cama de dossel que se preparava para comer o desjejum.
Cada um dos móveis rústicos em madeira reluzente, o papel de parede com desenhos vívidos, os detalhes folhados a ouro e as grossas cortinas em tom de vinho que combinavam com a roupa de cama, confirmava que ela estava no lugar certo.

O jovem rapaz era idêntico aos quadros que ela via constantemente pendurado em uma das paredes desgastadas do mausoléu que a Sociedade se reunia secretamente. O modo como ele a olhava indignado, com seus olhos semicerrados ao manter uma das sobrancelhas arqueadas lhe deu calafrios.

Sem se deixar abater, Liena ergueu a barra daquele vestido velho que pinicava por toda a sua pele e atravessou o quarto rapidamente, parando em frente ao rapaz que mantinha seus olhos focados nelas sem entender o que estava acontecendo. Em completo silêncio ela bateu na mão do rapaz, jogando para longe o biscoito de açúcar que ele segurava próximo a boca.

Mais um segundo e tudo teria acabado.

"Quem é você?", o rapaz perguntou indignado pela atitude grosseira. "Como ousa interrompeu meu dejejum?"

Em vez de respondê-lo, Liena pegou a bandeja de prata que estava sobre as pernas dele, bufando ao ver outros biscoitos de açúcar.

"Hei, estou falando com você!", o rapaz bradou ao se levantar, mostrando sua camisola levemente amarelada que o deixava ainda mais pálido.

"E eu estou tentando salvar a sua vida!", ela respondeu ao jogar os biscoitos no chão, esmagando cada um deles com o solado de suas botas, deixando um rastro de migalhas sobre o tapete tão antigo.

"De alguns míseros biscoitos?", o rapaz questionou ainda mais irritado com a situação.

"Eles estavam envenenados." Liena respondeu sem lhe dar devida atenção, arrastando as migalhas com os pés debaixo da cama.

"Eu vou chamar os guardas." Ele anunciou se dirigindo à porta.

"Eu não faria isso, Alteza." Ela declarou se interpondo entre ele e a porta. "No momento em que Vossa Alteza abrir aquela porta, os guardas terminarão o serviço daqueles simples biscoitos."

O jovem rapaz, alguns centímetros mais baixo que Liena, cerrou o cenho sem desviar o olhar dela, intrigado com aquela história.

"Quem ousaria fazer uma coisa dessa?", ele indagou balançando levemente a cabeça com dificuldade de acreditar nela.

"Eu tenho uma longa lista que o deixaria perturbado, mas nós não temos tempo para isso." Ela declarou abrindo os fechos nas costas de seu vestido, causando espanto no rapaz ao deixa-lo cair, revelando sua segunda muda de roupas que era composta por uma larga camisa branca e uma calça justa onde uma espada estava embainhada. "Sempre detestei ter que me vestir a caráter." Ela reclamou chutando o vestido para o lado.

O rapaz deu um passo para trás levantando a mão em frente ao corpo, mostrando que queria distância de Liena, deixando evidente seu pânico com o que estava acontecendo. Respirando fundo em busca de palavras que pudessem fazê-lo acreditar nela, o barulho de passos no correr e a conversa alta entre os guardas deixaram claro que o tempo estava esgotando.

Liena olhou a sua volta em busca de um modo fácil de fuga, se deparando com as largas janelas que mostravam a neve caindo delicadamente sobre o telhado, temendo a escolha que estava prestes a fazer.

Com o tilintar de chaves na porta, ela pegou o grosso casaco de pele que estava jogado sobre a poltrona e segurou fortemente o braço do rapaz, o puxando em direção a janela.

"Eu não vou com você!", ele protestou sem se mover.

"Se Vossa Alteza pretende estar vivo durante a ceia de natal, eu não vejo escolha melhor." Ela disse seriamente.

Assim, ela o soltou e abriu a janela sentindo o ar gelado inundar o cômodo e os flocos de neve começarem a se acumular sobre o sofá ao subir nele. As vozes no corredor se transformaram em um discussão acalorada quando ela estendeu a mão para o Príncipe, aquele a quem ela tinha que salvar.

"Você vem?", ela perguntou por educação, sabendo que teria que levá-lo a força caso se negasse. E para o seu alívio, ele se aproximou quando a maçaneta foi virada as presas, aceitando ajuda para atravessar a janela.

Liena não teve tempo de fechar a janela para não deixar rastro antes que a porta se abrisse em um baque. Ela ajudou o príncipe a andar sobre o telhado escorregadio, escondendo-o na lateral da janela que era de pedra larga, tampando a boca dele por precaução.

"Aonde ele está?", escutaram perguntar dentro do quarto. "Ele não deve ter ido muito longe, ainda mais com o tempo desse jeito."

"Achem o Príncipe!" Outro bradou próximo a janela, fazendo Liena fechar os olhos. "E matem-no!"

1018 palavras.

**Hello Folks! A cá estou eu com outro conto, pois estou deixando toda a minha criatividade fluir e esse conto durou gritando na minha cabeça ontem pela tarde

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**Hello Folks! A cá estou eu com outro conto, pois estou deixando toda a minha criatividade fluir e esse conto durou gritando na minha cabeça ontem pela tarde. Liena já tinha tomado forma e ficou me importunando para colocar no papel sua pequena história. Eu previ cinco capítulos de mais ou menos mil palavras para ele e estou torcendo para ficar dentro disso. Como disse na nota, faz tempo que penso em uma história com esse tema e desse desafio veio a calhar. Sou meio suspeita pra dizer, já que sou viciada em viagem no tempo. E uma que está me deixando quase doida é Dark da Netflix, não deixem de assistir! Deixem seu votinho e digam o que acabaram desse primeiro capítulo. Qualquer opinião é sempre bem vinda! Beijos e desligo.**

A Sociedade do Coração Flamejante (Completo)Where stories live. Discover now