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Pov's Dahyun

- Ei! Por que aquela garota saiu correndo daqui? - Mark disse com uma expressão confusa.

- Ela me acha estranha por tentar ajudar ela e ter salvado a vida dela, talvez tenha raiva também, não sei direito... - remexi a comida que estava no prato, sem vontade de comer.

- Mas... você já havia conhecido ela em algum outro lugar? - Mark pergunta e eu nego - Conhece algum parente dela? - neguei novamente - Dah! Você trouxe uma estranha pra minha casa?!

- Xiiuuu! - pensei em algo - Espera... - eu poderia ajudar aquela garota, mas dessa vez não seria eu e sim o Mark. Sorri pro maior e ele ficou todo confuso não entendendo nada.

- Que foi? - serrei os olhos pra ele ainda com o sorriso no rosto - Aaaa não! Não! Nananina não! Nem vem!

- Aaah Markinho puifaa - fiz biquinho.

- Dahyun para com isso demônio! Não faz essa carinha de cachorro sem dono! - ele tentava me empurrar com as mãos e eu intensifiquei a expressão - Mano, tu é gay?!

- Eu não sei... - olhei pro nada como se estivesse pensando e Mark começou a rir.

- Mas a Dah num era gay? - disse entre risos.

- Tu que é! - dessa vez eu dei um empurrão nele fazendo ele cair no chão. Ri dele e o maior se encontrava quase sem fôlego de tanto rir

- Caramba, vocês parecem duas crianças! - uma voz familiar soa pela casa e olhamos pra ter certeza de quem pertencia aquela voz.

Mano... É A GAROTA LOIRA! É eu não sei o nome dela.

- Olha, só voltei porque tô sem as chaves de casa e sem paciência pra ir na droga da delegacia. - suspirou colocando a mão na cabeça - Mas amanhã pela tarde eu vou embora ok?

Eu e Mark não conseguíamos acreditar nos nossos próprios olhos.

- Aonde é o banheiro? Preciso lavar meu rosto...

- Ata, é seguindo esse corredor na terceira porta. - o mais velho alí presente se pronuncia.

- Obrigada. - a loira se retira da sala.

- Eu não tô acreditando que ela voltou! - sussurrei.

- E você acha que eu tô como? Tem uma estranha na minha casa! - após a frase dei um tapa no mais velho - Aai!

- Pelo oque eu sei, ela não tem família, mas não sei se ela falou aquilo pelos pais dela terem morrido ou por ela não aceitar os pais dela como uma família...

- Dah, você precisa se resolver com os seus pais. - o maior diz e me faz lembrar da situação em que vivo.

- Eu não vou falar sobre isso agora, mas, você sabe muito bem que se eles me amassem como dizem, não teriam me expulsado de casa!

Me retiro da sala seguindo para o quarto, passo pela moça de cabelos loiros sem fazer contato e fecho a porta.

Tocar no meu relacionamento com meus pais é algo sensível pra mim. Detesto o fato deles não serem verdadeiros comigo e com muitas outras pessoas, de quererem me tornar algo que não sou e que não quero ser.

Se a definição de "duas caras" fosse meus pais estaria tudo certo. Sempre mostram ser "Os perfeitos" pros seus amigos de classe alta. Não vou mentir que tenho nojo por eles serem assim.

As pessoas só conseguem ver o lado externo da maçã, onde está um vermelho vivo e brilhante, mas eu sei o quão podre é por dentro.

Pov's Sana

Fui até o dono da casa que agora estava na sala, deitado no sofá com o celular entre as duas mãos.

Assim que cheguei ele ficou olhando de soslaio.

- Oque aconteceu com... - apontei pra direção em que a moça estava e ele entendeu.

- Aah - ele se senta no sofá - Acho que só ela pode te dizer sobre, e se ela quiser contar. - um silêncio se instalou durante alguns segundos - Qual é o seu nome?

De primeira não queria falar, até porque não conheço ele, mas ele não me conhece e eu estou na casa dele...

- Minatozaki Sana.

- Japonesa? - assenti - aah, prazer, eu sou o Mark. - deu um sorriso grande, e pra falar a verdade, ele é bem bonito.

É certo que mal conheço ele, mas nunca deixei de apreciar uma boa obra de arte.

- Você comeu algo hoje? Se quiser eu posso preparar.

- Na verdade não estou com fome, então não precisa.

- Tem certeza? - dessa vez ele se levanta do sofá.

- Tenho sim, pode continuar o que seja que você estava fazendo no celular. - Mark pegou o celular e continuou.

Mas ainda não entendi o porque daquela garota estar daquele jeito... Sim, sou um tanto curiosa, por mais que as vezes eu seja bastante fria ainda me importo com os outros.

Mesmo que eu não conheça, e nunca tenha visto a pessoa, eu acabo ajudando. Talvez aquela garota tenha o mesmo em mente... a final ela me "ajudou" na noite anterior.

Eu ainda estava em pé na sala olhando pro nada.

- Mark... - o mesmo tirou o celular da frente do rosto e me olhou. - Qual o nome dela?

- Kim Dahyun.

- Vou lá falar com ela. - ele me olhou surpreso.

- Certeza de que você quer fazer isso? - assenti e segui em direção ao quarto.

Abri a porta, sem bater mesmo, não sabia se ela iria querer abrir se eu fosse educada.

A menor se encontrava chorando contra o travesseiro, seus suspiros eram longos e altos, parecia procurar algo para se acalmar, mas era em vão.

Me aproximei da cama em que ela se encontrava e me sentei ao seu lado.

Dei um longo suspiro antes de contar tudo.

- Quando eu era mais nova, a minha família era uma bagunça, meu pai bebia e traía a minha mãe com outras mulheres, a minha mãe sofria com isso, então ela se dopava pra esquecer, mas não funcionava. - respirei fundo tentando controlar as lágrimas e Dahyun fungava mas continuava me ouvindo - Sempre que meu pai voltava pra casa eles tinham uma briga, e nenhum dos dois saiam sem um machucado novo, todos eram bem feios e chegavam a deixar cicatrizes. Pouco tempo depois meu pai descobriu que tinha câncer mas já era muito grave pra tratar, minha mãe estava grávida e teve meu irmão...

- Eles estão bem agora? - a menor me interrompe

- No lugar que eles estão agora, a dor não existe. - sorri e finalmente uma lágrima escorre pelo meu rosto.

- Meus pêsames... - falou baixo.

- Tudo bem, pelo menos eles e meu irmão não irão mais sofrer.

Starting Over~•° ×SaiDa×Onde histórias criam vida. Descubra agora