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Pov's Dahyun

- Então foi por isso que ontem você... - ela assentiu. - Aaaa...

Ela me disse que ontem sua mãe foi violentada e ela viu toda a cena. O que é terrível. Se eu estivesse no lugar dela também faria o mesmo, mas eu fui a pessoa em que a interrompeu.

- E você Dahyun - disse limpando as poucas lágrimas que desciam pelo seu rosto e... como ela sabe meu nome?! Eu ainda nem sei o dela - por que todas essas lágrimas?

Não queria falar sobre, até porque sempre acabo chorando, mas decide desabafar.

- Eu venho de uma família rica, o que é bom até certo ponto. Meus pais são pessoas "boas" diante de alguns olhares, mas isso tudo não passa de uma ilusão. Na frente de seus amigos me tratavam como a coisa mais importante do mundo, mas em casa era ao contrário. Me agrediram por não querer assumir a empresa, dizem que o meu sonho é besteira e que não vou chegar à lugar algum com ele. - apertei meus olhos com força.

- Se você quiser parar, não terá problema. - a mais velha passa a mão pelos fios que estavam sobre meu rosto os retirando da frente dos meus olhos.

- Tudo bem, eu preciso continuar. - ergui a cabeça e prossegui - Ontem nós brigamos feio, porque meus pais "descobriram" que eu sou "bi" - fiz aspas no ar enfatizando as palavras. - E eles são totalmente contra a homossexualidade. Mas eu disse que não era algo que eu tinha certeza, por que realmente não tenho certeza sobre isso. Porém não adiantou, já queriam me tirar de casa antes por não querer tomar conta da empresa e querer seguir meus sonhos, então aquilo foi algo a mais pra eles me expulsarem... Dói muito ter que lembrar que cada "Te amo" vindo dos mesmos não passou de uma grande mentira, assim como as suas vidas. - mais lágrimas foram caindo e minha voz ficou trêmula - Por mais que fossem assim, eu gostava deles, sempre me esforcei pra não os decepcionar ou algo do tipo, mas acho que o que mais importa pra eles é o dinheiro e a própria pele.

Minha garganta ardia por tentar controlar o choro, assim me sentindo pior.

- Ei, tudo bem chorar, não se prenda isso vai ser pior. - a de cabelos claros acariciava as minha costas enquanto eu só sabia chorar.

Minha maior vontade no momento foi gritar, mas não me restava mais forças para fazer isso.

Eu queria poder ter um relacionamento bom com os meus pais, mas infelizmente não podemos ter tudo oque queremos.

Se eu já tentei mudar e me encaixar na forma que eles fizeram? Até tentei, mas vi que só estava me destruindo por dentro, não adianta fazer eles felizes se você não aguenta o peso. Uma hora você e todo esse peso irão cair e quem sairá machucado é você, e se você conseguir sair apenas machucado.

Aos poucos fui parando de chorar, se não parasse eu passaria a tarde toda ali.

Eu tentava secar as lágrimas com as mãos mas era em vão, então a loira que ali estava estendeu a manga do moletom que usava.

Olhei para a moça de cabelos claros e ela tem um sorriso lindo, que acabou me fazendo sorrir minimamente.

- Aah, esqueci de me apresentar - a moça interrompe os meus pensamentos - Meu nome é Minatozaki Sana, pode me chamar de Sana.

- Prazer, sou Dahyun, como você já sabe, mas pode me chamar de Dah.

A porta se abre devagar logo revelando o rosto de Mark.

- Desculpa interromper a conversa de vocês, mas, estão vendendo sorvete por apenas 2 reais! E é aqui perto! - dava pra perceber a euforia de Mark, ja que o mesmo ama sorvete.

Olhei para Sana e a mesma deu um sorriso mínimo pela idéia de Mark. Seguimos até o local onde havia a promoção.

Depois de tomar o sorvete decidimos ir pra praçinha que tinha ali perto e ficar conversando e se conhecendo melhor.

Apesar de tudo o dia está lindo, eu simplesmente amo a natureza e o seu som, é como um calmante pra mim.

O clima entre nós três estava bom também, Sana não se abria muito, mas vi que ela tentava fazer isso. Deve sentir muito a falta dos pais...

Pov's Sana

Uma semana depois


Eu estou surtando e não é brincadeira. De vez enquando tenho algumas crises e isso é terrível, tenho que me isolar das pessoas para não preocupa-las, mas também não posso ficar sozinha pra não fazer nenhuma merda.

Não é algo que controlo, algumas crises são frequentes, algumas são leves já outras bem pesadas a ponto de me deixar sem controle e sem noção do que estou fazendo no momento.

Assim como o dia do meu quase suicídio e também como agora. Já havia feito alguns cortes em meu pulso, muito deles bem profundos.

Ouço algumas batidas na porta e algumas pessoas chamando o meu nome.

- Sana! Abra a porta!

Talvez já soubessem que eu não estava bem, por ter trancado tudo.

Ao mesmo tempo em que eu tentava impedir de colocar a faca sobre meu pulso esquerdo, eu também tentava me mutilar fortemente.

Eu só quero que essa dor pare de uma vez! É pedir demais? Talvez seja, mas porque tem que ser assim? Porque não fui eu quem morri em vez dos meus pais?

É notório a falta que eles fazem, e eu tento ser forte, não é mimimi assim como muitas pessoas têm jogado na minha cara. Eu me esforço pra continuar, mas parece que isso só está me matando por dentro, não sei mais quem eu sou! A Minatozaki Sana de antes não existe.

Puxo a faca que estava pressionada contra o meu pulso e mais um corte foi feito. Mas tem muito sangue, não era pra isso acontecer.

Começo a ficar com a visão turva, o sangue continuava derramando e eu não conseguia me mexer, estava tudo girando.
Caí no chão e me encostei no balcão ao meu lado.

- Dahyun...

Starting Over~•° ×SaiDa×Where stories live. Discover now