77 - Giulya.

21.6K 1.7K 273
                                    


Eu cheguei em casa pistola, me arrumei correndo e pedi um uber, não vou chorar por algo que eu nem sei se é verídico, aqui tem muito disso, muita gente mentindo pra criar inferno, mas se foi isso mesmo, saberei.

Entrei no uber e fui quietinha até chegar na entrada na favela, não avisei nada à ele e nem quero que ninguém saiba, meu coração tá na mão, sempre fui muita clara em tudo que liga ao Riquelme, sempre falei pra ele, me trair, vai trair uma vez só, pra nunca mais.

Desci e fui de moto táxi até a casa, tava tudo fechado, quando entrei um ódio tão grande começou a me tomar, vontade de quebrar tudo, o caráter do Riquelme é SUJO e eu sei disso, sei que se tá rolando boato é por atitudes dele mesmo.

- Caralho garota, tá doidona? Que susto! - ele apareceu na sala só de bermuda, olhei bem o corpo dele, nada, nenhum arranhão, nada, ele tava normal.

- Vim buscar o resto das minhas coisas! - falei respirando fundo, a vontade de chorar já me tomando, ele continuou parado na porta do quarto

- Oh Giulya? Tu largou nós de mão mermo? Papo reto? - segurou meu braço quando eu tentei passar por ele - Qual foi cara? Fala comigo po  ‐ pediu todo carinhoso

- Você não me merece! - a cara dele fechou - Vai atrás da piranha que você tava no baile ontem - ele ficou pálido, SAFADO, DESGRAÇADO.

- Que piranha? Quem te deu esse papo aí? Qual foi? Ta maluca? - falou sério aproximando o rosto do meu

- Ninguém deu não Riquelme! Tá todo mundo comentando, me admirar VOCÊ - aumentei a história, ele negou - Ainda tem coragem de dizer que sente minha falta né? Tu é muito sujo!- fiz cara de nojo

- Tá me confundindo você? Tava com ninguém não garota - me soltou sério, me encarando bem próximo, como se fosse me engolir a qualquer momento - Tu tá dando um papo que tu nem sabe se é verdade, me botando como moleque! - eu ri debochada, coração acelerado

- Você tá mentindo pra você mesmo, não sei como você foi capaz de fazer isso COMIGO, eu NÃO SEI - continuei o joguinho, agora eu já gritava e ele ficava cada vez mais vermelho - Eu sou 10/10 contigo, SEMPRE joguei limpo, me admirar VOCÊ ser safado à esse ponto - ele me interrompeu

- EU NÃO PEGUEI ELA PORRA! - gritou batendo a mão na parede - Não peguei porra! Meti o pé com ela do baile mermo, mas eu não peguei po, quer bater de frente comigo, jae, mas apura teus papos, bate com um bagulho que tu tenha CERTEZA, tá aí falando por que foram envenenar tua cabeça - me pressionou, gelei

- Você tá assumindo que ia trair Riquelme? Meu Deus, não é possível, eu sabia que uma hora ou outra você ia fazer isso - meus olhos arderam e as lágrimas já desciam, desespero, medo e ódio -Você é sujo cara! Por isso NINGUÉM para contigo, tá vendo? Tu não valoriza ninguém - ele desviou o olhar do meu

- Eu não fiz valeu? Não fiz po, passou pela minha cabeça mas eu não fiz entendeu? - neguei com a cabeça - Cara, sou louco por você porra, tu tá falando vários bagulhos nada a ver, qual foi Giulya? Nunca te baguncei, sempre agi na pureza - fechei os olhos, as lágrimas desciam com mais força

- Acabou! Agora é definitivo, se você acha que me falando essas coisas eu vou fechar os olhos para uma quase traição, você tá errado! - ele se afastou e eu abri os olhos, ele tava louco.

- Tu gosta de me fazer de otário po, sempre gostou - gritou andando pela sala - Não te entendo porra, te dou tudo, te trouxe comigo pra cá, tudo do bom e do melhor, tá ligado? Te encho de ouro, prata e tem VÁRIAS, VÁRIAS querendo a moral que tu tem! - jogou o boné no sofá - Nosso rolo sempre foi mais do que ouro e prata, sempre fui paradão na tua, agora tu querendo me pisar por um bagulho que EU NEM FIZ é querer me fazer de otário - me olhou sério - Tu tá com outro? Dá o papo reto, fica inventando desculpa, quem é o cara, eu conheço? - perguntou

- Para de ficar me dando homens cara! EU NÃO TENHO NINGUÉM - suspirei exausta, cabeça latejando já - Eu nunca quis te fazer de otário e sempre valorizei nosso relacionamento, por mais que tenha sido pouco tempo - tomei coragem pra dizer e passei a mão no rosto e ele se aproximou mais

- Tu não vai me deixar valeu? Não vai po, eu NÃO ACEITO - me pressionou na parede de novo - Sou bobão não, tu é minha mulher, qual foi porra! Para com esses papos aí, tô cansadão dessa porra! Quero mais brigar não Giulya, última forma - encostou a testa na minha e fechou os olhos

Fechei os olhos e respirei fundo sentindo o perfume dele, ódio de mim mesma por me ver presa nisso por mais que minhas palavras sejam ACABOU, meu coração diz que não, Deus tem que me dar muita força e me ajudar a enxergar se é isso mesmo, se meu destino é esse.

*Não esqueça seu fav e seu comentário.

Delírios - Livro 1. Onde histórias criam vida. Descubra agora